Cómoda-papeleira com alçado

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 507
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 18/19
• Dimensões (cm): Comp. 122 x Alt. 276 x Larg. 63
• Descrição: De dois corpos, sendo o superior recuado e de forma paralelepipédica ao alto. Apresenta cimalha reta, com moldura compósita saliente, ilhargas planas e uma ordem de quatro gavetas iguais na base do corpo superior. Na frente deste corpo, dispõem-se duas meias-portas "de vidrinhos" e, no interior, três prateleiras. O corpo inferior é constituído por uma cómoda com cinco gavetões de altura crescente, ilhargas planas, base moldurada e pés recortados com ângulos internos recortados. Na cimalha, alternam painéis lisos decorados com aplicações de bronze - figuras alegóricas, palmetas e rosetas -, com painéis recortados e vazados desenhando arabescos - com vestígios de aplicações metálicas. As molduras são acentuadas por frisos metálicos. A fábrica divide-se em cinco secções, marcadas por entrepanos verticais, sendo a central composta por um pequeno compartimento (actualmente desprovido de porta) sob uma gaveta (a porta encerrava igualmente a gaveta inferior). Ladeando esta secção central, pares de escaninhos sobrepõem-se a duas gavetas, dois deles com topos recortados. Nas extremidades dispõem-se cinco gavetas sobrepostas. As frentes dos dois gavetões superiores são fingidas, correspondendo a um tampo, que quando aberto cria uma superfície para escrever, a qual avança arrastando consigo a fábrica com a qual forma um só corpo que encaixa e desliza nos entrepanos superiores. Nas portas, os cantos são marcados por rosetas idênticas às da cimalha, e o batente é acentuado por um friso metálico. As frentes das gavetas dos dois corpos são emolduradas por frisos metálicos. Os gavetões apresentam espelhos de puxadores e de fechadura elípticos, decorados com singelos enrolamentos fitomórficos, tendo ao centro um medalhão circular. Estas ferragens são de origem inglesa, uma vez que estão marcadas tanto com STAMPD, como PATENT. esta última repete-se na fechadura, relevando idêntica origem, lendo-se igulamente GR (George III?). As frentes das gavetas são faixeadas, a cimalha, também ela faixeada, é executada em castanho, tal como o tardoz e as prateleiras. (Bastos, 1999)
• Origem/Historial: O mecanismo de abertura do tampo da "fábrica" é já proposto no "Guide" de George Hepplewhite, obra em que podemos observar um desenho de uma "secratary and bookcase" (estampa 44) cuja fábrica apresenta grandes semelhanças com a do exemplar do Museu. Dentro deste modelo são oferecidas uma série de opções, cuja característica comum é já o predomínio das linhas direitas e retas. O caixilho repete o esquema habitual das portas de vidrinhos dos armários louceiros portugueses de inspiração inglesa. Este padrão geométrico segue os esquemas propostos por Thomas Chippendalle na edição do "Director" de 1762, nomeadamente no alçado lateral de uma China Case (Estampa CXXXIV) ou de uma "library bookcase" (estampa XCI), nos quais os marceneiros portugueses se poderão ter inspirado. A cimalha, que numa primeira abordagem parece resultar de uma intervenção posterior, é idêntica à que orna uma cantoneira do Museu de Artes Decorativas Portuguesas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, na qual se podem observar os elementos decorativos que faltam na cimalha do móvel do Museu. Tal como na mesa de estrado (inv. 504), as ferragens de desenho neoclássico são inglesas, bem como a fechadura. (Bastos, 1999)
• Incorporação: Dr. Vasco de Vasconcelos (Proc. 1-B-1/Oft.)