Armário

  • Museu: Palácio Nacional da Ajuda
  • Nº de Inventário: 3456
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Mobiliário
  • Autor: SORMANI, Paul (Marceneiro)
  • Datação: 1867/1901
  • Suporte: Interior em pau-santo
  • Técnica: Madeira torneada, recortada, embutida, polida; bronze fundido, dourado e cinzelado; pintura a óleo sobre tela
  • Dimensões (cm): Alt. 97 x Larg. 83 x Prof. 38,5
  • Descrição: Armário baixo (tipo móvel de apoio), com tampo em mármore policromo em tons de castanhos, rosa e ocre. Alçado principal constituido por uma porta, que abre para a direita, revestida com uma pintura sobre tela, de tema mitológico: duas figuras femininas - uma com uma seta na mão -, com cupido a seu lado, segurando uma pequena ave. A tela, aplicada sobre o batente, é contornada por moldura em bronze, serpenteante, na qual se entrelaçam folhas e flores cinzeladas. Frente e ilhargas contramoldadas e prumadas curvilineas. Ihargas folheadas e marchetadas com madeiras exóticas - pau-rosa, pau-violeta e pau-santo -, construindo um padrão geométrico através do jogo alternado do tom claro/ escuro das madeiras: uma malha estreita de losangos, cuja tonalidade se altera consoante a incidência da luz. Esta malha é moldurada por friso em bronze com folhas entrelaçadas. O interior é em pau-violeta e tem uma prateleira ao meio; a porta é em pau-santo. O remate inferior do alçado principal é ondulado, com recorte em voluta, sendo moldurado por guarnição em bronze, com decoração concheada ao centro. Nas ilhargas o ondulado do remate inferior é simétrico, com guarnição em bronze - folhagem distendida. Os quatro pés são revestidos por sapatas em bronze, com desenho naturalista; entre estes e as chutes, cobrinto a aresta dos montantes dianteiros, corre um friso em bronze de entrelaçado simples. Tampo em mármore brecha de recorte curvo e perfil ondulado.
  • Origem/Historial: Adquirido pela rainha D. Maria Pia Paul Sormani (1817-1877). Ebéniste francês, eleito pela elite parisiense e fornecedor da casa imperial francesa, era especializado na reprodução de móveis Luís XV e Luís XVI. Teve como pares de ofício nomes como os de Henry Dasson (1825-1896), G. Durand (1839-1920), François Linke (1855-1946) e Alphonse Giroux (act. 1838-1867), igualmente fornecedores da Coroa, estabelecidos em Paris. Entre os Mestres setecentistas por si fielmente seguidos, destacam-se Charles Cressent (1685-1768) e Jean-Henri Riesener (1734-1806). No Palácio da Ajuda existem diversas obras suas. Desde mobiliário - cómodas, secretárias, mesas, biombos e vitrines - a estojos com serviços de toucador, toilette e piquenique, comprados por D. Maria Pia directamente na loja, durante viagens realizadas ao longo do reinado, ou encomendados a partir de Lisboa, por intermédio de catálogos e fotografias remetidas pelo estabelecimento comercial de Paris. Italiano, natural de Canzo, na região de Veneza (província de Como na Lombardia), Paul Sormani casa em 1847 com a francesa Ursule Marie-Philippine Bouvaist e instala-se em Paris. Neste mesmo ano já se conhece a sua primeira oficina, no número 7 cimetière Saint Nicolas; em 1854 muda-se para o número 114 rue du Temple; e, finalmente, em 1867, fixa-se no número 10 rue Charlot, onde exerce até morrer. Após 1877, o filho Paul-Charles Sormani e a mulher mantêm a oficina da rue Charlot aberta. Só em 1914, quando se associam à casa Thiebault frères, se estabelecem no número 134 boulevard Haussman, que encerra em 1934. De início especializado em nécessaires, malas e estojos de viagem, é fundamentalmente a apartir de 1867 que começa a dedicar-se mais ao fabrico de mobiliário, especializando-se nos petits meubles de luxe et de fantaisie, como o próprio identificava. Uma patente sua registada em Inglaterra, a 26 de Novembro de 1852, pela invenção de um "estojo de viagem aperfeiçoado", indica-nos não só a criatividade e originalidade que detinha na matéria, como o facto, aparentemente desconhecido, de ter tido loja em Londres. Mas foi através do mobiliário e da sua mestria em ébénisterie, que o seu nome se afirmou. Logo dois anos depois de ter actividade aberta em Paris, em 1849, participou na Exposição Industrial realizada na cidade, ganhando uma medalha de Bronze. A esta seguiram-se: a Exposição Universal de 1855 (Paris), onde lhe foi atribuida a medalha de prata de Primeira Classe; a de Londres, 1862, onde recebeu uma medalha de 2º Lugar e, finalmente, a 2ª Exposição Universal de Paris, em 1867, na qual apresentou móveis pequenos de luxo. Nesta mostra recebeu a medalha de Prata, tendo a sua participação ficado célebre e descrita no catálogo da exposição por "[...] toda a sua produção revelar uma qualidade de execução de primeiríssima ordem" (Ledoux-Lebard pg. 583) distinção que o acompanhou até ao final da vida. in artigo MCRA
  • Incorporação: Casa Real
  • Centro de Fabrico: França

Bibliografia

  • ANDRADE, Maria do Carmo Rebello de - Mobiliário da Época de Napoleão III nas colecções do Paço da Ajuda, in Mobiliário Português - Actas do I Colóquio de Artes Decorativas (ESAD/FRESS, 27 e 28 Setembro 2007). Lisboa: Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, 2008 (pp. 127 a 139)
  • BACCHESCHI, Edy - Les Ébénistes du XIXe Siècle. Paris: Payot, 1987
  • Le Mobilier Français du XIXe Siècle 1795-1889. Dictionnaire des Ébenistes et des Menuisiers. Paris: Les Éditions de l'Amateur, 1989
  • LEDOUX-LEBARD, Denise - Le Mobilier français du XIX siècle, 1795-1889. Dictionnaire des Ébénistes et des Menuisiers. Paris: Les Éditions de l'Amateur, 1989

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