Descrição: Busto em cera, representando o rei D. João VI com o rosto voltado ligeiramente para a direita. Cabeça coroada de louros, sobre cabelo à romana; boca entreaberta. Fita da coroa de louros caindo sobre o ombro esquerdo. Corte horizontal ao nível do peito. Assenta sobre peanha de secção circular, em madeira marmoreada; está decorada na base com friso em cera com ornatos de coração e um friso superior, também em cera, de ornatos de óvalos e dardos. Ao centro apresenta uma placa em cera com inscrição: IOANNES VI. IMPER REC ANS CI IC XXXVI
Origem/Historial: A 4 de Setembro de 1825 D. João VI terá ordenado a Joaquim Rafael, Primeiro Pintor de Câmara e Corte, para modelar em cera a sua real efígie, assim como a da restante família real. O primeiro busto realizado corresponde ao D. João VI conservado hoje no Palácio Nacional da Ajuda, assinado e datado de 1826. Seguiram-se depois os de D. Carlota Joaquina e de D. Maria I, igualmente conservados no mesmo palácio e datados de 1831, existindo ainda notícia de um busto de D. Pedro IV, hoje perdido. O busto D. João VI foi replicado como revelam os exemplares conservados no Palácio Nacional de Queluz e no Paço Ducal de Vila Viçosa, onde se encontra ainda outro de D. Carlota Joaquina (Telles, 2021).
No Inventário dos Móveis do Palácio de Queluz de 1833, na "Salla de Dom Quixote", assinalam-se "Dois bustos de cera, de Sua Magestade o Senhor Dom João Sexto e com mangas quadradas, de vidro", com a nota (NB) "Hum foi para as Necessidades". O busto que permaneceu então em Queluz não corresponderá ao presente exemplar que está datado de 1836, embora se encontre igualmente protegido com uma estrutura em madeira envidraçada. Corresponde seguramente ao exemplar mencionado nos inventários posteriores, nomeadamente, o de 1851, "Um dito dito idem com busto do Senhor D. João 6º em cêra", então localizado na "Sala da Esquina". Em 1908, aquando a passagem do palácio da para Fazenda Nacional, encontrava-se de novo na Sala D. Quixote, um "busto de cêra, representando Sua Magestade El Rei O Senhor D. João 6º, mettido dentro de uma redoma de feitio quadrado" (ANTT).
Na "Relação dos Móveis e Objectos Salvados do Incêndio que destruiu o Palácio Nacional de Queluz em a noite de Quatro para Cinco de Outubro de 1934", tem o n.º 253: "Um busto de cera, representando a Sua Magestade El-Rei o Senhor D. João VI, metido dentro de uma redoma de forma quadrada (a redoma encontra-se deteriorada pelo incêndio)". No Cadastro dos Bens do Domínio Público de 1939 tem o n.º 69: "um busto de cêra representando D. João VI, está numa redoma N. 253 do Inventário dos Salvados conferido com o de Abril de 1910 onde tinha o n. 42" . No Cadastro dos Bens do Domínio Público de 1941 tem o n.º 42 "um busto de cera "retrato de D. João VI" assinado por Rafael . Vitrina retangular, mede 0,335 mm x 0,785 mm, alt. 0,789. Beneficiado" (Arquivo PNQ).
Incorporação: Coleções Reais, fundo antigo do Palácio Nacional de Queluz
Centro de Fabrico: Portugal
Bibliografia
CAT. - D. Pedro d' Alcântara de Bragança, 1798-1834, Imperador do Brazil, Rei de Portugal, Paço Imperial, Rio de Janeiro (Abril 1987): 1987
Gazeta do Palácio. Nº 1: 1984
Patrícia Telles, "Os bustos régios de Joaquim Rafael. Imagens de marca no retrato em cera em Portugal". Kairós, n.º 10, 2021