Boneca
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AH.575
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Actividades lúdicas
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: Século 20
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Técnica: Base: espiral cosida.
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Dimensões (cm): Alt. 26,9 x Larg. 13,4
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Descrição: Boneca constituída por um toro cilindriforme de madeira escura, revestido por uma malha torcida, com a extremidade inferior assente numa base em forma de campânula e a extremidade superior exibindo fibras vegetais torcidas e missangas várias, representando um penteado.
A base, constituída por voltas de feixes de capim é feita pela técnica de espiral cosida. Encontra-se aplicada ao toro por meio do revestimento de malha, de fibras vegetais tor...
Ver maiscidas, dispostas paralela e transversalmente, formando tranças verticais.
Na parte superior da base, envolvendo parcialmente a cintura da boneca, apresentam-se várias voltas de uma fiada de missangas brancas, atadas juntas por um cordel, à frente. Dobrado sobre esse fio, encobrindo-o, encontra-se na parte da frente, um pano creme estampado com motivos diversos a vermelho e verde, esbatidos. O pano representa o traje tradicional do grupo a que pertence.
Por cima do pano, surgem duas voltas de uma fiada de sementes castanhas, figurando um cinto.
A três quartos da altura da boneca, dois destaques semi-esféricos feitos de tecido aplicado à malha, representam os seios. Estes ostentam fios torcidos de fibras vegetais, que os cruzam, representando um adorno tradicional do grupo a que pertence.
A extremidade superior da boneca figura a cabeça. O rosto exibe duas tachas metálicas douradas figurando os olhos. As tachas encontram-se aplicadas no início de duas tranças de fibras vegetais, que pendem sobre o peito da boneca, tendo a meio, uma fila de dois botões brancos e terminando numa composição triangular feita em missangas brancas e verdes.
A boneca apresenta um penteado tradicional do grupo a que pertence. Este é constituído por fios de fibras vegetais torcidas atadas nas extremidades, que partindo do topo da cabeça, estendem-se até às costas da boneca, cobrindo toda a parte posterior desta. No topo, sobre um revestimento de cabelo natural, apresenta várias fiadas curtas, de missangas verdes e brancas, pendendo sobre a testa, seguida de uma fiada dupla de missangas brancas, disposta transversalmente. Posteriormente o revestimento forma duas tranças de fibras vegetais, intercaladas por uma fiada de missangas verdes e brancas. Em ambos os lados deste revestimento central surgem pendentes várias fiadas circulares entrecruzadas feitas de missangas brancas, sendo que num dos lados, algumas das missangas são vermelhas, azuis ou pretas.
Toda a peça apresenta-se untada com uma pasta gordurosa escura.
Diâmetro do toro envolvido pela malha: 6,8 cm Fechar
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Origem/Historial: A colecção de bonecas com uma tipologia "mwila" consiste em 42 objectos, tendo sido adquiridos por diferentes colectores e em diferentes contextos. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas kwanyama, bonecas carolo de milho e bonecas mwila de barro).
O nome desta tipologia advém do grupo cultural mwila, devido a este ser um dos principais produtores dest...
Ver maises objectos.
António Carreira adquiriu 60 bonecas do Sudoeste angolano, trinta das quais pertencente à tipologia "mwila", colectadas em contexto de Missões de Prospecção de Material Etnográfico, dirigidas pelo Museu de Etnologia do Ultramar, efectuadas entre 1965 e 1969.
Todas as bonecas "mwila" colectadas por António Carreira referem amuleto, amuleto de fertilidade ou amuleto de fecundidade, como função.
Em 1965 e 66, Carreira anexa a seguinte informação:
"Confeccionada com fibra de Mupanda (árvore frondosa). Ao cabelo da boneca chamam Maldi, por ser fibra. Ao cabelo humano chamam Nohuki. É usado por solteiras, viúvas e estéreis, no dorso, como se fosse uma criança de mama. O tipo de cabeleira das bonecas reproduz o das mulheres do planalto." (Ficha de inventário de AH.051)
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Bibliografia
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