Lucerna
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AN.847
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Ritual
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Dimensões (cm): Comp. 8 x Alt. 5,4
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Descrição: Lucerna em pedra de cor verde escura com manchas, representando uma alpaca.
A peça é constituída por uma base e corpo quadrangulares, e uma cauda cónica.
No pescoço destacam-se três saliências rectangulares sobrepostas e de dimensões decrescentes.
A cabeça do animal é composta por duas orelhas semicirculares, uma secção rectangular que representa a zona dos olhos, e um focinho quadrangular que exibe uma linha recta entalhada que figura a boca.
O dorso do animal apresenta um orifício cilíndrico no qual seria colocado um pavio de lã de alpaca e sebo, para acender.
Na base é visível uma etiqueta rectangular de papel branco colada, que exibe o número 19 a vermelho.
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Origem/Historial: Segundo informações contidas na ficha manual esta peça da cultura Inca seria utilizada em certos rituais agrícolas. E ainda hoje os índios no momento das tosquias das alpacas, desenterram os K'onopa que haviam sido enterrados no ano anterior sob a soleira da porta da casa (para protecção desta). Coloca-se o pavio de lã e sebo na covinha do dorso e acende-se. No final da festa enterram-se de novo os K'onopa. O objectivo da festa é promover a fertilidade das alpacas e das searas.
Nota informativa sobre a constituição da Colecção Victor Bandeira:
Em 1964/65 Victor Bandeira e Françoise Carel Bandeira, incentivados por Jorge Dias e Ernesto Veiga de Oliveira, e com o apoio do Centro de Estudos de Antropologia Cultural de Junta de Investigações do Ultramar e das autoridades brasileiras, empreenderam uma expedição à selva amazónica, com o objectivo de conhecer, por experiência e participação efectiva, as formas de comportamento, a cultura material e imaterial, os rituais, os ritos e as artes, dos grupos indígenas que habitavam nessa região.
Durante a sua estada no terreno, o casal Bandeira, percorreu várias regiões do Brasil, Equador, Peru e Colômbia, e contactou com diferentes grupos de índios.
Dessa investigação resultou uma extensa colecção de artefactos que documenta e exprime de um modo perfeito e completo todos os aspectos da vida e das concepções, dos ritos e da criação plástica dos vários grupos com quem estabeleceram relações, inúmeros registo visuais e sonoros, e um vasto conhecimento teórico sobre a vida, a cultura e arte dos ameríndios do Brasil.
Esta colecção foi apresentada ao público em Outubro de 1966 nos Salões da Sociedade de Belas Artes de Lisboa, sob o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Embaixada do Brasil.
Em 1969 a colecção é adquirida pelo então Ministério do Ultramar, com a participação financeira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação da Casa de Bragança e de alguns particulares devotados, a fim de ser entregue e incorporada no património do Museu Nacional de Etnologia.
A colecção, constituída por cerca de 745 peças, abrange todas as classes de artefactos.
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Incorporação: Anterior proprietário: Desconhecido
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Bibliografia
- KROEBER, A. L. - "Arte indígena da América do Sul" in Suma Etnológica Brasileira, 3º vol. Petrópolis: Vozes/FINEP, 1986
- WILLEY, Gordon R. - "Cerâmica" in Suma Etnológica Brasileira, 2º vol. Petrópolis: Vozes/FINEP, 1986