Bonecas (par)
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AV.839
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Actividades lúdicas
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: Século 20
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Dimensões (cm): Alt. 9,8 x Larg. 3,3
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Descrição: Bonecas de formato cilindriforme, constituídas por um carolo de milho. Ambas as peças são guarnecidas na extremidade inferior com destaques em carolo de milho, que fazem de nádegas, encobertos por panos. Na extremidade oposta apresentam-se parcialmente revestidas de cera preta, figurando os seios e penteado.
A base da boneca de maiores dimensões encontra-se enchida com um pano branco. Apresenta, como nádegas, dois destaques cilindriformes de c...
Ver maisarolo de milho com fragmentos de cera preta, amarrados ao corpo da boneca por um fio de fibras vegetais. Encobrindo-os, apresenta-se um pano creme, dobrado sobre um fio de fibras vegetais. Na parte frontal da boneca um outro pano no mesmo tecido encontra-se também dobrado sobre o mesmo fio. Na parte superior dos dois panos surge um outro do mesmo tecido, envolvendo o tronco da boneca. Este pano apresenta também na parte superior, um fio de tecido creme que o envolve. A vestimenta da boneca representa o traje tradicional do grupo a que pertence.
Mais acima surge duas saliências semi-esféricas em cera preta, figurando os seios.
A extremidade superior da boneca é encimada por um revestimento em cera preta, definindo a cabeça da mesma. Este revestimento envolve a cabeça toda e apresenta uma forma em crista. À altura da testa, surge um fio de tecido branco envolvendo a cabeça, e figurando uma testeira. O revestimento em cera preta representa um penteado tradicional do grupo a que pertence.
A boneca de menores dimensões apresenta, como nádegas, dois destaques semi-ovóides de carolo de milho com fragmentos de cera preta, amarrados ao corpo da boneca por um fio de fibras vegetais. Encobrindo-os, apresenta-se um pano creme, dobrado sobre um fio de fibras vegetais. Na parte frontal da boneca um outro pano no mesmo tecido, franzido encontra-se preso pelo mesmo fio. A vestimenta da boneca representa o traje tradicional do grupo a que pertence.
Mais acima surge duas saliências semi-esféricas em cera preta, figurando os seios. Nas costas, a boneca apresenta-se coberta por uma camada de cera preta.
A extremidade superior da boneca é encimada por um revestimento em cera preta, definindo a cabeça da mesma. Este revestimento envolve a cabeça toda. À altura da testa, surge um fio de tecido branco envolvendo a cabeça, e figurando uma testeira. O revestimento em cera preta representa um penteado tradicional do grupo a que pertence.
Altura da boneca de maiores dimensões: 9,8 cm
Largura máxima da boneca de maiores dimensões (sem os panos): 3,3 cm
Altura da boneca de menores dimensões: 6,6 cm
Largura máxima da boneca de menores dimensões (sem os panos): 2,7 cm. Fechar
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Origem/Historial: A colecção de bonecas com uma tipologia de carolo de milho consiste em 19 objectos, tendo sido adquiridos por diferentes colectores em diferentes contextos. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas kwanyama, bonecas "mwila e bonecas mwila de barro).
Carlos Medeiros adquiriu seis bonecas no sudoeste angolano, quatro das quais pertencentes à tipologia car...
Ver maisolo de milho, e as outras duas pertencentes à tipologia "mwila". Estas peças foram colectadas em contexto de trabalho de campo para a sua tese de doutoramento pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas do Ultramar, efectuado em 1970-1.
As quatro bonecas foram colectadas em 1971, e provêem de duas diferentes tribos:
três bonecas pertencem aos kwandu (Medeiros, 1972: 25, contextualiza esta tribo como tendo uma origem diversificada, onde alguns elementos descendem da tribo himba, grupo herero e outros provenientes do Jau, zona de influência da tribo mwila, grupo nyaneka-humbi); e uma boneca pertence aos munda (Medeiros, 1972, contextualiza esta tribo como tendo fortes influências da tribo mwila, grupo nyaneka-humbi).
FONTE: Medeiros, Carlos, 1972, Vakwandu: Análise de uma Vivência, Lisboa: ISCSPU, Universidade Técnica de Lisboa.
Todas as bonecas foram feitas por raparigas pequenas, e referem brinquedo como a sua função.
Informação constante na ficha de inventário: "Foram encontradas num "curral" de brincar, e as pequenitas disseram ser os filhos delas. O penteado em bivaque é normal em crianças cuando."
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Bibliografia
- BASTIN, Marie-Louise - Escultura angolana. Memorial de culturas. Lisboa: MNE, 1994
- BAUMANN, Hermann; Beatrx Heintze - Die Ethnographische Sammlung aus Südwest-Angola im Museum von Dundo, Angola (1954). Katalog/A Colecção Etnográfica do Sudoeste de Angola no Museu do Dundo, Angola (1954). Catálogo. Koln: Rudiger Koppe Verlag, 2002
- CAMERON, Elisabeth - "Corpos futuros: as bonecas do Sudoeste Angolano" in: Na Presença dos Espíritos: Arte Africana do Museu Nacional de Etnologia. Nova Iorque: Museum for African Art, 2000
- CAMERON, Elisabeth - Isn't s/he a Doll? Play and Ritual in African Sculpture: UCLA Fowler of Cultural History, 1996
- DELACHAUX, Theodore; Thiebaud, Ch-E - Pays et Peuples d'Angola: etudes, souvenirs et photos de la deuxième mission scientifique Suisse en Angola. Neuchatel: Editions Victor Attinger, 1934
- ESTERMANN, Carlos - Etnografia do Sudoeste de Angola, vol 2: Grupo Étnico Nhaneca-Humbe. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1960
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