Boneca
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AH.053
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Actividades lúdicas
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: Século 20
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Técnica: Base: espiral cosida.
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Dimensões (cm): Alt. 23 x Larg. 10,9
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Descrição: Boneca constituída por um toro cilindriforme de madeira escura, revestido por uma malha torcida, com a extremidade inferior assente numa base em forma de campânula e a extremidade superior exibindo fibras vegetais entrançadas, missangas e adornos vários, representando um penteado.
A base, constituída por voltas de feixes de capim é feita pela técnica de espiral cosida. Encontra-se aplicada ao toro por meio do revestimento de malha, de fibras ...
Ver maisvegetais torcidas, dispostas paralela e transversalmente, formando tranças diagonais.
Na parte superior da base, envolvendo a cintura da boneca, apresenta-se uma fiada de missangas brancas e pretas. Dobrado sobre essa fiada, encobrindo-a, encontra-se na parte da frente, um pano feito de um tecido escuro. Na parte de trás, entre a malha e a fiada encontra-se preso um outro tecido escuro, orlado no final e nos lados com missangas brancas, e quatro segmentos duplos de missangas brancas aplicadas ao pano, duas das quais cruzadas. Ambos os panos representam o traje tradicional do grupo a que pertence.
Na extremidade superior, a boneca apresenta um penteado tradicional do grupo a que pertence. Este é constituído por fibras vegetais torcidas que chegam praticamente ao meio do corpo da boneca, figurando tranças. Frontalmente, no topo da cabeça, e pendendo para a testa, a boneca apresenta uma composição geométrica triangular feita de missangas amarelas e brancas. Preso acima desta composição, e pendendo para ambos os lados, surge uma corrente metálica prateada, finalizada também por uma composição geométrica triangular feitas de missangas vermelhas e brancas. Por baixo encontram-se vários segmentos circulares de missangas brancas, cujas extremidades pendem sobre as costas, acompanhando o penteado. Do topo da cabeça até meio das costas da boneca surge um revestimento feito de fibras vegetais imbricada numa substância escura, todo ele adornado com missangas brancas alternando com pretas e, ao meio, vermelhas. Entre a corrente metálica e o revestimento encontram-se presos mais fiadas de missangas brancas e, dispostas lateralmente, duas curtas fiadas de missangas brancas, verdes e vermelhas, finalizadas por um conjunto de fibras vegetais, todas elas acompanhando o penteado.
Toda a peça apresenta-se untada com uma pasta gordurosa escura.
Diâmetro do toro envolvido pela malha: 6,4 cm. Fechar
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Origem/Historial: A colecção de bonecas com uma tipologia "mwila" consiste em 42 objectos, tendo sido adquiridos por diferentes colectores e em diferentes contextos. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas kwanyama, bonecas carolo de milho e bonecas mwila de barro).
O nome desta tipologia advém do grupo cultural mwila, devido a este ser um dos principais produtores dest...
Ver maises objectos.
António Carreira adquiriu 60 bonecas do Sudoeste angolano, trinta das quais pertencente à tipologia "mwila", colectadas em contexto de Missões de Prospecção de Material Etnográfico, dirigidas pelo Museu de Etnologia do Ultramar, efectuadas entre 1965 e 1969.
Todas as bonecas "mwila" colectadas por António Carreira referem amuleto, amuleto de fertilidade ou amuleto de fecundidade, como função.
Em 1965 e 66, Carreira anexa a seguinte informação:
"Confeccionada com fibra de Mupanda (árvore frondosa). Ao cabelo da boneca chamam Maldi, por ser fibra. Ao cabelo humano chamam Nohuki. É usado por solteiras, viúvas e estéreis, no dorso, como se fosse uma criança de mama. O tipo de cabeleira das bonecas reproduz o das mulheres do planalto." (Ficha de inventário de AH.051)
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Bibliografia
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- BAUMANN, Hermann; Beatrx Heintze - Die Ethnographische Sammlung aus Südwest-Angola im Museum von Dundo, Angola (1954). Katalog/A Colecção Etnográfica do Sudoeste de Angola no Museu do Dundo, Angola (1954). Catálogo. Koln: Rudiger Koppe Verlag, 2002
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