Mesa de jogo (par)

  • Museu: Museu de Lamego
  • Nº de Inventário: 349b
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Mobiliário
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: 1775/1800
  • Dimensões (cm): Alt. 72,5 x Larg. 88 x Prof. 88
  • Descrição: Tampo rectangular, duplo e articulado que se transforma numa superfície de forma quadrangular com cantos ressaltados. Aro liso, formado por frente e traseira retas, ângulos igulamente ressaltados e ilhargas articuladas. Abrindo e fechando em X - em concertina-, estas suportam o tampo aberto, pois as peças que as formam são articuladas entre si e na ligação aos cantos do aro, possuindo um dispositivo interno de travamento. Na frente do aro, apresenta uma pequena gaveta central com frente lisa. Quatro pernas galbadas, com joelhos recortados de saída brusca, decorados por cartela "rocaille" simétrica e perfil moldurado. Pés de cachimbo. Na gaveta observam-se vestígios de ferragens, na qual a entrada de fechadura foi tapada conservando, contudo, a fechadura original. (Bastos, 1999)
  • Origem/Historial: Na obra de Ince & Mayhew (inicialmente publicada em fascículos, tendo recebido a sua forma definitiva em 1762), figuram várias mesas de jogo, nas quais se propõem aros direitos ou aros em serpentina (os mais vulgares em Inglaterra e colónias), pernas galbadas ou pernas direitas e pés em voluta. Na estampa LII, a par dos desenhos para duas mesas de jogo, apresenta-se o esquema de uma gaveta no aro que se destinava a guardar as cartas e do mecanismo de articulação do aro: em concertina, como neste exemplar. Desenhadas especialmente para o jogo, estas mesas podiam ser facilmente arrumadas, perfilando-se ao longo das paredes como vulgares mesas de encostar. Essa característica era-lhes conferida pelo tampo, duplo e articulável, e pelo mecanismo em concertina do aro o qual, arrastando consigo as pernas traseiras, permitia suportar o tampo aberto, agora ampliado para o dobro da superfície. Os cantos ressaltados dos tampos serviam, por seu turno, para a colocação de castiçais ou outras formas de iluminação. Apesar de copiarem protótipos ingleses de meados do século XVIII, também eles fabricadso aos pares, esta mesa possuí um cunho português que lhe é conferido sobretudo pela forma dos pés (em cachimbo, quando as inglesas recorriam habitualmente à forma em garra e bola) e pelo material em que foi executada: o pau santo. No século XIX, e possivelmente na centúria anterior, este exemplar decorava a sala de visitas do antigo Paço Episcopal. No inventário de 1821 são referidas como: "Qautro Mezas de pau preto com panos verdes, em meio uzo, avaliadas todas em dezanove mil e duzentos reis". Nelas se guardava, segundo esse documento, um valioso conjunto de dados, descrito como "Hum Jogo de dados= completo avaliado em seis mil e quatro centos reis", possivelmente um jogo de gamão, a julgar pelo elevado valor que lhe foi atribuído. Embora descritas como mesas de chá no inventário de 1826 - "Quatro Mezas de pau preto, quadradas, para chá"-, a sua função é correctamente identificada em 1860, sendo então descritas como "Quatro mezas de jogo de pau preto com pano verde e gavetas em bom uzo".(Bastos, 1999)
  • Incorporação: Transferência: antigo Paço Episcopal de Lamego

Bibliografia

  • BASTOS, Celina; PROENÇA, José António - Museu de Lamego. Mobiliário. Lisboa: IPM/Museu de Lamego, 1999
  • IAN/TT, Mitra de Lamego, Lv.º 50, Inventário do Espolio do Ex.mo e Rev.mo Bispo D. Joze de Jezus Maria Pinto. Lamego: 1826
  • IAN/TT, Mitra de Lamego, Lv.º49, Inventário das Alfaias, movens, e bens de Raiz, pertencentes ao Paço Episcopal. Lamego: 1821
  • IAN/TT, Mitra de Lamego, Lv.º50, Inventário de todos os moveis da Mitra de Lamego feito por ordem do Governo de Sua Majestade. Lamego: 1860

Obras relacionadas

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