Vista para Megaletoscópio - Veneza, Sala do Senado do Palácio de S. Marcos

  • Museu: Palácio Nacional da Ajuda
  • Nº de Inventário: 64307
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Fotografia
  • Autor: Ponti, Carlo (Fotógrafo)
  • Datação: 1859/1862
  • Técnica: Albumina; moldura de madeira; tecido de linho branco.
  • Dimensões (cm): Comp. 43,4 x Larg. 30,5 x Esp. 0,8
  • Descrição: Interior. Vista da Sala do Senado - cadeiral e pintura mural. Albumina montada numa armação de madeira, pintada com tinta preta nos lados e atrás, e com dois recortes rectangulares dos lados (que servem de pega). O reverso é forrado com pano de linho cru. A espessura da armação permite que entre a fotografia e o pano de linho exista uma camada pictórica. Ao fazer incidir uma luz na parte posterior do aparelho, a fotografia a preto e branco transforma-se numa fotografia colorida.
  • Origem/Historial: Carlo Ponti, nascido na Suiça (c. 1823), abriu o seu primeiro estúdio fotográfico em Veneza na década de 1850, após ter estudado Fotografia em Paris, durante vários anos. Foi um profissional distinguido por muitos dos seus trabalhos e que, em 1862, recebeu um prémio pela invenção do Megaletoscópio, do qual obteve a patente em 1859. Era, de facto, um instrumento científico verdadeiramente original e único. Nele as fotografias eram visionadas através de grandes lentes, as quais criavam a ilusão óptica da profundidade e da perspectiva. As albuminas tinham que ser especificamente trabalhadas para serem vistas num megaletoscópio: para além de serem translúcidas, eram coloridas (pelo verso) e picotadas, para permitir criar efeitos visuais teatrais. As fotografias eram armadas numa grade de madeira (à semelhança das telas de pintura), de modo a possibilitar a sua introdução no interior do aparelho. Com a ajuda de espelhos, a luz ao ser dirigida para a frente da imagem, devolvia ao observador uma vista diurna; iluminando a parte de trás da albumina, obtinha-se uma vista não só nocturna, como também colorida e as perfurações da emulsão tornavam-se pequeninos pontos de luz, como se fossem focos de candeias: uma transformação verdadeiramente impressionante. Em 1866, Ponti foi nomeado óptico da Casa Real Italiana, e trabalhava para o rei Victor Emanuel II. Estas balizas temporais permitem-nos supor que o megaletoscópio de Carlo Ponti deverá a sua existência no PNA, graças às seguintes hipóteses: ter sido uma oferta do rei de Itália para a sua filha D. Maria Pia, a viver em Portugal; tratar-se de uma aquisição da rainha, quando da sua viagem a Itália, em 1865; ser um presente do próprio autor, Carlo Ponti, à princesa, por ocasião do seu casamento em 1862. A grande novidade e a modernidade desta engenhosa invenção, cujo desempenho quase raiava as “artes da magia”, constituíam motivo suficiente quer para atrair o interesse pela sua aquisição, quer para que revestisse o perfil de presente régio. Lembramos que a arte da fotografia, então ainda nos seus primórdios (e de avultados custos), estava ao alcance de poucos. À sua restrita popularidade, acresce o facto das recentes invenções, na maioria das vezes, serem detidas em primeiro lugar pelas Casas Reais vigentes.
  • Incorporação: Casa Real
  • Centro de Fabrico: Itália

Bibliografia

  • Les Mecanismes du Genie, Instruments Scientifiques des XVIIIe et XIXe Siècles, Collection du Cabinet de Physique et de l'Observatoire Astronomique de l'Université de Coimbra: Europalia, 1991

Multimédia

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