Candil

  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Nº de Inventário: 16993
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Datação: Século 11
  • Técnica: Torno e molde. Decoração com técnica de corda seca parcial.
  • Dimensões (cm): Comp. 14 x Diâm. base: 6; depósito: 8,3
  • Descrição: Candil com bico de canal de cerâmica, coberto de engobe amarelado em ambas as faces. O candil incompleto apresenta base plana ligeiramente convexa, depósito baixo, discóide, o arranque de asa de fita de secção oval e bico de canal de paredes facetadas, com vestígios de fuligem na ponta. No fundo do depósito são visíveis caneluras concêntricas. A decoração é feita com a técnica de corda seca parcial. No bico e na parte superior do depósito ostenta traços de pintura castanha que separam meias-luas preenchidas de esmalte verde claro. Tem ainda pingos de esmalte verde na parte inferior do bico de canal. A pasta é beige clara, homogénea e bem depurada. Contém alguns elementos não plásticos de grão médio e pequeno. Este candil representa a tipologia dos candis da época de transição entre o período das Taifas e o dos Almorávidas, ostentando ainda a decoração executada com a técnica de corda seca parcial, típica para as produções cerâmicas do séc. XI, empregue em candis, jarras taças ou pratos. Os valores cromáticos dos esmaltes utilizados variam entre o amarelo vivo, amarelo melado ou verde mais ou menos intenso. Este exemplar tem dimensões bastante superiores aos outros candis dessa tipologia e caracteriza-se pela decoração muito cuidada. Emprega o esmalte verde claro. Nas escavações recentes em Mértola e em Silves foram exumados vários candis análogos, atribuídos aos sécs. XI e XI/XII, respectivamente. No acervo do MNA existem numerosos exemplares de candis da mesma tipologia e com o mesmo tipo de decoração provenientes de diversos sítios do Alentejo, como por exemplo o nº Inv. 17000/Beja e, do Algarve, os nºs Inv. 17003 e 17007, ambos de Faro, e ainda o nº Inv. 996.1.6 de Silves, índício claro de padronização de producões cerâmicas em diferentes centros de olaria.
  • Origem/Historial: Em 1877, Estácio da Veiga foi convidado pelo Sr. Conselheiro Geral de Instrução Pública, a proceder a um exame dos vestígios antigos do concelho de Mértola e a apresentar a revisão da carta arqueológica local. Iniciaram-se, deste modo, as escavações em 2 de Março de 1877, um pouco por todo o concelho, pondo a descoberto vestígios de várias épocas pré-históricas e históricas, desde o Neolítico até à Idade Média, dando a conhecer uma Mértola bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam até então. A grande maioria destes objectos foram, em primeira instância, depositados num gabinete reservado da Academia Real de Belas Artes, sendo mais tarde integrados nas colecções do Museu Etnológico J.L.V. Em 1895, o Dr. José Leite de Vasconcelos, em visita a Mértola, procede a novas escavações, aumentando substancialmente as descobertas e consequentemente o acervo do Museu. O espólio de Mértola, pertencente ao Museu, foi igualmente enriquecido, ao longo dos anos, através de inúmeras doações ou por compra de peças. Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz Este candil provém de Mértola. Segundo a ficha do Inventário Geral foi oferecido ao museu por Manuel P. (F ?) Gomes, sem indicação de data nem outro pormenor do achado.
  • Incorporação: Oferecido por Manuel P. (F ?) Gomes.

Bibliografia

  • KEMNITZ, Eva - Maria von - "Os Candis da Colecção do Museu Nacional de Arqueologia", O Arqueólogo Português, Série IV vol:11/!2. Lisboa: MNA, 1993-1994
  • TORRES, Cláudio - Cerâmica Islâmica Portuguesa, Catálogo. Mértola: Campo Arqueológico de Mértola, 1987
  • VARELA GOMES, Rosa - "Cerâmicas Muçulmanas do Castelo de Silves". Silves: "Xelb", nº 1, C.M. de Silves, 1988
  • VARELA GOMES, Rosa - "Cerâmicas Muçulmanas, de Silves, dos sécs. VIII e IX", 1ªs Jornadas de Cerâmica Medieval e Pós-Medi. Tondela: Câmara Municipal de Tondela, 1995
  • ZOZAYA, Juan - "Aperçu général sur la céramique espagnole", La Céramique Méd. en Méditerrannée Occid.. Paris: CNRS, 1980

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