Descrição: Representação de um camaleão em madeira.
A figura está assente em quatro patas pintadas de preto, com as garras definidas e à excepção destas, toda a sua superfície está pintada de amarelo com pintas pretas, brancas e vermelhas.
A cabeça tem um formato ovóide com uma pequena boca entreaberta pontiaguda, contornada a preto e dentro da qual foi esculpida uma língua vermelha bicuda e parcialmente de fora. De ambos os lados da cabeça estão dois g... Ver maisrandes olhos ovais brancos, amarelos e pretos no centro, contornados a preto. A superfície da cabeça e do tronco está decorada com linhas incisas transversais. A extremidade da cauda está enrolada em espiral.
Origem/Historial: Personagem do teatro de máscaras e marionetas popular na região centro-sul do Mali.
Este objeto faz parte de um conjunto mais vasto recolhido na região centro-sul do Mali, entre 2001 e 2003, pelos coleccionadores e galeristas franceses Sónia e Albert Loeb e que foi adquirido na sua maioria por Francisco Capelo e doado ao Museu. Esta doação foi homenageada pelo Museu através da realização da exposição temporária "Sogobó. Máscaras e... Ver mais Marionetas do Mali", patente ao público entre 12 de Novembro de 2004 e 30 de Maio de 2007. A sua inauguração teve lugar no dia de aniversário do doador, segundo a sua vontade, quando este completou 50 anos de idade, facto esse assinalado intencionalmente pelo número de objectos doados.
Este camaleão e o camaleão com o n.ºinv. BI.983 foram doados ao museu pelo próprio casal Sónia e Albert Loeb e foram doados ao museu por ocasião desta exposição.
Este teatro é tido localmente como uma actividade lúdica e para além disso desempenha um papel social importante na veiculação de valores morais dentro das comunidades onde é levado a cena.
A região de Ségou é atravessada pelo rio Níger e terá sido ao longo deste que esta prática se difundiu: primeiro entre as comunidades ribeirinhas piscatórias e mais tarde através das comunidades agrícolas. São quatro os grupos étnicos que dentro da sua comunidade perpetuam esta tradição: os Bozo e os Somonò – pescadores – e os agricultores e comerciantes Bamana e Maraka.
Segundo Mary Jo Arnoldi, antropóloga autora do texto do catálogo (ARNOLDI, 2004), não existem muitas diferenças ao nível da estética ou da construção das máscaras/ marionetas entre os diferentes grupos; uma vez que aquelas chegam a ser adquiridas aos mesmos escultores itinerantes, e porque os diferentes grupos de jovens admitem influenciarem-se mutuamente. As diferenças acontecem mais ao nível da performance e de estilos muito próprios de dança, música ou do encadeamento entre estes dois.
Após a independência do Mali em 1960, o governo malinense promoveu de tal forma este teatro como parte da herança cultural do país que este conheceu um ressurgimento e actualmente os grupos contam já com patrocínios nacionais e internacionais para a realização de tournées fora do país, tratando-se por isso de uma tradição viva.