Bufete

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 339
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1734
• Dimensões (cm): Alt. 90 x Larg. 379 x Prof. 140
• Descrição: Tampo retangular com rebordo moldurado e acentuado balanço, apresentando dezasseis gavetas no aro, sendo as das ilhargas fingidas, frentes das gavetas compostas por almofadas lisas, molduradas, separadas por mísulas (ou modilhões) entalhados que marcam igualmente os cantos do aro. O fundo apresenta-se fortemente moldurado. Assenta em oito pernas torneadas compostas por pequena seção inferior de "torcidos", a que se sobrepõem enormes bolachas e discos. As travessas torneadas combinam seções de bolachas perfiladas e de torneado em espiral ("torcidos"), centradas por bolachas e discos. Possui quadras lisas e pés de bolacha. Nas gavetas, observam-se espelhos de fechadura constituídos por chapas metálicas de forma retangular, recortadas e vazadas segundo um esquema geométrico composto por enrolamentos simétricos de folhagem estilizada. Nas quadras, a cabeça dos parafusos possuem espelhos recortados e vazados, alternando pares de volutas com motivos flordelisados. A estrutura desta peça foi executada numa madeira da terra, a cerejeira, e o tampo em castanho (com alguns restauros noutra madeira, talvez nogueira). A peça é faixeada a pau santo (a espessura da folha ultrapassa os 2/3 mm), possuíndo pequenas cavilhas que fixam a faixa de revestimento, tendo a trempe sido executada em pau santo maciço. Os fundos das gavetas são fixados por cavilhas de pau santo solução típica da nossa marcenaria de setecentos. Nas tarraxas do fundo da peça que fixam o aro e o tampo, chapas em ferro recortadas, lisas, cujo recorte recorda o dos espelhos das quadras (faltam algumas). (Bastos, 1999)
• Origem/Historial: No "Roteiro Ilustrado da Cidade de Lamego", João Amaral, primeiro director do Museu, refere um documento - provavelmente retirado de um livro de despesas da Mitra - que permite datar este bufete. Segundo ele, um bufete executado em pau-preto e de grandes dimensões terá sido fabricado por um oficial de Lamego no ano de 1734 pelo preço de 60$000 reis. Em 1758, o reitor da Sé descreve a Casa do Cabido: "para a porta do poente está o Cartório e caza do Reverendissimo cabbido, ricamente ornada de belas portas de cortinas de damasco de Italia vermelho, com suas franjas,e galoens de ouro fino: no meyo daquela está hum comprido e Largo bofette de páo preto, rodeado de cadeyras com espaldar, tudo coberto de veludo carmezim, guarnecido de franjas, e galoens de ouro" (Descripção...). Em 1911, este móvel encontrava-se na Casa do Cabido, para onde fora encomendado em 1734, ano em que aí se fizeram importantes obras, sendo mencionado no inventário de arrolamento dos bens do Cabido da Sé (3/8/1911) como "Uma grande mesa de pau preto, com torcidos e ferragens de metal dourado, com três metros e setenta e sete centímetros de comprimento e um metro e trinta e oito centímetros de largura, que tem servido para as sessões capitulares. Estylo século Desasete. para esta meza ha um pano antigo de veludo de seda encarnado, agaloado a ouro e que serve para a cobrir" (Autos..., 1911) Mesas para escrever recebiam coberturas de couro ou pano verde, sobre as quais se colocavam capas executadas em tecidos ricos (veludos, damascos, etc.). Em 1736 gastou-se 5$520 reis com oito côvados e meio de pano verde para cobrir este móvel, e $200 reis com o feitio, retrós e tachas e $100 reis para o pregar. Desta cobertura restam os vestígios dos pregos que a fixavam ao tampo (no rebordo). C.B., 1999
• Incorporação: Mitra da Sé de Lamego; antigo Paço Episcopal de Lamego?