Boneca

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: AZ.611
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Actividades lúdicas
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 20
• Dimensões (cm): Alt. 24,5 x Larg. 9,1
• Descrição: Boneca de formato cilindriforme constituída por uma maçaroca de milho, revestida em quase toda a sua totalidade por uma malha de fibras vegetais, e com a extremidade inferior assente numa base em forma de campânula, encoberta por panos. Ao longo do corpo apresenta adornos diversos em fibras vegetais, pele (couro?), cápsulas de bala de pistola e missangas de várias cores. Na extremidade superior apresenta missangas de várias cores, correntes e alfinetes metálicos e cauris, figurando um penteado. A base, constituída por voltas de feixes de capim é feita pela técnica de espiral cosida. Encontra-se aplicada ao toro por meio de um revestimento de malha de fibras vegetais torcidas dispostas paralela e transversalmente, formando tranças diagonais. Dois panos encobrem a base. O da frente é feito de um tecido com um padrão axadrezado com as cores azul, laranja, amarela, verde e branca. Apresenta-se franzido e embainhado à máquina por linha creme. O de trás é feito de um tecido com um padrão geométrico, com as cores creme, vermelha e azul, formando quadrados, e apresenta-se dobrado. Ambos os panos são presos ao corpo por meio de várias voltas de uma fiada de missangas brancas, amarradas juntas à frente. A vestimenta da boneca representa o traje tradicional do grupo a que pertence. Mais acima a boneca apresenta um conjunto de fios de fibras vegetais entrançadas, cruzando o peito e as costas. Nas laterais, estes fios apresentam enrolamentos de fibras adornados com missangas de cores preta, verde, branca e amarela. Representa um adorno tradicional do grupo a que pertence. Mais acima, entre a malha e este adorno de peito, surgem colares vários, pela ordem, uma fiada de missangas amarelas e brancas, intercaladas por segmentos de madeira finalizados com cápsulas de bala; várias voltas de uma fiada de missangas de cores preta, verde e branca; e por último, um colar aplicado na parte frontal da boneca, sustentado por um enrolamento de malha apensa no final daquela que cobre o corpo, adornado com conjuntos transversais de missangas brancas e pretas, sendo que nas laterais terminais do adorno, as missangas são amarelas. Este colar é um adorno tradicional do grupo a que a boneca pertence. Nas costas, a boneca apresenta uma tala de madeira que a percorre, com motivos geométricos. Esta tala é parcialmente encoberta por vários dos adornos frontais desta. A extremidade superior da boneca figura a cabeça. O rosto exibe duas tachas metálicas douradas figurando os olhos. Cobrindo toda a parte posterior, a extremidade superior da boneca é encimada por um penteado feito de missangas pretas, brancas e amarelas, enfiadas num revestimento de malha praticamente invisível. Pontuando a parte frontal do penteado, corre transversalmente uma fiada dupla de missangas amarelas e brancas, envolvidas por uma corrente metálica. Saindo da testa e estendendo-se longitudinalmente até meio da cabeça, surge outra corrente metálica, dupla, que depois bifurca. Chegando a meio da cabeça, expande-se para os lados, sendo presa no veio central da mesma. Cobrindo a bifurcação surge uma fiada dupla de missangas verdes e brancas, finalizada por um cauri. Pontualmente o penteado apresenta alfinetes metálicos decorados com fiadas de missangas verdes, brancas e pretas, tal como tachas metálicas, douradas. O conjunto de todos os elementos decorativos forma um penteado tradicional ao grupo a que pertence.
• Origem/Historial: A colecção de bonecas com uma tipologia de carolo de milho consiste em 19 objectos, tendo sido adquiridos por diferentes colectores em diferentes contextos. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas kwanyama, bonecas "mwila" e bonecas mwila de barro). Victor Bandeira adquiriu uma boneca em 1965, não havendo informação sobre o seu contexto de recolha. A boneca foi doada ao MNE pela sua mulher, Françoise Bandeira, em 1984. Esta boneca pertence ao grupo cultural mwila, do grupo etnico-linguístico nyaneka-humbi e refere "propícia à fecundidade da jovem mulher" como a sua função. Esta boneca é a única que apresenta os grão de milho na maçaroca.