Candil
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Museu: Museu Nacional de Arqueologia
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Nº de Inventário: 12794 C
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Super Categoria:
Arqueologia
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Categoria: Cerâmica
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Datação: Século 12/13
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Técnica: Torno
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Dimensões (cm): Alt. 2,3 x Diâm. base: 5
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Descrição: Candil (dois fragmentos nº Inv. 12794 C e D) de depósito aberto, de cerâmica, revestido em ambas as faces de vidrado castanho. O candil apresenta base plana, depósito aberto de forma trilobada com vestígios de fuligem na ponta, bordo de secção triangular, asa de fita unida ao depósito no interior. Este candil incompleto é constituído por dois fragmentos colados. O nºInv. 12794 C corresponde à base e uma porção de parede com o bico e o nºInv.12794 D corresponde a uma porção de parede com asa de fita. Pasta castanha alaranjada bem depurada.
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Origem/Historial: Em 1877, Estácio da Veiga foi convidado pelo Sr. Conselheiro Geral de Instrução Pública, a proceder a um exame dos vestígios antigos do concelho de Mértola e a apresentar a revisão da carta arqueológica local. Iniciaram-se, deste modo, as escavações em 2 de Março de 1877, um pouco por todo o concelho, pondo a descoberto vestígios de várias épocas pré-históricas e históricas, desde o Neolítico até à Idade Média, dando a conhecer uma Mértola bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam até então. A grande maioria destes objectos foram, em primeira instância, depositados num gabinete reservado da Academia Real de Belas Artes, sendo mais tarde integrados nas colecções do Museu Etnológico J.L.V.
Em 1895, o Dr. José Leite de Vasconcelos, em visita a Mértola, procede a novas escavações, aumentando substancialmente as descobertas e consequentemente o acervo do Museu. O espólio de Mértola, pertencente ao Museu, foi igualmente enriquecido, ao longo dos anos, através de inúmeras doações ou por compra de peças.
Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz
Este candil provém de Mértola onde foi encontrado na zona do castelo em data e circunstâncias desconhecidas.
Candis de depósito aberto de forma trilobada pertencem a uma tipologia atestada desde a antiguidade grega até a época medieval que apresenta relativamente poucas alterações ao longo da sua evolução. Todavia os exemplares cobertos de vidrdo são indubitavelmente de origem islâmica. Situam-se no contexto das produções cerâmicas vidradas monócromas, como é o caso deste exemplar revestido de esmalte castanho melado, fabricadas no período almóada ou seja nos sécs. XII/XIII.
Em território português são conhecidos exemplares análogos provenientes das escavações realizadas em Mértola e atribuídos aos sécs. XII/XIII. No acervo do MNA, além deste candil em apreço, existem outros exemplares com características semelhantes provenientes de Mértola nº Inv.12000/1/79, de Loulé, nomeadamente nºs Inv. 17118 e 17119 como ainda o nº Inv. 17040 de proveniência desconhecida.
Habitualmente são produzidos com pastas homogéneas e bem depuradas de cor laranja ou castanha alaranjada variando os valores cromáticos de esmaltes entre castanho, castanho melado e alaranjado. Fora do espaço de al-Andalus, candis dessa tipologia foram reconhecidos no Norte de África desde Marrocos até ao Egipto.
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Incorporação: Desconhecida
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Bibliografia
- KEMNITZ, Eva - Maria von - "Os Candis da Colecção do Museu Nacional de Arqueologia", O Arqueólogo Português, Série IV vol:11/!2. Lisboa: MNA, 1993-1994
- MATOS, José Luis de - "Notícia de uma colecção de cerâmica medieval do Museu Hipólito Cabaço de Alenquer", Actas 2º Congr. Coimbra: Min. Educação Nacional, 1971
- ROSSELLÓ BORDOY, Guillermo - Ensayo de Sistematización de la Ceramica Árabe en Mallorca. Palma de Mallorca: Diputacion Prov. de Baleares, 1978
- TORRES, Cláudio - Cerâmica Islâmica Portuguesa, Catálogo. Mértola: Campo Arqueológico de Mértola, 1987