Rosa de ouro

• Museu: Palácio Nacional da Ajuda
• Nº de Inventário: 5168
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Ourivesaria
• Autor: Autor desconhecido (Ourives)
• Datação: 1842a.C
• Técnica: Ouro mate e polido cinzelado, bronze cinzelado, prata dourada cinzelada
• Dimensões (cm): Alt. 95 x Larg. 23,5
• Descrição: Rosa de ouro constituída por uma base triangular em bronze (?) dourado e cinzelado, um vaso em forma de urna em prata dourada cinzelada e um ramo de rosas em ouro. Base triangular lisa de orlas molduradas e com os vértices truncados. Sobre estes, igual número de garras cinzeladas, intercaladas por decoração vazada de palmetas, florões e volutas, em bronze cinzelado. Sobre estes motivos assenta uma plataforma triangular que reproduz a forma da base e que é ornamentada em redor com um friso em grega, vazado e aplicado. Esta plataforma é, por sua vez, encimada por três leões alados cujos corpos se prolongam em folhagens volutiformes que preenchem os três lados da peça. Um corpo em forma de cálice invertido, decorado por seis folhas de acanto em ouro cinzelado com as extremidades inferiores enroladas, serve de suporte ao vaso. Este, em forma de urna, apresenta o bojo decorado com volutas, palmetas e folhagem sobre campo mate. Entre estes motivos destacam-se as armas do Papa Gregório XVI, encimadas pelo timbre constituído por duas chaves passadas em aspa, sobrepujadas pela tiara papal. As chaves constituem os símbolos do poder espiritual e temporal e a tiara simboliza os três poderes reunidos pelo Sumo Pontífice: Ordem, Jurisdição e Magistério. Duas asas em forma de grifos, rematadas por folhas de acanto. O conjunto é encimado por um ramo de rosas com a respectiva folhagem em ouro.
• Origem/Historial: Oferta simbólica que os Papas costumam enviar a soberanos, príncipes, personalidades ilustres, bem como a santuários, igrejas e cidades como sinal de particular benevolência ou em reconhecimento de serviços prestados à Igreja Católica. Com origem no século XI, esta distinção pontifícia consistia inicialmente numa única rosa de ouro maciça. No século XV, o Papa Sisto IV terá substituído a flor única por um ramo espinhoso composto por várias rosas, sendo a do meio a maior. O centro da rosa principal é provido de um minúsculo receptáculo com uma espécie de tampa transfurada, onde o Papa deposita o almíscar e o bálsamo para depois proceder à singular cerimónia da "Benção da rosa", aspergindo-a com água benta. No calendário litúrgico a Benção da rosa assinala-se no quarto domingo da Quaresma, o chamado Domingo Laetare, desconhecendo-se com rigor qual o pontífice que terá instituído esta prática. Vários monarcas portugueses foram agraciados com esta oferta pontifícia. A primeira rosa de ouro foi oferecida pelo Papa Nicolau V a D. Afonso V em 1454; a segunda pelo Papa Júlio II a D. Manuel I, em 1506; a terceira pelo Papa Leão X ao mesmo monarca, em 1514; a quarta pelo Papa Júlio III ao Príncipe D. João (filho do rei D. João III), em 1550; a quinta pelo Papa Clemente XVI a D. José, em 1770; a sexta pelo Papa Gregório XVI a D. Maria II, em 1842 (PNA, inv. 5168) e a sétima pelo Papa Leão XIII a D. Amélia (PNA, inv. 4874). Consta que a rainha D. Maria Pia terá recebido uma antes do seu casamento com o rei D. Luís I, oferecida pelo seu padrinho de baptismo, o Papa Pio IX, mas de que se desconhece o paradeiro. O transporte de Roma para Lisboa da Rosa de Ouro oferecida pelo Papa à rainha D. Maria II ficou a cargo de D. Estêvão Vizzardelli, que para o efeito, foi nomeado pelo Sumo Pontífice seu camareiro secreto. Juntamente com a Rosa de Ouro o Papa enviou à rainha uma mensagem, na qual expressava os votos de que a Rosa de Ouro fosse para o reino português um símbolo de toda a prosperidade e de florescimento da religião católica. A sua entrega foi feita com toda a solenidade e em presença da corte, na capela do Palácio das Necessidades, no dia 24 de Abril desse ano. Era nesta capela que se encontrava exposta por ocasião das grandes cerimónias religiosas. Inventariada no "Arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades", vol. 7, 1910-1912, sob a verba "17274".
• Incorporação: Casa Real
• Centro de Fabrico: Roma, Itália