Busto do Rei D. João V

  • Museu: Palácio Nacional de Mafra
  • Nº de Inventário: PNM 7509
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Escultura
  • Autor: Alessandro Giusti (Escultor)
  • Datação: 1748/1749
  • Suporte: Pedra (calcário); mármore
  • Técnica: Escultura
  • Dimensões (cm): Alt. 120 x Larg. 80 x Prof. 60
  • Descrição: Escultura de vulto pleno em mármore de Carrara representando D. João V, Rei de Portugal. Escultura a meio corpo, assente sobre plinto marmóreo com epígrafe. Retrato formal em que D. João V assume uma pose majestática, acentuada pela posição do braço esquerdo, apoiando a mão à cintura, e estendendo a direita, que segura um bastão militar, no sentido de apontar ou dar ordem. Traja armadura envolta em manto de arminho, a cabeça é adornada por uma cabeleira de canudos, coroada de laurel. Na base da escultura encontram-se diversos objetos relativos às artes liberais sob proteção régia, entre as quais se contam livros, instrumentos e um busto, representando a escultura, o desenho, a pintura, a arquitetura e a música. Pedestal em mármore branco e pedra calcária nacional (amarela, cor de rosa, azul/cinza e negro). Plinto de secção quadrangular, em forma de balaústre, com cantos cortados e faces abauladas, com frisos relevados nas uniões do cubo. Cornija oitavada, em pedra creme já bastante desgastada, formando 3 degraus decrescentes em direção ao cubo. Soco com o mesmo recorte em pedra calcária rosada. Cubo com as faces principais em pedra calcária azul moldurada a pedra creme; cortes dos cantos ou faces intermédias em pedra calcária rosada moldurada a pedra creme. As extremidades são realçadas com um friso relevado em pedra creme. Face principal encimada com as Armas Reais esculpidas em mármore branco; abaixo, a epígrafe. Nas faces intermédias aplicação de festão floral em pedra mármore branco. No topo, na união, ornamento circular relevado em pedra calcária negra. Nas faces laterais, aplicação de cabeça de leão, relevada, em mármore branco. Base composta por 3 peças: 2 conjuntos de 3 degraus decrescentes em pedra calcária creme e um soco em pedra negra. No campo da face principal do plinto uma reserva com a epígrafe que completa a asserção iconográfica: JOANNI. V. | REGI. FIDELISSIMO | DIVINI CVLTVS | BONARVMQVE ARTIVM | CVRATORI OPTIMO | QVOD | PVBLICAE VTILITATI | CONSVLENS | DOMVM HANC | ER[E]XERIT | JOSEPHVS I. | POSVIT | PARENTI | FILIVS (A João V, Rei Fidelíssimo, o melhor curador do culto Divino e das Belas Artes porque, vigilante da utilidade pública, construiu esta casa. O filho, José I, dedicou ao pai).
  • Origem/Historial: Obra de Alessando Giusti, escultor de Roma que com este retrato do rei D. João V inicia a sua extensa relação artística com Portugal e, em particular, com a Real Escola de Escultura de Mafra, "academia" instituída por D. José I. D. João V é aqui representado com cerca de 60 anos de idade, já no final da sua vida (1689-1750). numa pose majestática e formal, atestando a grandeza régia e o alto patrocínio às artes liberais. A escultura, destinada à biblioteca do Convento de São Filipe de Néri, também dito de Nossa Senhora das Necessidades, em Lisboa, posteriormente transferido para o jardim do Palácio das Necessidades, depois para a Sala das Bicas do Palácio de Belém e transferido para o Palácio de Mafra em Julho de 1985. Idêntico a esta escultura existe, um gesso (PNM 7549), mas sem plinto. Este tem a assinatura de Alexandre Justi (Alessandro Giusti) (ALEX_/DE_/IUST_/ROM"), que não se reproduz no definitivo em mármore. Referências: 1) Palácio das Necessidades "No fundo do seu nicho, entre verdura, com as suas rendas lavradas na brancura de marmore, a sua cabeleira, os seus olhos expressivos, o busto de D. João V, do fundador do Palácio, assistiu a tudo aquilo (...)" . "Os Jardins do Palácio Fatídico" in Ilustração Portugueza, nº 293 de 2.10.1911, pg. 431 - artigo sobre o Palácio das Necessidades, os seus reais habitantes e os dramas que aí se passaram. Com foto de Benoliel na pg. 425 (v. imagens). Na obra de Leonor Ferrão, " A Real Obra de Nossa Senhora das Necessidades " as fotos 104 e 105 (pg. 160) ilustram pormenores da cascata no Jardim do Buxo onde esta escultura esteve. 2) "... sabendo S. Exª que no Real Paço das Necessidades, existia um busto de El-Rei o Senhor D. João V, em mármore de Carrara, obra notável do insigne esculptor Alexandre Giusti, obteve de S. M. El-Rei o Senhor D. Carlos autorisação para o fazer reproduzir, sendo ainda a instância sua que o Exmo. Sr. Ministro da Guerra Conselheiro Pimentel Pinto, permittiu que fosse fundido nas officinas do Arsenal do Exército. Este busto, verdadeiro primor de arte, é destinado á sala de exposição do thesouro da Capella de S. João Baptista, e ficará alli bem (...)" Viterbo, Sousa; R. Vicente D' Almeida; "A capella de S. João Baptista erecta na egreja de S. Roque", reimpressão. 1997, Ed. Livros Horizonte, pg. III; 1ª ed. 1900, Ed Santa Casa da Misericórdia tem foto na pg seguinte. 3) Palácio de Belém "... Interiormente tem algumas boas salas, decoradas modernamente por Columbano, Malhoa, João Vaz, Leandro Braga, etc.. como o salão de entrada (Sala dos Bichos) cujo pavimento é todo de mármores axadrezados, o tecto decorado de pinturas alegóricas e as paredes guarnecidas de medalhões de jaspe com figuras de imperadores romanos. Ao fundo um busto de D. João V, boa escultura de mármore de Carrara, entre duas fontes com tanques de mármore." Guia de Portugal I , Generalidades Lisboa e Arredores, Fundação Calouste Gulbenkian , 1991, 3ª reimpressão, (1ª edição 1924, BNL), pg 392. 4) "Destinava-se ao Palácio das Necessidades. Foi inicialmente trabalhado em madeira, depois fundido em bronze e finalmente passado a mármore. O exemplar em bronze encontra-se no Museu de Arte Sacra de S. Roque. (...) Destinado à Biblioteca do Palácio das Necessidades... - Teixeira, José Monterroso; Catálogo do Triunfo do Barroco, pág. 150. NOTA: O exemplar de bronze encontra-se na Capela de S. João Baptista (Igreja de S. Roque) e foi mandado fundir por D. Carlos (v. acima). 5) "Deve concluir-se que a efígie real resulta da adopção de uma fixação já efectuada largos anos atrás (ct. anverso da Dobra de 16 escudos em ouro, de 1731) em que é visto com a mesma cabeleira de canudos, coroa de louros e perfil do rosto com o mesmo recorte". Teixeira, José Monterroso; Catálogo do Triunfo do Barroco, pág. 151. *NOTA: Penso que a efígie da dobra de 24 escudos, do mesmo ano, que retrata D. João V com o mesmo perfil mas uma cabeleira mais elaborada e um manto ao nível dos ombros estabelece uma relação mais forte com a sumptuosidade deste busto de D. João V de A. Giusti. 6) "A pedido da direcção deste Palácio [Luís Filipe Marques da Gama] e após longas negociações com o Senhor Secretário-Geral da Presidência da República, foi autorizada por Sua Excelência o Senhor Presidente da República a cedência definitiva do busto e peanha de D. João V, em mármore de Carrara, da autoria de Alexandre Giusti, fundador da Escola de Escultura de Mafra, o qual se encontrava na Sala das Bicas do Palácio Nacional de Belém. Esta notável peça escultórica passou, assim, a fazer parte integrante das colecções do Palácio Nacional de Mafra, desde Julho de 1985, encontrando-se exposta na Sala da Bênção." In Relatório Anual da Actividades Desenvolvidas no Palácio Nacional de Mafra em 1985, pág. 10, alinea 2). 7) Acerca da vida do escultor Alessandro Giusti "... O ministro de Portugal junto da Santa Sé, escripturou Giusti por dous annos para a [capela de S. João] vir assentar, o que teve effeito em 1747 e 48. Depois fez a Estatua do Senhor D. João o 5º para a Livraria das Necessidades, e as Estatuas para a Igreja ... , forão ellas acabadas em 1753". MACHADO, Cyrillo Volkmar; "Colecção de Memórias, Relativas às Vidas dos Pintores, e Escultores, Architetos, e Gravadores Portuguezes e dos Estrangeiros, que estiverão em Portugal, recolhidas, e ordenadas por Cyrillo Volkmar Machado, Pintor ao serviço de S. Magestade. O Senhor D. João VI"; 1823. 8) Existe um busto em madeira dourada na Sala D. João V no Museu Militar "... tem do lado esquerdo de quem entra, uma cópia em madeira dourada, do busto de mármore deste monarca, existente na Basílica de Mafra". E.M.E, Museu Militar de Lisboa, 1996, pág. 59.
  • Incorporação: Proveniente do Palácio das Necessidades. Transferido do Palácio Nacional de Belém para o Palácio Nacional de Mafra.

Bibliografia

  • "Os Jardins do Palácio Fatídico" in Ilustração Portugueza. Lisboa: 1911
  • Triunfo do Barroco. Catálogo de exposição. Lisboa: Fundação das Descobertas, 1993
  • MACHADO, Cyrillo Volkmar - Colecção de Memórias, Relativas às Vidas dos Pintores, e Escultores, Architetos, e Gravadores Portuguezes e dos Estrangeiros, que estiverão em Portugal, recolhidas, e ordenadas por Cyrillo Volkmar Machado, Pintor ao serviço de S. Magestade. O Senhor D. João VI. Lisboa: Impr. de Victorino Rodrigues da Silva, 1823
  • GORJÃO, Sérgio; PEREIRA, Paulo; Et alli. DO TRATADO À OBRA - GÉNESE DA ARTE E DA ARQUITETURA NO PALÁCIO DE MAFRA. Mafra: DGPC/PNM, 2017

Exposições

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