Cadeira/conjunto

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 378
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1750/1775
• Dimensões (cm): Alt. 107 x Larg. 58,5 x Prof. 48,5
• Descrição: Espaldar do tipo "violonné", moldurado, com cachaço recortado, entalhado e vazado, ornado de talha "rocaille" simétrica com motivos concheados evocando ondas (falta-lhe o remate). Tabela central, recortada e entalhada; em forma de balaústre, apresenta uma série de vazamentos, ornados de pequenas volutas. Assento de forma trapezoidal, com frente e ilhargas onduladas e cantos dianteiros arredondados, com coxim móvel revestido de couro lavrado, fixado por pregaria de latão. Na aba apresenta pequeno avental recortado e entalhado, ornado de folhagem e concheados estilizados. Pernas dianteiras galbadas, com joelhos recortados e ornados de cartela da qual pendem cálices florais imbricados e delicado motivo floral rematando, junto à cintura, a moldura que percorre os seus recortes. Pés dianteiros em cachimbo ornados de folhagem. Pernas traseiras de seção quadrada, interrompida por troço torneado, com quebra logo abaixo da trempe para formar o pé. Trempe ondulada em H descentrado. Decoração do couro: moldura periférica composta por filetes, perlado e orla interna de gomos delimitando um campo liso no qual se inscreve, ao centro, grande cartela assimétrica, composta por volutas, folhagem, concheados e motivos florais e campo interior enxaquetado; cantos marcados por grande flor de lis. (Bastos e Proença, 1999)
• Origem/Historial: A tabela deste exemplar apresenta grandes semelhanças com as tabelas de gosto híbrido (gótico e rococó) usadas em cadeiras fabricadas em Filadélfia (EUA) entre 1760 e 1790. Inspiradas na obra "The Gentleman & Cabinet-Maker's Director" de Thomas Chippendale, são consideradas uma das formas mais típicas e marcantes do móvel de assento americano. O facto de essa forma não corresponder a uma cópia fiel de uma estampa publicada, aliado a uma presença em Portugal e do outro lado do Antlântico, leva-nos a supôr que, em ambos os casos, os marceneiros se inspiraram num protótipo inglês da época cuja tabela reunia, por sua vez, uma série de motivos das estampas XIII e XIV da 3ª edição de 1762 do "Director". Ao contrário das edições anteriores (1754 e 1755), pouco ou nada divulgadas no Continente, esta edição parece ter sido, segundo Maria Helena Mendes Pinto, a única conhecida em Portugal, marcando o mobiliário português do terceiro quartel do século XVIII, nomeadamente os móveis de assento. Nos inventários do recheio do antigo Paço são mencionadas algumas cadeiras em pau-santo com assentos de couro, nomeadamente um conjunto formado por nove cadeiras e um canapé que decorava, em 1821, o quarto do Bispo, e que foi avaliado em 57.600 reis. Ainda nos aposentos privados do Bispo, guardavam-se duas cadeiras de couro e pau-santo, com trabalho de talha e "goarnição de couro", avaliadas em 6400 reis. No acervo do Museu, incluem-se mais duas cadeiras do mesmo modelo (Inv. 353 e 354) cuja feição foi completamente desvirtuada por restauros (antigos), uma vez que foram acrescentadas novas tabelas e todo o remate superior dos espladares, retirados de cadeiras de nogueira e couro oriundas do antigo Paço de que o Museu guarda alguns exemplares (Inv. 476-482). Modelo de cadeira bastante corrente no 3º quartel do século XVIII, integra ainda hoje diversas colecções nacionais. Assim, encontramo-lo nas colecções do Museu de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo, Museu Nacional de Arte Antiga, Palácio Nacional da Ajuda (lisboa) e Palácio do Correio-Mor (Loures): A colecção Jorge Tasso de Sousa integrava um conjunto de nove cadeiras em pau-santo, de linhas semelhantes e tabela idêntica, tais como as antigas colecções de Artur de Sandão (porto) e João Filipe da Silva Nascimento (Lisboa). (Bastos e Proença, 1999) CB/JAP, 1999
• Incorporação: antigo Paço Episcopal de Lamego