Descrição: Grupo escultórico, em vulto perfeito, de corpo inteiro, em mármore, representando par de Figuras da Infância segurando entre os dois um grande Feixe de Espigas.
De pé, o menino à esquerda tem o pé esquerdo atrás do outro pé, dando ideia de movimento; corpo totalmente descoberto, com excepção de um manto sobre o ombro esquerdo, que lhe cai sobre o lado esquerdo e costas. O outro menino está semi-ajoelhado; olha em frente e apresenta um manto sobre o ombro direito, caindo sobre a frente e costas. Por detrás e sob os meninos, uma rocha com flores.
Origem/Historial: Esta peça vem referida nos inventários de 1763/1776, fl.9v
"Continua o Jardim novo Nafrente, efim do d.º balaustrada com 12,, feguras da Infancia coleadas humas com outras (12 feguras da Infancia divididas em 6 partes cada uma em diferentes objetos. Entre estas,) ",
"No mesmo ano [1760] foi avaliada outra mercadoria, adquirida a um tal Rodrigo Lessert, que incluia uma figura de Ceres sentada e os grupos de meninos de mármore (...) ", Palácio de Queluz. Jardins, Afonso e Delaforce, pp. 18 e 45
Relativamente à escultura em pedra existente nos Jardins de Queluz, para além da de produção portuguesa, essencialmente em lioz, mármore de Pêro Pinheiro e pedra de Ançã, é importante mencionar a importação de escultura em mármore, de Itália, nomeadamente de Génova.
O agente da encomenda italiana vinda para Queluz, foi Nicolau Possolo, estabelecido em Lisboa, e as peças vieram entre 1757, 1760 e 1765.
As esculturas não eram adquiridas para um espaço determinado e muitas vezes iam mudando de posição, à medida que o jardim se desenvolvia e a decoração de alterava. Muitas estátuas eram policromadas, para parecerem tão próximas da realidade quanto possível, enquanto outras eram parcialmente douradas.
A presença de estátuas espalhadas nos jardins ajuda à marcação de perspectivas, de entradas e sublinha os diversos planos, regulariza a paisagem. As Esculturas ritmam o espaço, o que faz delas peças fundamentais da arquitectura paisagística.
Na iconografia barroca é grande a importância da Alegoria, pela duplicação de significados e pelo seu carácter didáctico. Existia então uma nova visão da história e da mitologia, que as via como imagens alegóricas, que apresentavam um sentido retórico, celebrativo e moralizante.
Em Queluz, são vários os exemplos desta realidade. O Canal foi ornamentado com estátuas e urnas em mármore e a alameda que ligava à Barraca Rica estava ornada com bustos também em mármore, de heróis e heroínas da Antiguidade, assentes sobre pedestais. Na Fachada das Cerimónias, ao longo da balaustrada, junto ao telhado, a colocação de esculturas, veio acrescentar movimento ao seu traçado. Na balaustrada de pedra que circunda o Jardim de Neptuno/Pênsil observam-se estátuas italianas, em mármore, cuja temática mitológica se relaciona com o jardim ou com a vida bucólica. O Jardim de Malta viu-se completado na sua harmonia com a presença, novamente, de bustos de heróis e heroínas da Antiguidade Clássica, colocadas sobre pilastras adoçadas à fachada. A Cascata Grande, desenhada por Robillion, tinha estátuas na balaustrada que a remata.
FERRO, Maria Inês - O Palácio e os Jardins. London: IPPAR e Scalla Books, 1997
LEITE, Ana Cristina; Paulo Pereira (direcção) - Alegoria do Mundo: a arte dos jardins, in: História da Arte Portuguesa, 3º Vol.. Barcelona: Círculo dos Leitores, 1995
RODRIGUES, Ana Duarte - Exemplos de Decorum: De Decorum natura nos jardins barrocos portugueses, in: revista de História de Arte nº3, 2007. Lisboa: Edições Colibri, 2007
LUCKHURST, Gerald, RODRIGUES, Ana Duarte, PEREIRA, Denise, Os Jardins do Palácio Nacional de Queluz, Palácio Nacional de Queluz / Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1ª edição, Outubro de 2011, 151 pgs.
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