Santa
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AT.475
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Artes plásticas
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: Século 20
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Técnica: A especificação da técnica encontra-se no campo do Historial.
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Dimensões (cm): Alt. 13 x Larg. 4,8
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Descrição: Santa em barro policromado, representando uma figura feminina em pé com a mão no peito.
A figura assenta numa base cilíndrica de contornos côncavos, pintada de azul.
A Santa exibe dois sapatos cónicos e apresenta-se envolta por um manto que acompanha os contornos da figura, cobrindo também a cabeça. O membro superior direito apresenta-se arqueado para dentro, com a mão posta no peito, e o membro superior esquerdo segura um destaque de tonalidade verde, podendo figurar uma ramagem. As mãos apresentam linhas incisas que figuram os dedos. Na cabeça figuram dois olhos negros delineados por linhas de tonalidade castanha. O nariz apresenta-se em relevo e a boca é representada por uma linha de cor vermelha. De cada lado da face é visível uma rosácea alaranjada.
O manto da Santa apresenta pregas e vestígios de pigmento negro, ostenta ainda, um vestido decorado na parte do peito, por linhas incisas de tonalidade negra.
No topo da cabeça é visível um pequeno segmento em arame que poderia servir para aplicar o resplendor à cabeça da figura.
Dimensões da Base:
Diâmetro: 4,3 Cm.
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Origem/Historial: Na ficha de inventário dactilografada e no Livro de Tombo a peça tem a designação "Imagem Religiosa". No entanto, optei por utilizar a denominação "Santa", na medida em que identifica à priori a temática da peça.
Na ficha de inventário dactilografada não refere o Local de Fabrico.
Técnica:
Os métodos utilizados na barrística são, os de rolo, da bola e da lastra, esta última, na elaboração de vestuário e bases. As partes constituintes dos bonecos, que apresentam maior espessura e volume são previamente picadas por meio de uma agulha ou arame e depois corrigidos com os dedos. Este procedimento permite uma maior secagem no interior do boneco evitando assim, quebradura e fendilhagem no acto da cozedura.
É altura então, de colocar todos os adornos referentes ao modelo representado saídos da imaginação do artista, empregando-lhes assim, "movimento, vida, alma" (Vermelho, Joaquim, Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística, página 76, Limiar, 1990).
Deixa-se o boneco secar e vai ao forno ou à mufla a 800 cº ou 850 cº, no entanto, é importante referir que durante a modelação do boneco convém deixar secar a peça durante as fases da união das várias partes constituintes do boneco.
Os bonecos são peças muito frágeis e portanto, são necessários muitos cuidados no processo de enfornamento.
Finalmente, o boneco passa pelo processo de pintura onde prevalecem o verde, o azul, o vermelho, o zarcão, o amarelo, o branco, o roxo, o laranja e o preto.
As tintas utilizadas são os óxidos que são dissolvidos em água e misturados com grude previamente derretido. Contudo, foram introduzidos recentemente, por questões comerciais e técnicas, têmperas, ou seja tintas a água ou plásticas que são misturadas com colas resinosas para madeira. Estas colas proporcionam ao boneco, resistência à luz e à humidade, sem no entanto, prejudicar a cor. Sobre a pintura seca é colocado um verniz que, nos séculos passados, era fabricado pelos próprios barristas através de processos que se perderam. Foram posteriormente substituídos por vernizes industriais.
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Incorporação: Anterior Proprietário: Rafael Rúdio
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Bibliografia
- AZINHAL, Abelho - Memória sobre os barros de Estremoz. Lisboa: Panorama, 1964
- BORRALHO, Álvaro António Gancho - As Artes do Barro. Contribuição para o estudo dos Bonecos de Estremoz, Dissertação de Tese de Licenciatura em Sociologia vertente de Sociologia da Cultura. ISCTE, Lisboa: 1993
- CHAVES, Luís - Os Barristas Portugueses: nas escolas e no povo.. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1925
- CONDE, António Fialho - "A Olaria Alfacinha e o Contributo dos Mestres", "Mestres Oleiros no Alentejo" in Mestres Artesãos do Século: artefactos do mundo por mãos portuguesas. Lisboa: Instituto do Emprego e Formação: FIL, 2002
- CORREIA, Virgílio - "Brinquedos na Louça de Estremoz" in Revista Terra Portuguesa - Revista Ilustrada de Arqueologia e Etnografia, Volume 1. Lisboa: 1916
- FERRO, António - "Bonecos de Barro" in Vida e Arte do Povo Português. Lisboa: 1940
- PARVAUX, Solange - La Céramique du Hault-Alentejo. Paris, Lisboa: Puf, Gulbenkian, 1968
- PESSANHA, D. Sebastião - "Bonecos de Extremoz" in Revista Terra Portuguesa - Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia, Volume 1. Lisboa: 1916
- VERMELHO, Joaquim - "Mobilidade e Influências nos bonecos de Estremoz" in Conversas à volta da Olaria. Oficinas do Convento: Associação Cultural de Arte e Comunicação, Dezembro 1998
- VERMELHO, Joaquim - "O Culto do Figurado de Estremoz" in Cultus: o mistério e o maravilhoso nos artefactos portugueses. Lisboa, IEFP: FIL, 2001
- VERMELHO, Joaquim - "Olaria e Barrística de Estremoz" in Artesanato da Região do Alentejo. Évora: IEFP, 2000
- VERMELHO, Joaquim - Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística: Limiar, 1990