Pote

• Museu: Paço dos Duques
• Nº de Inventário: PD0215
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Cerâmica
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: Século 17
• Dimensões (cm): Alt. 107,5 x Diâm. Boca - 27,8 Base - 33,5 x Prof. 96,6
• Descrição: Par de potes de grandes dimensões (ver tambem PD0216), em forma de balaústre pronunciado, com colo alto e estrangulado, pé pequeno ligeiramente inclinado para o interior, tampa cupuliforme, com pequena aba direita e pega em forma de botão. Foram executados em três partes, cuja união é perceptível no exterior, em porcelana muito branca, densa e pesada, revestida de vidrado quase incolor, salvo no ponto de contacto da tampa e no anel da base, com acumulação de areias do forno no interior da peça. A decoração finamente desenhada em aguadas de azul cobalto sob o vidrado, apresenta dois episódios narrativos distintos; num, duas senhoras passeiam num jardim, uma das quais com uma criança ao colo, a quem a outra mostra uma flor, rodeadas por vedações decoradas com o padrão de “gelo estalado”, tendo como pano de fundo, grandes árvores intercaladas por nuvens num tom de azul profundo, vasos de jardim com arbustos em flor, e, do lado direito, um pavilhão com tecto em cúpula, ricamente pormenorizado, com chão em mosaico de xadrez em dois tons de azul, no interior, e, ao fundo, uma personagem feminina, espreita por detrás de um biombo. No plano inferior da cena, entre vedações e arbustos de folhas de bananeira, três meninos parecem interromper um jogo para apontar para algo ou alguém que se aproxima. No outro episódio, o tema central parece a continuação da cena atrás descrita; ao centro, envoltos em nuvens dinâmicas de um azul profundo, dois cavaleiros galopam, em trajes de guerra senhoriais, um de longas barbas empunhando um sabre em cada mão, parece perseguir o cavaleiro à sua frente e este, por sua vez, virado para trás olha-o, erguendo com os dois braços uma longa espada em atitude ameaçadora. Os cavaleiros atraem os olhares, de vários personagens que, no plano superior da cena, estão por detrás de várias vedações arquitectónicas, enquadradas por arbustos, vasos, antiguidades e peças de mobiliário, num ambiente idêntico ao da cena atrás descrita, com um pequeno pavilhão que parece indicar a entrada para um palácio; no plano inferior, arquitecturas de jardim e vedações ornamentadas com o padrão de “gelo estalado” enquadram duas crianças que indiferentes à passagem dos cavaleiros, jogam com uma bola. No par de potes, estes dois episódios ocupam, alternando-se, quatro painéis no centro dos jarrões, separados verticalmente por bandas entre duplo traço azul, preenchidas por um enrolamento de folhas e meias corolas de peónias, e, horizontalmente, por friso geométrico de linhas paralelas com um efeito espinhado, no ombro, cercadura com fundo de padrão “gelo estalado”, de medalhões de folhas de lótus reservados a branco e azul sobre rematado por lambrequim de pétalas estilizadas brancas contornadas a traço azul e azuis com padrão de flores e folhas reservadas a branco. Sublinhando o pé, junto ao anel da base, corre um friso de espinhado triangular em linhas azuis. O colo é decorado por cercadura composta por dupla faixa de folhas lobuladas, azuis, preenchidas com padrão de folhas de lótus reservadas a branco, alternando com folhas brancas triangulares de contorno simples a azul, separadas entre si por pequenos crisântemos e folhas de trevo. No arranque do colo, entre duplos traços azuis, uma cercadura com corolas de peónias que, entre outros significados, contém em si a ideia de renovação eterna como símbolo da Primavera. A tampa é contornada, na aba junto ao bordo, por cercadura de triângulos em efeito espinhado, semelhante à do pote, e decorada por quatro composições com o tema das “Cem antiguidades”, Pa pao, contendo uma quantidade variável de símbolos e objectos ancestrais, como vasos preciosos, rolos de pintura, entre outros. No topo da cúpula, um friso de pétalas de peónias azuis marca a inserção da pega, sendo esta decorada com uma só corola de crisântemo. O tema das narrativas pode ter sido inspirado no Romance dos Três Reinos (San Guan Yan Yi), romance épico escrito no século III D.C., cuja autoria é atribuída a Luo Guanzhong (c. 1330-1400), de finais da dinastia Yuan.
• Incorporação: Adquirido a "Antiquália, Ldª"
• Centro de Fabrico: Fornos de Jingdezhen, província de Jiangxi