Dimensões (cm): Alt. 100 x Diâm. (reservat)25; (cupula) 22,5
Descrição: Lâmpadas constituídas por receptáculo em forma de cúpula invertida dividida em quatro registos separados por meia cana lisa, sustentada por seis aletas seguras por 12 parafusos em forma de pináculos e coberta por cúpula encimada por dois registos. Ao centro, suspensa por seis correntes, um anel circular alteado. O receptáculo é rematado por balaústre liso e moldurado encimado por pinha e arandela ondulada. O primeiro registo é composto por um nó de godrões; o segundo por um nó de acantos; o terceiro, convexo tem uma decoração de acantos e folhagem enterlaçada; o quarto apresenta um friso de flores envolvidas por entrelaçado de folhagem e rematado por filetes. O bordo do receptáculo e o bordo da cúpula apresentam seis saliências quadrangulares onde atarracham as aletas. Estas são compostas na parte inferior por grande crescente e por cariatídes encimadas por crescente menor onde assenta a cabeça de um querubim. A parte superior constituída por uma linha vertical é decorada com cachos de uva e ramos de flores e pequeno crescente. Têm soldada uma pequena argola destinada a segurar cada uma das correntes de prata que sustentam a base da lamparina, decorada com ovados incisos junto ao bordo e recortado de volutas e acantos na parte inferior.
A cúpula divide-se em quatro registos separados por meia cana: o primeiro, junto ao bordo, compõe-se de flores e enterlaçado; o segundo e o terceiro combinam acantos com folhagem enterlaçada e, por fim, o quarto apresenta um friso de godrões.
Construtivamente a lâmpada de azeite organiza-se sobre o vaso que estiliza um formato periforme de golas prenunciadas e pequenas cintas godronadas. Vaso que, em simetria, se repete mas invertido para formar a tampa e fazer nascer a argola de suspensão. Já na parte inferior o remate faz por roseta e por bolota com pequeno balaústre.
Os presentes exemplares seguem o modelo da lâmpada do Museu de Arte Sacra da Universidade de Coimbra, datada de 1597.
Origem/Historial: Destinada a assinalar a presença do Santíssimo Sacramento, o uso da lâmpada, que arde dia e noite na capela, estabeleceu-se no séc. XIII em alusão à definição patrística da Eucaristia como luz do mundo, regra ainda hoje com validade.
José Júlio Rodrigues refere-as no seu livro "O Paço Episcopal": "Duas lâmpadas de prata. Altura I metro. Seis quartellas ornamentadas com cabeças de seraphins, uvas e flores ligam a cupula a base, terminada por orandello e pingente. Fins do sec. XVI ou principios do sec XVII", entre as peças que recolheram ao Paço, por "morte da última freira do Mosteiro em 1906" (RODRIGUES, 1908, 28).
No "Cadastro dos bens do domínio público do Museu Regional de Lamego" de 1940, a lâmpada é mencionada no nº 161: "Duas lâmpadas de prata cinzelada, medindo cada uma 1 metro de altura. Pesam as duas 13 K. 12.000$00".
Incorporação: (conventos extintos) Convento das Chagas, Lamego
Bibliografia
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RODRIGUES, José Júlio - O Paço Episcopal de Lamego. Porto: 1908
Triomphe du Baroque: Europalia'91, 1991
Exposições
Retrospectiva de Arte Ornamental Portuguesa e Hespanhola