Dormição da Virgem

  • Museu: Paço dos Duques
  • Nº de Inventário: PD0475
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: Século 16
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões (cm): Alt. 117 (s/moldura) x Larg. 193 (s/moldura)
  • Descrição: Pintura a óleo sobre madeira, de carácter figurativo e de temática religiosa, representando a “Dormição da Virgem”. Professa a tradição iconográfica e litúrgica da Igreja que no momento da morte da Virgem, por volta dos seus 72 anos de idade, os discípulos encontravam-se espalhados pelo mundo a anunciar o Evangelho, mas logo voltaram a Jerusalém para render homenagem à Theotokos. Com excepção de Tomé, todos os outros – inclusive o apóstolo Paulo – estiveram junto a seu leito. Na hora da sua morte, uma dormição Santa, Jesus Cristo desceu para levar sua alma ao céu. Depois da morte, o corpo da Theotokos foi levado em procissão para ser deposto num túmulo próximo ao Jardim do Getsêmani; quando o apóstolo Tomé chegou, três dias depois, e quis ver seu corpo, o túmulo estava vazio. A assunção corpórea da Theotokos foi confirmada pela mensagem do anjo e pela aparição dela aos apóstolos, à semelhança de que havia acontecido com Jesus Cristo. A pintura aqui em questão, de cunho maneirista está organizada em cinco planos horizontais, principais, com recurso à perspectiva linear e com base num desenho de contorno rigoroso e tratamento pictórico em velatura. A partir do centro do quadro distribuem-se de forma eloquente, por um espaço arquitectónico que se prolonga para o exterior, as treze personagens principais que compõe esta cena. No centro a Virgem e em seu redor os doze Apóstolos, cada um deles exibindo uma pose, traje, expressão facial e gestual diferente. Os corpos, de tratamento maneirista, são exageradamente alongados e robustos contrariando a restante subtileza conferida aos semblantes e ás vestes de cores quentes e vibrantes. A figura da Virgem jaz serena sobre um ataúde castanho de desenho elaborado que por sua vez repousa sobre um estrado em tons de rosa seco. Está encostada à cabeceira, reclinada a ¾ e mostra rosto miúdo e sereno. Enverga vestes cinzentas, manto e véu azul e tem as mãos cruzadas sobre o ventre simbolizando a contradição e o amor de deus. Sentado sobre o estrado, em primeiro plano, encontra-se a figura de um dos apóstolos, o qual se encontra de perfil a ¾ e com um livro, provavelmente de orações, aberto sobre o colo. Ao seu lado esquerdo encontra-se um turíbulo pousado sobre o chão perspéctico em tons de branco e decorado com círculos em bege. Já à sua direita está um livro fechado, disposto em diagonal contra o estrado. Junto ás extremidades do mesmo estrado ajoelham-se outros dois apóstolos. O da esquerda, mais velho, está prostrado lendo um livro, enquanto o da direita, ajoelhado sobre o joelho esquerdo, tem um livro aberto sobre o mesmo e as mãos prostradas, orante. No lado esquerdo observam-se mais cinco personagens. A do primeiro plano, de costas a ¾ para o observador segura uma cruz processional e tenta participar no diálogo dos outros dois à sua frente que interagem avivadamente. Um destes personagens reclina-se sobre a cama da Virgem e segura um livro aberto. O quinto elemento deste grupo, o mais recuado, chama a atenção dos companheiros para a figura da Virgem. No seu alinhamento distribuem-se os restantes apóstolos, todos inclinados sobre a Virgem e um deles segurando uma caldeirinha enquanto o outro segura o hissope. O terceiro segura paira sobre o ventre da Virgem uma vela acesa de forma a aliviar a dor da agonizante conforme o costume da época. Já o quarto elemento acomoda-se sobre a cabeceira do ataúde, em pose descontraída e segurando uma palma, símbolo do martírio e força que afugenta o mal. O último dos apóstolos descritos, um dos mais velhos (pelas barbas brancas e calvície que apresenta), encontra-se por trás do último descrito, este, algo desligado da cena, olhando e apontando para a esquerda do quadro. A partir do quinto plano desenvolve-se uma arquitectura fingida em tons de castanho escuro, a qual permite prolongar o olhar do observador para um espaço de exterior marcado por um céu azul celeste e pontuado por montes e vales em degrade verdes de onde ressaltam ainda apontamentos arbóreos e algumas construções. No plano mais próximo encontra-se ajoelhado um pequeno anjo alado, vendo-se ainda outro no ar, a voar a pique e segurando um véu fino. Não mostra assinatura. O carácter simbólico desta cena é reforçado com a presença de elementos tais como os livros, aluindo à oração; uma palma que para além de representar o martírio está ainda tradicionalmente associada à figura do apóstolo João, o qual com ela encabeçou o cortejo fúnebre da Virgem afugentando o mal; a vela acesa, que era costume colocar-se na mão do jacente ou agonizante para apaziguar; o turíbulo sinal de reverência e oração; a caldeirinha e o hissope, sinónimo de purificação de reconciliação e a cruz processional sinónimo de redenção.
  • Incorporação: Adquirida a "Antiquália, Ldª"

Multimédia

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