Técnica: Entalhamento da madeira e aplicação de folha de ouro sobre gessada
Dimensões (cm): Alt. xxx x Larg. xxx x Prof. xx
Descrição: Peça dividida longitudinalmente por moldura em caveto c/ desenho de arco abatido ao centro; aba ou lambrequim a simular franja c/ motivos vegetalistas suspensos (folhagem de acanto tripartida); remate em frontão quebrado com grinalda de flores; a secção central é ocupada por uma palmeta entalhada e dourada; aletas nos extremos com rocalha ao centro e voluta em "S" invertido;
Origem/Historial: Esta Sanefa esteve exposta na Royal Academy of Arts na Exposição "Arte Portuguesa em Londres - 800/1800", Londres, 1955-56;
Data de 1779, período em que seria prioresa Soror Catarina Joana. (1778-79). De acordo com o inventário do Convento de São João Evangelista de Aveiro esta peça com o número de inventário 19 corresponde à sanefa neste referida.
De acordo com o investigador e Padre Belinquete na sua obra sobre o Convento das Carmelitas de Sao Joao Evangelista, este bem seria o identificado como "sanefa de talha dourada n.º 28." e Peça nº 19 no Inv. de 1922 e ainda Peça nº 89 no inv.º de 1942.
Incorporação: Transferência / Disposição Legal.Na proximidade do Convento de Jesus temos o Convento de São João Evangelista das Carmelitas descalças de Aveiro. Esta igreja apresenta três retábulos em talha dourada contratualizados e escriturados junto “à grade e locutório do referido convento” a António Gomes, o mesmo entalhador das religiosas Domínicas. Um dos retábulos seria dourado por Francisco Costa Borges, dourador de Aveiro. Constam do contrato cláusulas várias, entre as quais uma garantia por seis anos em que o mestre dourador seria obrigado a repor qualquer ouro caído ou defeito que surgisse no douramento, durante esse período.
(Imagem do interior da Igreja das Carmelitas e detalhe das sanefas e do retábulo lateral com detalhes do douramento)
Manuel Ferreira e Sousa “filho” é também autor das sanefas contratualizadas para o Convento de São João Evangelista, sendo as referidas sanefas singulares exemplares em talha dourada do rococó. Nestas foi integrado um mecanismo interno em roldana, essencial para suspender os pesados cortinados. A singularidade destas sanefas fez-se notar na Exposição de Arte Portuguesa em Londres, realizada na Royal Academy of Arts, e patente ao público entre outubro de 1955 e março de 1956.
(Imagens das sanefas na reserva do MA/SJ e da Igreja da Apresentação e das Carmelitas na reserva do MA/SJ; imagem da exposição da Royal academy em Londres 1956)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identidade da clientela era crucial na preferência dos melhores mestres e dos modelos artísticos adequados à época, sendo a Igreja e as Confrarias os grandes clientes de obras de talha. A escolha de um mesmo criador, para obras distintas mas não distantes, seria baseada na dinâmica de proximidade e no “ver e querer algo ainda melhor” para as suas igrejas. Assim se foi somando a qualidade da talha dourada numa mesma cidade, a de Aveiro.
Centro de Fabrico: Aveiro
Bibliografia
Catálogo da Exposição de Arte Portuguesa em Londres (800-1800) Royal Academy of Arts, Londres. Londres: Royal Academy of Arts, Londres, U.K., 1955-1956
SANTOS, Reynaldo dos - Exposição de Arte Portuguesa em Londres, (800-1800), Royal Academy of Arts, Out. 1955- Março 1956. Lisboa: 1955-56
BELINQUETE, José Martins. "As Carmelitas em Aveiro – Ontem e Hoje". Aveiro: Edições Sinai, 1996
Exposições
Exposição de Arte Portuguesa em Londres (800-1800)