Boneca

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: AG.907
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Actividades lúdicas
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 20
• Dimensões (cm): Alt. 27,3
• Descrição: Boneca constituída por uma semente de duplo bojo, de formato esferóide. O bojo inferior, de maior dimensão, apresenta-se envolvido por um pano, que por sua vez se encontra encoberto por um conjunto de dois saiotes, uma saia e um fio, elementos amarrados no estrangulamento dos bojos. O pano que envolve o bojo inferior, é feito de um tecido branco com um padrão geométrico de linhas verticais e horizontais azuis, formando quadrados, amarrado por um fio de plástico azul, encoberto pela dobra do tecido. Os dois saiotes que se encontram sobre este pano ostentam diferentes padrões. Partindo do bojo inferior para a saia, o primeiro é feito de um tecido azul claro pontuado por um motivo floral a laranja, amarelo, castanho e azul escuro. Apresenta-se amarrado por um fio de plástico azul e acaba numa bainha cosida à mão a linha branca. O segundo saiote é feito de um tecido com um padrão geométrico de filas de quadrados diagonais. Estes quadrados são compostos por um motivo floral central a rosa, vermelho e verde, envolvido por um fino quadrado a azul escuro, que por sua vez é circunscrito por uma borda branca, que é delimitada por uma borda azul. O saiote apresenta uma abertura longitudinal em toda a sua extensão, e é amarrado por um fio de tecido branco e vermelho, encoberto pela dobra de tecido, e visível na zona do nó, acabando numa bainha feita à máquina a linha creme. A saia é feita de dois pedaços de diferentes panos cosidos longitudinalmente à máquina a linha azul, apresentando uma abertura longitudinal em toda a sua extensão. Ambos apresentam um padrão listado verticalmente, sendo que o de cima alterna entre as cores azul, creme, vermelha e verde e o de baixo alterna entre as cores creme, vermelha e azul. A saia é amarrada por um fio de tecido creme com círculos vermelhos, encoberto no cós franzido, visível na zona do nó e com as extremidades pendentes. A saia termina com uma bainha feita à máquina a linha azul. Amarrado também no estrangulamento dos bojos surge ainda um fio de cor rosa, constituído por dois conjuntos de fios enrolados e queimados na ponta, com as extremidades pendentes. O fio é mais comprido que a saia e lembra um colar. O bojo superior representa a cabeça. Apresenta um pano branco, que a recobre parcialmente, lembrando um lenço, amarrado no estrangulamento dos bojos entre o pano que envolve o bojo inferior e o primeiro saiote. A semente apresenta a cor castanha escura e textura brilhante. Diâmetro do bojo superior: 6,6 cm Altura da saia: 22,4 cm Altura da bainha da saia: 1,5 cm Altura do colar de fio: 37 cm
• Origem/Historial: A colecção de bonecas kwanyama consiste em 18 bonecas de tipologia semente, e duas bonecas com uma tipologia mais antropomorfa. Todas elas foram colectadas por António Carreira, em contexto de Missões de Prospecção de Material Etnográfico dirigidas pelo Museu de Etnologia do Ultramar, efectuadas entre 1965 e 1969. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas carolo de milho, bonecas "mwila" e bonecas mwila de barro). Nas fichas de inventário todas as bonecas kwanyama colectadas por António Carreira referem amuleto de fertilidade como função. Em 1966, Carreira anexa a seguinte informação: "Bonecas feitas com frutos silvestres granulares, usados pelas raparigas solteiras como amuletos de fecundidade. Estas bonecas também estão em franco desaparecimento. As raparigas novas depois de emigrarem já não acreditam na eficácia deste amuleto." (Etiqueta da peça AG.853) "Estas bonecas são usadas por raparigas solteiras, e por casadas até ao nascimento do primeiro filho. O fruto empregado chama-se Dunga, da árvore Mulunga. " (Ficha de inventário da peça AG.853) A ficha de inventário remete para a boneca AG.853.