Boneca

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: AG.848
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Actividades lúdicas
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 20
• Dimensões (cm): Alt. 17, 5
• Descrição: Boneca constituída por uma semente de duplo bojo, de formato esferóide. O bojo inferior, de maior dimensão, apresenta-se envolvido por um pano, que por sua vez se encontra encoberto por um conjunto de quatro saiotes e uma saia, elementos amarrados no estrangulamento dos bojos. O pano que envolve o bojo inferior é feito de um tecido listado, alternando entre as cores azul, branca, verde e vermelha e é amarrado por um fio branco. Os quatro saiotes que se encontram sobre este pano ostentam diferentes padrões. Partindo do bojo inferior para a saia, o primeiro saiote é feito de um tecido com listas verticais, onde alternam listas com motivos florais com listas com motivos geométricos, intercalando dois conjuntos, um de cores amarela, cinzenta e branca, e outro rosa, cinzenta e branca. É amarrado por um fio do mesmo tecido, que se encontra encoberto no cós e visível na zona do nó. O segundo saiote é feito de um tecido com listas horizontais de larguras várias, alternando entre as cores azul, vermelha e rosa, acabando numa barra feita de um outro tecido também ele listado horizontalmente, alternando entre as cores branca e preta. É amarrado por um fio azul, verde e amarelo, que se encontra encoberto no cós e visível na zona do nó. A barra é cosida à mão a linha preta. O terceiro é feito de um tecido igual ao do pano que recobre o bojo inferior, apresentando já as cores envelhecidas. Encontra-se preso à semente pelo franzido do cós. O saiote acaba com uma bainha parcial feita à mão a linha vermelha. O quarto saiote é composto por dois panos diferentes e independentes. Um dos panos é feito de um tecido creme com motivos geométricos e florais com as cores azul, vermelha e verde, e é amarrado por um fio branco, que se encontra encoberto no cós e visível na parte onde termina o tecido. O saiote acaba numa bainha cosida à máquina a linha branca. O outro pano é branco, e é amarrado por um fio da mesma cor, que se encontra encoberto no cós e visível na parte onde termina o tecido. A saia é feita de um tecido com listas verticais, de larguras várias, e alternando entre as cores vermelha, azul, branca e verde. É amarrada por um elástico branco, encoberto no cós, visível na zona do nó, e com as extremidades pendentes, tendo as pontas mais longas que a altura da saia. Esta termina com uma bainha feita à mão a linha branca. O bojo superior representa a cabeça. Lateralmente, apresenta uma zona desprovida de casca polida. A semente apresenta a cor castanha escura e textura brilhante. Diâmetro do bojo superior: 6,1 cm Altura da saia: 13,3 cm Altura da bainha da saia: 3,2 cm
• Origem/Historial: A colecção de bonecas kwanyama consiste em 18 bonecas de tipologia semente, e duas bonecas com uma tipologia mais antropomorfa. Todas elas foram colectadas por António Carreira, em contexto de Missões de Prospecção de Material Etnográfico dirigidas pelo Museu de Etnologia do Ultramar, efectuadas entre 1965 e 1969. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas carolo de milho, bonecas "mwila" e bonecas mwila de barro). Nas fichas de inventário todas as bonecas kwanyama colectadas por António Carreira referem amuleto de fertilidade como função. Em 1966, Carreira anexa a seguinte informação: "Bonecas feitas com frutos silvestres granulares, usados pelas raparigas solteiras como amuletos de fecundidade. Estas bonecas também estão em franco desaparecimento. As raparigas novas depois de emigrarem já não acreditam na eficácia deste amuleto." (Etiqueta da peça AG.853) "Estas bonecas são usadas por raparigas solteiras, e por casadas até ao nascimento do primeiro filho. O fruto empregado chama-se Dunga, da árvore Mulunga. " (Ficha de inventário da peça AG.853) A ficha de inventário remete para a boneca AG.853. Refere também que a boneca foi colectada em Sá da Bandeira, actual Lubango.