Secretária

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 346
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1750/1800
• Dimensões (cm): Alt. 84 x Larg. 150 x Prof. 85
• Descrição: Tampo retangular moldurado, parcialmente revestido de pele, com cantos arredondados. Apresenta um gavetão a toda a largura das frentes (fingido numa das faces), com interior compartimentado, sob o qual se desenvolvem dois corpos laterais com três gavetas em cada face (numa das faces as duas gavetas inferiores são fingidas) separados por um vão central; neste, uma pequena gaveta de frente recortada corre por baixo. As ilhargas planas terminam num avental baixo e recortado, que se projecta num perfil convexo, repetindo-se por todo o remate inferior da peça. Apresenta aventais baixos e recortados, de perfil convexo. Assenta em oito pernas baixas e curvas e pés de garra e bola. Ferragens: recortadas e vazadas, combinam volutas de folhagem, concheados, flores, parras e cachos de uva, motivos dispostos simetricamente em torno de desenho geométrico central ("frets"). As argolas são rematadas em cabeça de pássaro. (Bastos, 1999)
• Origem/Historial: Trata-se de um modelo de clara filiação inglesa. Inspirada nas "Library tables" divulgadas pelos álbuns de estampas de mobiliário, nomeadamente de Thomas Chippendale e outros, esta secretária apresenta grandes semelhanças estruturais com os dois modelos propostos na obra "Universal System of Houseold Furniture" da firma Ince & Mayhew (1762). Assim, na estampa XXIII figuram dois exemplares de dois corpos, formados quer por armários, quer por duas ou três ordens de gavetas, neles se propondo também as respectivas molduras, sendo uma delas a que percorre o rebordo do tampo deste exemplar. Por sua vez as próprias ferragens denotam igual influência, nomeadamente nas estampas decorativas de Chippendale. Este modelo de secratária permitia o seu uso por duas pessoas, sentadas de um e do outro lado da abertura central que servia para encaixar as pernas, característica que lhe era dada pelos dois corpos que a constituíam. Daí que as duas faces recebessem, aparentemente, idêntico tratamento, como neste exemplar, em que uma das faces possuí quatro gavetas e um gavetão fingidos (apenas a ordem superior corresponde a gavetas verdadeiras). O gavetão apresenta uma série de divisórias internas que se destinavam a guardar o tinteiro, areeiro, penas, papel e outro material de escrita. No final do século XVIII e no início do século XIX, estas peças recebiam a designação de carteiras, conforme se pode observar nas legendas de desenhos de secretárias de José Francisco Paiva, datados do último quartel do século XVIII. No inventário do Paço de 1821 consta no gabinete do bispo "outra escrivaninha coberta de pano verde com gavetoes e ferrage amarella, avaliada em dezoito mil reis", que em 1826 é descrita como "hua escrivaninha com gavetas, forrada de pano verde". Já a descrição do ano de 1860 é mais completa, permitindo identificar este exemplar como tratando-se da secretária do Museu: "huma meza grande de pau de castanho, com pano verde com seis gavetas, um gavetão, ferragem amarela em bom uzo". (Bastos, 1999)
• Incorporação: antigo Paço Episcopal de Lamego