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Copo com pé

• Museu: Palácio Nacional da Ajuda
• Nº de Inventário: 800
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Vidros
• Autor: Sá, Serafim da Fonseca e (Gravador)
• Datação: 1862
• Técnica: Vidro soprado; gravado
• Dimensões (cm): Alt. 21 x Diâm. 8,6 (copa); 9 (base)
• Descrição: Base circular; pé facetado em forma de 2 balaústres afrontados e encimados por botão semi-achatado; copa troncocónica invertida. Reverso da base decorada ao centro com estrela de 6 pontas com os raios intercalados por leques de 7 pontas. Copa com 2 registos: o 1º composto por gravação profunda e sem polimento sobre fundo vermelho (rubi) com paisagem vegetalista e árvore (carvalho) à frente da qual se encontra um tambor com um jarro e um copo em cima. O tambor possui armas portuguesas encimadas por coroa. Figura masculina (D. João I) vestida à séc.XVII com os braços erguidos; do seu lado direito, representação de meias armas de Portugal encimadas por meia coroa real e meio ramo de louros. Do lado oposto, um 2º registo com faixa de padrão geométrico (losangulos) facetado e raiado, com 2 círculos ligeiramente justapostos em vidro mate, circunscritos por mosquetas e com apontamentos floristados. Um dos círculos possui as iniciais "LM" e o outro as armas de aliança de Portugal e Saboia. Bordo liso.
• Origem/Historial: Segundo o inventário judicial do PNA, esta peça encontrava-se na Sala Azul, piso térreo. De acordo com artigo publicado no jornal Revolução de Setembro, nº6131, de 18 de Outubro de 1862 esta peça foi uma prenda de casamento do gravador de vidro Serafim da Fonseca e Sá ao rei D. Luís: " Lindo presente a el-rei. - O sr. Serafim da Fonseca e Sá, o distincto gravador em vidro, (...) fez hoje um delicadissimo presente a S.M. el-rei o sr. D. Luiz, como mostra de regozijo pelo seu feliz enlace com a augusta princeza de Saboya, hoje rainha de Portugal./ Este brinde é um lindo copo de christal em que o artista gravou com o maior primor as seguintes alegorias:/ De um lado vê-se el rei D. João I em posição victoriosa tendo ao lado um carvalho, symbolo da victoria, e um tambor em descanço e apontando para as armas portuguezas que se ergueram altivas, após a gloriosa lide dos campos de Aljubarrota./ A perfeição do desenho, a verdade historica, a postura altiva da figura e toda a desposição dos accessorios são de uma perfeição e certeza que parece impossivel que sobre vidro se possa gravar com tanto mimo./ Do outro lado estão as armas de Portugal e Saboya enlaçadas, dentro de um circulo de perolas, e em outro circulo egual a lettra dos excelsos conjuges./ Ambos estes emblemas são circundados de silvados de flores e franças de arvores, sendo as mais notáveis uma rosa de extrema perfeição, e vários arabescos (...)". Serafim da Fonseca e Sá, gravador de vidro, de nacionalidade portuguesa, viveu cerca de 20 anos no Brasil, tendo regressado a Portugal em Março de 1862 com a intenção de iniciar uma escola de gravação de vidro. Um artigo de jornal (Revolução de Setembro, Dezembro de 1863) refere que dada a impossibilidade de fundar a escola, o gravador deverá regressar ao Brasil, país onde é reconhecido. Participou na exposição universal de Londres (1862), recebeu várias condecorações e foi nomeado gravador da casa imperial (D. Pedro II do Brasil). Referência a este copo no "Inventário e Avaliação dos Bens que ficaram por falecimento de Sua Magestade El Rei O Senhor Dom Luiz (...) existentes em 31 de Outubro de 1889 no Real Palácio da Ajuda" (arquivo do PNA, cota 8.6.1., caixa 1): "Sala Azul/ Nº158 Um copo de crystal moderno com armas de Saboya e Portugal, avaliado em treze mil e quinhentos reis". Há ainda outra referência a esta peça no "Inventário da Sala Azul" (arquivo do PNA, cota 8.6.1 (2), caixa 1, documento 11, de 10 de Fevereiro de 1898): "Sala Azul/ Primeiro Armário Pequeno/ 1 grande cálix lapidado e gravado tendo um pequeno quadrado com fundo cor de vinho, representando um guerreiro".
• Incorporação: Casa real
• Centro de Fabrico: Portugal