Parreira

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: BG.273
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Pesca
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 21
• Dimensões (cm): Comp. 46368 x Alt. 240
• Descrição: Parreira, armadilha de salto, constituída por dois elementos essenciais: corpo da arte em si - parreira - e o cerco que serve para aumentar a área de actuação da arte. O corpo da arte é constituído por dois segmentos, duas redes de tresmalho - três panos - que na parte superior apresentam um cabo de flutuação (ou de bóias) e um cabo de lastros (ou de chumbos). Cada rede de tresmalho é constituída por três redes sobrepostas, em fio de nylon, a do meio com a malhagem mais curta do que as duas exteriores. As duas redes de malhagem maior (chamadas albitanas), medem de nó a nó, na vertical, 30 centímetros. A rede do meio apresenta uma malhagem de nó a nó, na vertical, de 5 cm. Em conjunto as duas redes de tresmalho tem de comprimento 45,73 metros, uma medindo 26,7 metros e a outra 19,03 metros. Quanto à rede de cerco mede 463,68 metros de comprimento e é de pano único. A altura da rede é de 2,40 metros, apresenta 50 malhas que distam de nó a nó 48 milímetros. A "tralha das bóias" tem flutuadores de 13 em 13 malhas, de cortiça toscamente talhadas, perfuradas no centro pela linha da tralha. A distância entre bóias é irregular. A "tralha dos chumbos" apresenta os chumbos dispostos regularmente ao longo da tralha, apresentando um intervalo de 8 malhas. Os lastros são feitos de chapas de chumbo de 5 centímetros de comprimento, enrolados em torno da tralha.
• Origem/Historial: A colecção já existente no MNE de Pesca Artesanal Portuguesa é constituída por objectos colectados nos anos sessenta e setenta do século XX por Lino da Silva (97 registos), Ernesto Veiga de Oliveira e Sebastião Pessanha (33 registos cada um) - tendo também colaborado Carlos Medeiros, Rafael Rúdio, Margarida Ribeiro, Lapa Carneiro e Margot Dias. O conjunto de artes de pesca reunido na campanha etnográfica sistematizada pelo Doutor Luís Martins, iniciou-se em 2004, resultou inserida no projecto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com bolsa de Pós Doutoramento em Antropologia. Propunha, como núcleos de pesquisa, a constituição de uma nova colecção etnográfica e a estruturação de uma exposição no MNE. Ao longo da pesquisa pretendeu-se analisar e dar conta das transformações tecnológicas no sector resultantes da integração de Portugal na União Europeia. Nesta acção agregou-se 327 peças, uma parte das quais, (170 registos) são artes apreendidas pelas capitanias marítimas, porque consideradas em situação ilegal: utilização em época não autorizada, ou num local não permitido, ou por o tipo de aparelho não ser licenciado. A recolha foi efectuada, na sua maioria, por Luís Martins (233 registos) tendo também colaborado Cláudia Freire, Joaquim Pais de Brito, João André, João Coimbra e Marta Pita. Na Rede de Salto, os vários panos da rede de emalhar estão fixos uns nos outros, fixados por varas, desde o fundo até à superficíe. São colocados de modo a formarem uma barreira, terminando em espiral que se designa por cerco. Na parte espiralada é armada, também com auxílio de varas, a manta ou parreira formada por uma rede de tresmalho que fica fora de água, O peixe percorre a rede de um pano até à parte espiralada e, não encontrando saída salta ficando sobre o tresmalho. Esta arte que caiu em desuso destinava-se à captura de tainhas e era apenas usada na Ria de Aveiro e por um único pescador. Esse pescador deu a rede posteriormente à equipa técnica do IPIMAR, que por sua vez transferiu a Parreira ao MNE, na pessoa do Luís Martins.