Alçado e planta de arco de triunfo pelo salvamento na praia da Mexilhoeira dos infantes D. Carlos e D. Afonso
- Museu: Palácio Nacional da Ajuda
- Nº de Inventário: BA 7324
- Super Categoria: Arte
- Categoria: Desenho
- Autor: Pinni, Giovanni
- Datação: 1873
- Suporte: Cartão
- Técnica: Tinta preta, sépia e grafite sobre cartão
- Dimensões (cm): Alt. 65,5 x Larg. 50
- Descrição: Projeto para arco de triunfo, representado pelo seu alçado e corte na zona das bases das colunas. Trata-se, como refere a legenda, de um projeto para a construção de um arco de triunfo pelo salvamento dos infantes D. Carlos e D. Afonso, com 10 e 8 anos, respetivamente, na praia da Mexilhoeira, em Cascais, acontecido em 2 de outubro 1873. Sabe-se que os príncipes, passando com sua mãe, junto à Boca do Inferno, foram levados por uma onda, tendo a rainha entrado também no mar para os resgatar, caindo, poi o vestido ficou preso na rocha. Todos foram salvos pelo faroleiro do farol da Guia e pelo visconde de Moçâmedes (Diario Illustrado, 4 outubro 1873, p. 1 https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/viewer/112594/?return=1&prev_next=0#page=1&viewer=picture&o=info&n=0&q= O arco de triunfo, de linguagem neoclássica comemora o salvamento da morte por afogamento dos príncipes na praia da Mexilhoeira, em Cascais, ou melhor, atualmente, em Santa Cruz, Torres Vedras. Em termos formais, o arco de triunfo apresenta uma abertura em arco de volta perfeita com quatro colunas coríntias, nos alçados anterior e posterior e outras quadros nos alçados laterais. Em cima, a coroar o arco, da esquerda para a direita observa-se um C. (de Carlos) tendo por cima uma águia com as asas fechadas (fénix?); uma estátua de Tritão a soprar um buzio sobre um delfim, com a inscrição, em baixo de: “Nec Mare Naufragum” (Nem naufragou no mar) um grupo escultórico de um génio feminino alado (espécie de Caridade da iconografia cristã) a segurar um bebé ao colo (alusão a D. Afonso), vendo-se uma criança mais velha em pé a ser protegida (D. Carlos). As duas figuras tocam o génio que as protege com os braços. A figura feminina e maternal, está a calcar Neptuno, deitado e com o tridente, sinal que derrotou o deus marinho. Em baixo, observam-se as armas de Portugal, a inscrição “II October MDCCCLXXIII” e as armas de Saboia. Mais abaixo, observa-se um grande relevo retangular com a representação de Neptuno sentado num carro sobre as águas a ser levado por duas figuras marinhas e a ser observado por outras duas. Do lado direito, o grupo escultórico com uma Sereia, por cima de um delfim, também a tocar um búzio tendo por baixo a inscrição “Matrem Deterret Piam” (A mãe piedosa foi dissuadida), seguindo-se, novamente uma águia, simétrica à do lado esquerdo, tendo por baixo a letra A (de Afonso). Ao meio, sobre as armas de Portugal e de Saboia, estão mastros para flâmulas. Em ambos os lados do arco de volta perfeita, observam-se uma coroa de flores que significam triunfo e poder. Nos alçados laterais do arco do triunfo, entre os dois pares de colunas descortinam-se, em cada um dos lados, uma estátua, que segura uma bandeira. Esta visualização é difícil por estarem as estátuas atrás das colunas. Contudo, cada uma delas segura uma a bandeira (portuguesa, a da esquerda e a doa outro lado a de Saboia?). As duas estátuas, muito semelhantes entre si, parecem estar de cabelos soltos penteados para trás. A iconografia, por ser um monumento que comemora a salvação de um afogamento é, obviamente, de temática marinha (Neptuno, Tritão, sereia e delfins). Curiosamente, quer a figura masculina, quer a feminina, que podem ser identificados como Tritão e uma sereia, não ostentam os elementos marinhos nos membros inferiores, alusão talvez ao próprio casal de monarcas. Ao centro a alegoria do génio feminino alado parece ser uma alusão à própria ação da rainha salvadora e protetora dos filhos. Por se encontrar o selo branco das armas de D. Maria Pia, este projeto parece ter sido uma encomenda da monarca ao arquiteto italiano.