Fragmento de talha
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Museu: Museu Nacional de Arqueologia
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Nº de Inventário: 12760 A
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Super Categoria:
Arqueologia
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Categoria: Cerâmica
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Datação: Século 12/13
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Técnica: Torno. Decoração estampilhada
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Dimensões (cm): Comp. 9,1 x Alt. 14 x Esp. 2
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Descrição: Fragmento de talha de cerâmica coberta em ambas as faces de engobe beige claro, sendo a face interior bem afagada. O fragmento conservado corresponde a uma porção do bojo. Ostenta decoração estampilhada disposta em seis faixas horizontais, paralelas entre si e separadas por cordões salientes. Estão patentes variantes de carácter geométrico, epigráfico e arquitectónico. A pasta é acinzentada, pouco compacta. Contém muitos elementos não plásticos de grão grosso e bolhas de ar.
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Origem/Historial: Em 1877, Estácio da Veiga foi convidado pelo Sr. Conselheiro Geral de Instrução Pública, a proceder a um exame dos vestígios antigos do concelho de Mértola e a apresentar a revisão da carta arqueológica local. Iniciaram-se, deste modo, as escavações em 2 de Março de 1877, um pouco por todo o concelho, pondo a descoberto vestígios de várias épocas pré-históricas e históricas, desde o Neolítico até à Idade Média, dando a conhecer uma Mértola bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam até então. A grande maioria destes objectos foram, em primeira instância, depositados num gabinete reservado da Academia Real de Belas Artes, sendo mais tarde integrados nas colecções do Museu Etnológico J.L.V.
Em 1895, o Dr. José Leite de Vasconcelos, em visita a Mértola, procede a novas escavações, aumentando substancialmente as descobertas e consequentemente o acervo do Museu. O espólio de Mértola, pertencente ao Museu, foi igualmente enriquecido, ao longo dos anos, através de inúmeras doações ou por compra de peças.
Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz
Fragmento de talha proveniente de Mértola. Segundo o registo da ficha do Inventário Geral foi oferecido ao museu por Rita Sebastiana Celorico Palma, sem indicação da respectiva data.
Este fragmento conjuntamente com um outro, nº Inv. 12760 B fazem parte de uma talha de grandes dimensões destinada para guardar água.
O fragmento em apreço ostenta seis faixas preenchidas com motivos estampilhados que oferecem simultaneamente quatro variantes de decoração. Três faixas encontram-se preenchidas com uma sequência de losangos que desempenham papel de separadores, alternando com duas faixas com motivos de carácter epigráfico e uma de carácter arquitectónico. Ambas as faixas com decoração epigráfica são realizadas com caractéres cúficos associados aos motivos fitomórficos estilizados, formando o chamado cúfico florido.
Essas talhas além da sua utilização funcional desempenhavam simultaneamente papel ornamental em função do seu valor estético, ocupando um lugar de destaque numa casa. A importância que os Muçulmanos atribuiam à caligrafia está bem patente neste arterfacto de cerâmica que demonstra uma execução esmerada. Na primeira faixa epigrafada surge a inscrição composta por duas palavras onde apenas a segunda se apresenta legível "Allah". A segunda faixa mostra a repetição da palavra "`ada" (tranquilidade).
No acervo do MNA existe um outro fragmento de uma talha proveniente de Milreu, nomeadamente o nº Inv.998.4.1, que ostenta a mesma inscrição "`ada" (tranquilidade) realizada também em cúfico florido.
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Incorporação: Oferecido por Rita Sebastiana Celorico Palma
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Bibliografia
- FERNANDEZ,, J.A.S.; PORRES, M.G.L.V. - "Tinajas Múdejares del Museo Arqueológico de Sevilla: Tipologia y Decoración" en Homenaje a Conchita F. Chicano. Sevilla: Museo de Sevilla, 1982
- INVENTÁRIO Geral do MNA: ms, s/d
- KHAWLI, Abdallah - "Introdução ao Estudo das Vasilhas de Armazenamento da Mértola Islâmica", Arqueologia Medieval, 2. Porto: Edições Afrontamento, 1993
- KHAWLI, Abdallah - "Lote de Cerâmica Epigrafada em Estampilhagem de Mértola", Arqueologia Medieval. Porto: Edições Afrontamento, 1992