Vaso

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: AN.845
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Cerâmica
• Autor: Autor desconhecido
• Dimensões (cm): Alt. 51 x Diâm. 25,5
• Descrição: Vaso em barro branco representando uma figura antropomórfica. A peça é constituída por uma base convexa, corpo ovóide estreitando a meia altura, e colo tronco-cónico no qual figura uma cabeça humana, terminando num bordo de recorte plano. Junto à base são visíveis dois destaques semicirculares simétricos. A peça exibe, na metade superior do corpo, duas faixas semicirculares de tom branco sujo que representam os membros superiores. Das faixas partem dois segmentos em barro semicirculares fixos acima da zona dos olhos, que figuram as mãos. A cabeça é composta por dois olhos circulares em relevo destacados com cor roxa, encimados por uma linha angular delimitada de um dos lados por traços, que representa as sobrancelhas. O nariz é de formato triangular e a boca é definida por um rasgo. As orelhas são de formato semicircular. A cabeça exibe, na parte detrás, uma asa semicircular disposta na vertical, da qual pende uma figura antropomórfica em miniatura. A peça e os motivos decorativos são pintados de tom roxo, excepto a base, os membros superiores e a cabeça, nos quais apresenta o tom branco sujo do barro. O corpo é decorado, a meia altura, com uma faixa transversal preenchida com uma linha em ziguezague, linhas onduladas e círculos concêntricos. As mãos são ornamentadas com linhas rectas paralelas encimadas por triângulos que exibem no interior círculos concêntricos. No rosto o nariz apresenta traços longitudinais, as faces exibem rectângulos longitudinais, e a boca é ladeada por dois círculos concêntricos. O topo da cabeça é ornamentado por três faixas transversais paralelas. A primeira prolonga-se até às costas da figura formando um rectângulo. Esta faixa é preenchida com linhas onduladas transversais e linhas de pontos. No rectângulo figuram linhas de triângulos intercaladas por linhas pontos e linhas de quadrados preenchidos com pontos. A segunda faixa é pintada de roxo. A terceira apresenta linhas onduladas oblíquas ladeadas por círculos concêntricos. A pintura foi aplicada antes da cozedura.
• Origem/Historial: Nota informativa sobre a constituição da Colecção Victor Bandeira: Em 1964/65 Victor Bandeira e Françoise Carel Bandeira, incentivados por Jorge Dias e Ernesto Veiga de Oliveira, e com o apoio do Centro de Estudos de Antropologia Cultural de Junta de Investigações do Ultramar e das autoridades brasileiras, empreenderam uma expedição à selva amazónica, com o objectivo de conhecer, por experiência e participação efectiva, as formas de comportamento, a cultura material e imaterial, os rituais, os ritos e as artes, dos grupos indígenas que habitavam nessa região. Durante a sua estada no terreno, o casal Bandeira, percorreu várias regiões do Brasil, Equador, Peru e Colômbia, e contactou com diferentes grupos de índios. Dessa investigação resultou uma extensa colecção de artefactos que documenta e exprime de um modo perfeito e completo todos os aspectos da vida e das concepções, dos ritos e da criação plástica dos vários grupos com quem estabeleceram relações, inúmeros registo visuais e sonoros, e um vasto conhecimento teórico sobre a vida, a cultura e arte dos ameríndios do Brasil. Esta colecção foi apresentada ao público em Outubro de 1966 nos Salões da Sociedade de Belas Artes de Lisboa, sob o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Embaixada do Brasil. Em 1969 a colecção é adquirida pelo então Ministério do Ultramar, com a participação financeira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação da Casa de Bragança e de alguns particulares devotados, a fim de ser entregue e incorporada no património do Museu Nacional de Etnologia. A colecção, constituída por cerca de 745 peças, abrange todas as classes de artefactos.