Religiões da Lusitânia. Loquuntur saxa.

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Estátua de guerreiro calaico
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  • Nº de Inventário: E 3398
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 173, Larg: 54,
  • Incorporação: Mandato legal. Despacho Ministerial
  • Descrição: Escultura monolítica de granito, figurando um guerreiro em posição hierática. Os respectivos atributos inserem-se numa tradição artefactual de cariz indígena: pequeno escudo redondo e plano com "omphalos" central "caetra"; punhal triangular ou espada curta com pomo discoidal; "viria" de dois toros no braço direito; torques com aro aberto espessado nos terminais; "sagum" com decote em ângulo e manga curta, cingido por cinturão. A cabeça é proporcionada, exibindo um cabelo curto que deixa livres as orelhas, barba e bigode. (Segundo ficha de Catálogo da Exposição "Religiões da Lusitânia" ). Este tipo de escultura tem vindo ultimamente a ganhar novo protagonismo na investigação devido à ligação que evidentemente têm com estátuas do centro da Europa, pertencentes à escultura monumental celta, evidenciando assim conexões através de toda a Europa em época precoce. Os achados sensacionais destas esculturas celtas, que se conheceram, também através da imprensa internacional, tal como as estátuas em tamanho natural do Glauberg, no país de Hesse/Alemanha ou o “Homem de Hirschlanden” bem como o “Guerreiro de Capestrano” (Alemanha/Itália) propulsionaram a investigação e colocaram o tema da escultura monumental celta novamente no centro das atenções. Há perguntas sobre a sua difusão, sobre a formação dos grupos regionais (estilos regionais), sobre os contextos, as dependências e nem por último, sobre os critérios para uma datação. Depois da primeira menção feita por Emil Hubner na Archaologische Zeitung de 1861, a investigação arqueológica só começou a dedicar-se a elas de uma forma efémera a partir de princípios do século XX. A partir daí formou-se uma opinião que as data em época romana, sobretudo devido às inscrições latinas, que se encontram em alguns dos mais 30 exemplares conhecidos, e que foram o motivo porque Hubner se interessou pelos guerreiros lusitano-galaicos. No entanto, recentes observações permitem uma maior precisão na datação, pelo que se mostra claramente a sua origem pré-romana e parcial reutilização por médio da aplicação das mencionadas inscrições em época romana (Adaptado de T. Schattner).
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Cupa de L(aecia) Ama
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  • Nº de Inventário: 994.58.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Autor: Autor não identificado
  • Dimensões: Comp: 94, Alt: 47, Larg: 45,
  • Incorporação: Francisco Manuel Cabral e Sousa
  • Descrição: Cupa em forma de barrica e provida de soco, para ser colocada sobre o solo, cobrindo uma sepultura. Quatro grupos de dois arcos cada, representando as aduelas, e cartela epigráfica como na cupa de Cogitata; no topo do lado esquerdo estão figurados, em relevo, um jarro e uma pátera; no da direita vêem-se dois peixes em posição simétrica e orientados em torno do eixo vertical desta face - que aludem, porventura, ao característico consumo de espécies ictiológicas nos banquetes funerários (cfr., v.g., Cumont, 19662, p. 296-297). Paginação cuidada, seguindo o eixo de simetria. Epitáfio de uma mulher que ostenta um cognomen de cariz paleohispânico - Ama (cfr., v.g., Albertos Firmat, 1966, p. 21-22) -, mandado fazer por um homem identificado através de trianomina; porém, o recurso quase constante a abreviaturas na composição desta epígrafe impede-nos de ter certezas quanto ao cognomen masculino e quanto ao gentilício de ambos, ainda que o grupo literal LAE nos circunscreva a algumas hipóteses possíveis, remetendo com grande probabilidade para as gentes Laelia ou Laetilia, bem documentadas na Hispânia romana (cfr. Abascal Palazón, 1994, p. 168 col. 1).(J. C. Ribeiro) D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / L(aelia?) . AMA / XXXV / F(aciendum) . C(uravit) T(itus) . LAE(lius?) .S(everus?) // Tradução: "Consagrado aos Deuses Manes. Laelia (?) Ama, (de) 35 (anos de idade). Mandou fazer Titus Laelius (?) Severus (?)."
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Ara de Tatianós
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  • Nº de Inventário: 994.43.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Autor: Autor não identificado
  • Dimensões: Comp: , Alt: 55, Larg: 25,
  • Incorporação: De Estácio da Veiga via Museu Arqueológico do Algarve
  • Descrição: Monumento funerário em forma de ara; capitel profusamente decorado, com fastígio e toros integrando motivos vegetalistas e florais; possui moldura sob a cornija e na base. Na face lateral direita foi representada a figura de uma pomba e, na face lateral esquerda, um cacho de uvas. O campo epigráfico, moldurado, ocupa a face anterior do fuste; contudo, a deficiente paginação do texto levou à gravação de alguns caracteres excessivamente à direita, sobre a moldura e mesmo para além dela. As exclamações inicial e finais foram escritas sobre a cornija, na moldura inferior do fuste e sobre a base. Trata-se do epitáfio de uma criança de tenra idade, Tatianós, para quem Eúenos - o pai - e Antiocheís - a mãe - mandaram executar este monumento e redigir o pungente texto nele exarado. Os antropónimos dos pais são gregos - como gregos são, afinal, a língua e os caracteres utilizados; mas o nome do filho, Tatianós, constitui uma mera grecização do cognomen latino Tatianus (cfr. Kajanto, 1982, p. 156). A epígrafe termina através da singela fórmula "taúta", que nos remete para a incontornável efemeridade da condição humana, para o seu inapelável destino. Quanto às exclamações "chérete", que enquadram superior e inferiormente o epitáfio, para além de clássicas saudações a quem passa e lê poderão, talvez, ocultar aqui símbolos irreconhecíveis para os profanos; de facto, se Leite de Vasconcellos relaciona as uvas e a pomba, lateralmente figuradas no monumento, com cultos de cariz dionisíaco, as mesmas representações poderão todavia encobrir significados cristãos, bem como provavelmente a referida fórmula de saudação, conforme propôs já, com sólidos argumentos, Perea Yébenes. Pela nossa parte, assinalemos que a referida saudação surge sempre, no monumento em análise, com as três sílabas bem separadas entre si: XE PE TE; não será possível, no contexto específico desta ara e em abstracção, reduzir aqui os três épsilones com que terminam todas estas sílabas à função de meros sinais de separação, e entrever assim em XP a abreviatura de Christòs, seguida pela letra "tau", conhecido símbolo 'dissimulado' da cruz? Relativamente às antigas práticas cristãs 'encobertas' - incluindo as "cruces dissimulatae" -, sua razão de ser histórico-social e enquadramento na literatura patrística de meados e de finais do séc. II, confronte-se a esclarecedora síntese de Carcopino (1953, p. 12-20); quanto a exemplos concretos, veja-se o inventivo grafito criptográfico que remete para Cristo, Maria e Pedro no túmulo do apóstolo, em Roma, ou - mais próximo do nosso caso - o curiosíssimo grafito I T X O Y C do "túmulo Y" da necrópole de Catacumbas, onde um "tau" é introduzido entre as duas primeiras letras do célebre criptograma cristão I X O Y C , "Jesus Cristo filho de Deus e Salvador" (cfr., v.g., Álvarez, 1998, p. 78; Carcopino, 1956, p. 343 e est. XIXb; no que se refere ao significado cristão de símbolos idênticos aos representados no monumento em análise e na impossibilidade - e inoportunidade - de citar toda uma bibliografia demasiado longa e heterogénea, limitamo-nos a remeter o leitor para os artigos constantes no clássico Dictionnaire d'Archéologie Chrétienne et de Liturgie: Kirsch, 1948; Leclercq, 1951a e 1951b). Por fim, resta-nos a questão de compatibilizar a exclamação "taúta", onde transparece uma postura estóica perante o destino, com o contexto cristão que supomos estar subjacente à concepção da ara e do epitáfio de Tatianós; porém, aqui não há verdadeira contradição, tendo em conta as evidentes aproximações 'filosóficas' entre estoicismo e cristianismo, bem como a manifesta influência do primeiro sobre o segundo (cfr., v.g., Duhot, 2000, p. 179-199) (transcrição da ficha de catálogo da exposição "Religiões da Lusitânia" da autoria deJosé Cardim Ribeiro). "Salve! Eúenos e Antiocheís, a seu filho Tatianós, tão doce, que viveu um ano e 23 dias; em memória. Salve! Assim é !..."
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Ara a Diana
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  • Nº de Inventário: 994.46.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Autor: Autor não identificado
  • Dimensões: Comp: , Alt: 78, Larg: 23,
  • Incorporação: Nesta data foram integrados no MNA os objectos recolhidos por Estácio da Veiga para o Museu do Algarve.
  • Descrição: Ara cuja base e capitel se encontram muito deteriorados; porém, na face posterior o capitel possui ainda o respectivo frontão, decorado com uma rosácea encimada por duas volutas; no topo, ao centro, abre-se uma cavidade quadrangular, possível adaptação 'moderna' do fóculo original. Na face lateral esquerda, em campo rectangular delimitado por sulcos, figura uma aljava em relevo; na face lateral direita, igualmente delimitada, foi representado um arco de caça, também em relevo. Estes símbolos iconográficos remetem para os atributos comummente ligados a DIANA. O campo epigráfico é moldurado e ocupa o fuste; apresenta uma cuidadosa paginação do texto, com alinhamento à esquerda. O dedicante da ara de São Clemente é certamente um liberto, cujo cognomen se revela de origem grega. D(ianae) S(ilvano) S(ilvestri) / FONTEIVS / PHILOMV/SVS EX VO/TV ANIMO / LIBENS / POSVIT // "A Diana (e) a Silvano Silvestre, Fonteius Philomusus, segundo o voto, de bom grado colocou." Algumas outras interpretações possíveis quanto às siglas D S S patentes na linha 1: a) D(ianae) S(ilvano) S(acrum), "consagrado a Diana (e) a Silvano"; b) D(ianae) S(anctae) S(ilvestri), "a Diana Santa (e) Silvestre"; c) D(ianae) S(anctae) S(acrum), "consagrado a Diana Santa"; d) D(ianae) S(ilvestri) S(acrum), "consagrado a Diana Silvestre"; e) D(eo) S(ancto) S(ilvano), "ao Deus Santo Silvano"; f) D(eo) S(ilvano) S(acrum), "consagrado ao Deus Silvano"; g) D(eo) S(ilvano) S(ilvestri), "ao Deus Silvano Silvestre".
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Ara de Calpurnia Hegesistrate
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  • Nº de Inventário: 994.29.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 99, Larg: 53,
  • Incorporação: Sr.Ricardo O'Neil
  • Descrição: Monumento funerário em forma de ara com inscrição enquadrada por pilastras laterais e por relevos vegetalistas. Os relevos de uma pomba e de um javali ornamentam respectivamente as faces laterais esquerda e direita, a primeira pousada sobre os ramos superiores de um arbusto e debicando os seus frutos, e o segundo de pé sob uma pequena árvore. As esculturas das faces laterais são rudes e encontram-se muito apagadas, ainda que a face principal tenha decoração arquitectónica e vegetalista de belo efeito. Quanto ao significado simbólico de todos estes elementos pode-se considerar as pilastras e as molduras como alusão às "Portas do Hades", a ave nos ramos superiores como representação da alma do morto e o javali, entre as raízes, remetendo para o mundo infernal. Epitáfio de uma jovem mulher, identificada através de gentilício e de um cognomen de origem grega: Calpurnia Hegesistrate; o monumento foi mandado fazer por seu pai, igualmente referido através de gentilício e de un cognomen grego: Calpurnius Alexander. Trata-se, muito provavelmente, de libertos. (Resumo da ficha de catálogo da exposição "Religiões da Lusitânia, da autoria de Carla Alves Fernandes). D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / CAL(purnia) . HEGE/ SISTRATE / ANN(orum) XVII / S(it) T(ibi) T(erra) L(evis) / C(alpurnius) ALEXAN / DER / PAT(er) // "Consagrado aos Deuses Manes, Aqui jaz Cálpurnia Hegesistrate, de 17 anos (de idade). Que a terra te seja leva! O pai Calpurnius Alexandre."
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Ara a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 108, Larg: 58,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de José Leite de Vasconcelos
  • Descrição: Ara dedicada a Endovélico por Marcus Fannius Augurinus, com capitel composto por frontão triangular e toros laterais. A inscrição ocupa a face anterior do fuste. Na face lateral esquerda figura uma palma, em relevo; na face lateral direita, uma coroa de louros; e, na face posterior, um javali sobre um pedestal. Segundo José Luis de Matos, "a coroa de louros e a palma, adereços obrigatórios dos cortejos sacrificiais, símbolo da consagração à divindade de vítimas e oferentes, remetem-nos claramente para um contexto cultual helenístico". O javali figurará o animal sacrificado ao deus. O dedicante apresenta uma onomástica integralmente latina. (Ficha de catálogo da exposição "Religiões da Lusitânia", da autoria de Carla Alves Fernandes). DEO / ENDOVELLICVS / SACRVM / . M(arcus) . FANNIVS / AVGVRINVS / MERITO . HVN[C] / DEVM . SIBI / PROPITIATVM Consagrado ao deus Endovélico. Marco Fânio Augurino merecidamente (o erigiu) para que este deus lhe seja tornado propício.
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Ara de Caecilia Marina
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  • Nº de Inventário: 994.47.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Autor: Autor não identificado
  • Dimensões: Comp: , Alt: 104, Larg: 47,
  • Incorporação: Nesta data foram integrados no MNA os objectos recolhidos por Estácio da Veiga para o Museu do Algarve.
  • Descrição: Monumento funerário em forma de ara; moldura sob a cornija e na base; capitel bastante deteriorado, composto por plinto liso e apresentando uma cavidade escavada ao centro do topo. Na face lateral esquerda, na face lateral direita e na face posterior do fuste foram escavadas cartelas em forma de nicho, no interior das quais se encontram representados em relevo, respectivamente, um jarro, uma pátera e um crescente de pontas viradas para cima; evocação do ritual de libação aos entes divinos e, simultaneamente, da morada lunar dos mortos (cfr. Cumont, 19662, p. 177-252). A face anterior é ocupada pelo campo epigráfico, delimitado por uma singela moldura; paginação do texto alinhada à esquerda, excepto na penúltima linha onde é seguido o eixo de simetria. Epitáfio de uma cidadã romana - Caecilia Marina -, correctamente identificada através de gentilício, cognomen e filiação; natural de Ossonoba, esta mulher viveu até uma provecta idade, aqui simbolizada pelo número muito provavelmente 'arredondado' de 85 anos. "Consagrado aos Deuses Manes. A Caecilia Marina, filha de Lucius (Caecilius), ossonobense, de 85 anos (de idade). Está aqui sepultada. A terra te seja leve!" (J.C.R, 2002, cat. 265) Leitura: D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / CAECILIAE / L(ucii) . FIL(iae) . MARI/NAE OSSO / NOB(ensi) . AN/NORVM / LXXXV / H(ic) . S(ita) . E(st) . S(it) . T(ibi) . T(erra) . L(evis) // Tradução: Consagrado aos deuses Manes. A Cecília Marina, filha de Lucius, ossonobense, de oitenta e cinco anos. Aqui jaz. Que a terra te seja leve.
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Ara a Marte
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  • Nº de Inventário: 994.13.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 120, Larg: 61,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações do museu
  • Descrição: "Ara votiva (...). Aparelhada nas quatro faces, já não tem capitel - onde poderia ter havido fóculo - e o canto superior direito também desapareceu por utilização posterior. Moldura de gola bastante encurtada em cima e reversa na base, embora atrás e do lado esquerdo as molduras tenham sido destruídas. Esculpida em alto relevo, sobre um rude pedestal, a figura de Marte (56,6 x 28): de pé, perna esquerda levemente inclinada, couraça, capacete, mão esquerda segurando o escudo que assenta no chão, mão direita agarrando o "pilum" (c=54,5). Uma posição estática, solene, fazendo esmorecer o aparato militar.(...)" (J.d'Encarnação, IRCP, 1984) M(arcus) . COEL[IVS] / CEL[S]VS / MARTI / A(nimo) L(ibens) Tradução: Marcus Coelius Celsus, a Marte, de bom grado.
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Árula a Silvano e a Diana
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  • Nº de Inventário: 994.17.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 39, Larg: 20,
  • Incorporação: Nesta data foram integrados no MNA os objectos recolhidos por Estácio da Veiga para o Museu do Algarve.
  • Descrição: Árula com "capitel, já bastante deteriorado na parte superior, de forma que se torna impossível saber qual a exacta configuração inicial, apresenta ainda uma linha de pérolas que o circundava (mais apagada no lado esquerdo, bem visível na face anterior). Toros delineados com saliência longitudinal a meio; fóculo losangular (12x8,5) com círculo inscrito (?). Moldura bastante danificada - talvez uma garganta encestada entre dois filetes directos. Notável, a decoração lateral; à direita, em relevo, um punhal dentro da sua bainha (11 x 5); as argolas laterais seriam para segurar ao cinturão, ficando visível o cabo na parte superior; à esquerda, para cima, também em relevo, uma cabra (8,5 x 6) de abdómen dilatado (símbolo de fecundidade ou simples falta de habilidade do artífice?), em posição de saltar. Moldura de base constituída por filete reverso e garganta reversa. A erosão e o carácter "cursivo" da escrita dificultam a leitura da epígrafe (ver rúbrica MARCAS/INSCRIÇÕES). (...) " (J.d'Encarnação, IRCP, 1984) S(ilvano). S(ilvestri). D(ianae) / VOTVM / POSVIT ET(?) / ARAM + PECVLIARIS Tradução: "A Silvano (e) a Diana Silvestre, este voto e esta ara colocou ( ? ) Peculiaris". Algumas outras interpretações possíveis quanto às siglas S S D patentes na linha 1: a) S(ilvano) S(ancto) D(ianae), "a Silvano Santo e a Diana"; b) S(ilvano) S(ancto) D(omestico), "a Silvano Santo (e) Doméstico". (J.C.Ribeiro)
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Base de estátua militar
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  • Nº de Inventário: 988.3.149
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 35,2, Larg: 35,5,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: Fragmento de uma estátua representando a parte inferior de um soldado com as características sandálias (caligae) e o emblemático escudo rectangular de legionário, pousado atrás da porção da perna esquerda, com o respectivo umbo e os "episemas" ou símbolos distintivos de unidade e posto, de pequeno tamanho. Vê-se ainda, junto à perna esquerda, a orla inferior do manto e a base de uma lança. Todo o conjunto repousa sobre uma base aparada e arredondada inferiormente. Trata-se de um ex-voto, em que um militar acompanhado dos atributos da sua função, veio cumprir um voto ou devotar-se ("dedicatio") em estátua ao deus Endovélico no seu santuário.
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Estátua masculina
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  • Nº de Inventário: 988.4.2
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 58, Larg: 43,1,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de José Leite de Vasconcelos
  • Descrição: Fragmento da parte inferior de um relevo mostrando um personagem masculino envergando toga e calçando borzeguins ("calceamenta"), junto de um grande "scrinius" ou caixa de rolos de documentos. O conjunto assenta sobre uma base que lhe dá estabilidade. Nas costas vê-se igualmente o relevo das pregas e dobras da toga bem como o escrínio. O relevo foi cortado por cima dos joelhos do togado que mostra a perna esquerda ligeiramente flectida. As pregas do vestuário na parte de trás são representadas por meros sulcos que caem direitos sobre a base. Estátua de um romano fazendo-se acompanhar pela caixa de documentos legais indiciadores ou da sua função de magistrado ou da posse de propriedades. Ex-voto do santuário.
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Cabeça de Tyche / Fortuna
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  • Nº de Inventário: 994.9.3
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 40,3, Larg: 36,7,
  • Incorporação: Mandato legal. Transitou do Museu Arqueológico do Algarve para o Museu Etnológico (actual Museu Nacional de Arqueologia).
  • Descrição: Cabeça feminina ornamentada de "corona muralis" representando uma muralha de três andares com duas portas assente sobre os cabelos. Os olhos são amendoados, sem pupila nem íris, e as madeixas de cabelo encaracolado penteadas na direcção da nuca. A cabeça decapitada pela base do pescoço apresenta-se mutilada de uma boa parte da face entre a fronte e o queixo. Comummente é identificada com Cibele, mas o culto da deusa frígia só mais tardiamente se expande de forma explícita na Lusitânia. Parece-nos, pois, preferível classificá-la como a personificação grega da Fortuna, figurando não apenas como deidade tutelar dos indivíduos mas, conforme se pode deduzir das características iconográficas, também de uma divindade protectora ou fundadora de uma cidade ou da representação figurada da própria cidade de Myrtilis onde foi encontrada. Deste modo, esta cabeça pertenceria a uma estátua marmórea de grande porte que se ergueria num templo ou num espaço público e monumental da cidade romana de Myrtilis, muito possivelmente no respectivo Forum.
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Cabeça de Diónisos
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  • Nº de Inventário: 994.9.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 21,9, Larg: 19,4,
  • Incorporação: Desconhecido
  • Descrição: Cabeça efeminada e de grande beleza, coroada por um grinalda de parras e cachos de uvas. Os olhos sem pupila nem íris. O queixo e o nariz foram mutilados e algumas saliências esborcinadas. Representa o jovem Diónisos, o deus relacionado com a sabedoria mas sobretudo com a fertilidade dos campos. A cabeça do deus não se encontra acabada por trás, nem no alto, supondo-se que a peça estaria colocada junto a uma parede e em lugar elevado, porventura no jardim de uma domus da cidade de Myrtilis, com a função de tutela e protecção da natureza.
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Cabeça de Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.168
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 30,5, Larg: 22,5,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: Cabeça de homem barbado onde sobressaem os olhos abertos de forma amendoada, a boca fechada de lábios finos, o cabelo em madeixas cobrindo parte da testa e tapando parcialmente as orelhas. O nariz e a porção inferior da barba estão mutilados. A concepção iconográfica de escultura, realizada segundo modelos clássicos, patente nomeadamente na majestade da cabeça e na sua expressão de bondade levaram a maioria dos autores a interpretá-la como representação de Endovélico, divindade indígena cultuada em S. Miguel da Mota. O seu culto está atestado por numerosas inscrições votivas encontradas naquele outeiro perto de Terena. Trata-se de uma divindade tópica, isto é, protetora da região onde a adoravam - "numen loci" - e cujo culto estava circunscrito a ela.
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Cabeça de Ninfa
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  • Nº de Inventário: 994.4.4
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 17,8, Larg: 16,5,
  • Incorporação: Desconhecida
  • Descrição: Cabeça de uma pequena estátua representando uma menina de tenra idade com o cabelo apanhado em carrapito sobre a nuca descobrindo os lóbulos das orelhas. Apresenta-se esborcinada no queixo, lábios, nariz e face esquerda. Trata-se de uma representação idealizada de Ninfa, reflectindo ideais clássicos de beleza feminina, para além da sua intrínseca conotação com o elemento aquático. Decoraria, muito provavelmente um espaço termal, ou um outro em que as águas estivessem presentes. Trata-se de uma cópia romana de modelos helenísticos do século IV a.C. (Segundo ficha de Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos)
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Cabeça feminina
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  • Nº de Inventário: 994.6.3
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 29, Larg: 19,1,
  • Incorporação: Mandato legal. Fazia parte da colecção de Estácio da Veiga que deu entrada no MNA por despacho ministerial
  • Descrição: Cabeça-retrato de uma jovem mulher, bem modelada, de traços expressivos e grande naturalidade. Tem o nariz fragmentado e pequenas falhas na superfície do queixo e do pescoço. É um bom retrato, realista, de feições correctas, tecnicamente bem executado, boca ligeiramente torcida, de lábios salientes e nariz arrebitado, mostrando secura e decisão. Ostenta um característico penteado em "ninho de vespa", a testa curta quase desaparece sob o diadema formado por uma cadeia tripla de caracóis sobrepostos, que as damas romanas mandavam armar sobre uma rede de fio ou de metal, e na parte anterior da cabeça uma mecha de cabelo enrosca-se em largo carrapito sobre a nuca descobrindo as orelhas. A moda deste penteado foi criada por Júlia, filha de Tito e esposa de Domiciano, no período flaviano, tratando-se talvez mesmo de um retrato da própria imperatriz. Esta escultura terá feito parte de um busto ou mesmo de uma estátua hoje desaparecidos. (Segundo ficha do Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos). Proveniente da villa romana de Milreu, este retrato espelha da melhor forma a riqueza, importância e a plena actualidade e inserção sócio-política das elites municipais da Lusitânia meridional em finais do século I - inícios do século II d.C., adoptando posturas e modas estereotipadas de evidente prestígio pela sua conotação com a casa imperial. (Segundo ficha de Catálogo da Exposição "Religiões da Lusitânia", da autoria de José Cardim Ribeiro).
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Cabeça - retrato de Augusto
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  • Nº de Inventário: 994.9.2
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 51, Larg: 27,9,
  • Incorporação: Visconde da Amoreira da Torre (Montemor-o-Novo)
  • Descrição: Cabeça-retrato do imperador Octávio Augusto, fundador de Mérida, a capital da Lusitânia, e a figura tutelar da Província. Apresenta uma acurada modelação da superfície, mostrando-nos uma personagem mais jovem com o cabelo curto e desbastado sobre um crânio volumoso, com madeixas que são apartadas e bifurcadas no alto da testa caindo sobre a fronte em forma de garras. As outras partes do penteado são elaboradas sumariamente com intervalos entre as madeixas. O nariz e a boca apresentam-se fragmentadas, as orelhas são bem visíveis, o pescoço largo, e os olhos sem pupila nem íris. Integra a tradição iniciada com o modelo da escultura couraçada de Augusto de Prima Porta, fundamentalmente no que se refere ao modo como é apresentado o tratamento das madeixas de cabelo sobre a fronte com os inconfundíveis caracóis em forma de garra. A base do pescoço é arredondada, este pormenor indica que a cabeça, esculpida separadamente, destinava-se a uma escultura monumental, fosse de corpo inteiro ou inserida em estátua-pedestal, que servia de suporte a cabeças amovíveis de altos personagens, e deste modo facilmente substituídas quando necessário. Esteve durante longo tempo colocada sobre uma estátua togada, a que não pertencia. Provém de Myrtilis onde originalmente se ergueria, por certo no Forum da cidade. A peça apresenta diferenças de proporções ou de módulo entre a face esguia e o cabelo volumoso, bem como o pescoço largo, que levam a supor que o imperador originalmente retratado tivesse sido Calígula, cuja "damnatio memoriae" (condenação ao esquecimemto) teria provocado a oportuna reelaboração da peça segundo os cânones iconográficos característicos do seu antecessor. (Segundo ficha de Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos).
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Capeamento de cipo prismático
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  • Nº de Inventário: 994.4.11
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: 71,5, Alt: 40,7, Larg: 72,5,
  • Incorporação: Câmara Municipal de Loures
  • Descrição: Capeamento de cipo, cujo plinto é decorado por frisos de folhas acantizantes, sobrepondo-se-lhe um cordão. Por cima, desenvolvem-se pulvina com cinto medial e motivos vegetalistas longitudinais, além de volutas com rosetas centrais nos topos, enquadrando fastígios em palmeta ladeados por duas corolas tetrapétalas inscritas em círculos. Este tipo de peças, características da segunda metade do século I d.C.-primeira metade do século II, coroava monumentos funerários compósitos formados por base moldurada, cipo prismático - ou fuste -, cornija e capeamento.
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Ara a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.4
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Autor: Autor não identificado
  • Dimensões: Comp: , Alt: 95, Larg: 48,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: "Pedestal (...) esborcinado nas arestas e na parte esquerda do capitel. Sobre a cornija, houve uma espécie de plinto, que está picado na parte superior apresentando a meio um buraco quadrado - 11 x 11 x 10 - de bordos arredondados, com um ressalto sensivelmente a meio da profundidade, com cerca de 2cm em cada lado. Sob a cornija, uma moldura do tipo de garganta encestada, seguida de dois filetes directos. A inscrição ocupa a face dianteira do fuste, com vestígios de pancadas diversas. Em cada uma das faces laterais, um génio alado em baixo relevo, de pé sobre uma peanha; estão muito destruídos, distinguindo-se o volume arredondado da cabeça, as asas; o da direita segura um facho com a mão direita. O fuste separa-se da base por um filete reverso seguido de moldura de garganta reverso e toro." (J d'Encarnação, 1985) "Estes «phosphoroi» podem simbolizar o carácter salvífico do deus. Cumprimento de um voto feito pela saúde de uma mulher, revelando o cariz intrinsecamente salutífero da divindade".(J.C.Ribeiro) M(arcus) . L(icinius?) . NI / GELLIO / DEO ENDO/ VELLICO / SACRVM PR[O] / SALVTEM / L(icinae) MARCIAN[(a)E] / FILIAE SV(a)E / V(otum) . A(nimo) . L(ibens) . S(olvit) // Marcus Licinius (?) Nigellius - consagrado ao deus Endovellicus - pela saúde de Licinia (?) Marciana, sua filha, o voto de bom grado cumpriu. (Leitura de J.C.Ribeiro)
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Cupa de Patricia
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  • Nº de Inventário: 994.40.2
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: 86, Alt: 44, Larg: 40,
  • Incorporação: Mandato legal. Colecção Estácio da Veiga. Ingressou no MNA por despacho Ministerial.
  • Descrição: Cupa de calcário provida de soco, para ser colocada sobre o solo, cobrindo a sepultura. Três grupos de três arcos, representando as aduelas, localizam-se junto aos extremos e ao centro de superfície convexa, dividindo-a em dois campos: no da direita situa-se a cartela epigráfica delimitada por uma moldura formada por elementos lisos e um cordão, conjunto sob o qual se vê uma larga corola de oito pétalas. Ao centro, ladeada por dois grupos de dois elementos cilíndricos cada, superiormente rematados por apêndices flamiformes. No campo esquerdo, parcialmente apagado, avulta outra corola de oito pétalas, mas enquadrada num octógono, corola também ladeada por elementos cilíndricos do mesmo modo atrás descrito. Em cada topo surge de novo figurada uma corola de oito pétalas e envolta por tripla coroa de louros rematada por uma fita vertical com cordão. D(iis) M(anibus) S(acrum) / ET PATRICIAE / VIXIT ANN(is) / XXV MENS(ibus) / (5) VII DIEB(us) VIIII / SIBIRIBS [sic] // "Consagrado aos Deuses Manes e a Patricia. Viveu 25 anos, 7 meses (e) 8 dias (...?...)"
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Edícula votiva
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  • Nº de Inventário: 994.40.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: 60, Alt: 74, Larg: 34,
  • Incorporação: Mandato legal. Foi encontrada nas ruínas romanas de um edifício balnear explorado no sítio da Quinta de Marim, em 1877, sob a direcção de Estácio da Veiga.
  • Descrição: Edícula formada por um nicho, com decoração arquitectónica e vegetalista na face principal, constituída por um arco de volta perfeita, assente sobre colunelos providos de capitéis de tipo jónico com volutas e florão central. A coroar o arco, um frontão triangular assente sobre pilastras formadas por pares sobrepostos de elementos em SS simetricamente afrontados. Ao centro do tímpano, uma corola de quatro pétalas ocupa o espaço entre a parte interna do frontão e o arco. A parte superior das vertentes do frontão encontra-se decorada por ramos de hera coleantes, elementos que sublinham o carácter religioso da edícula. Esta peça foi descoberta, em 1877, no contexto de um edifício balnear pertencente à villa romana da Quinta de Marim, tendo certamente funcionado como edícula votiva de carácter privado ou público destinada a albergar árulas ou estatuetas de algumas divindades, presumivelmente, relacionadas com cultos de cariz aquático e salutífero.
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Estatueta de Eros sobre golfinho
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  • Nº de Inventário: 994.6.4
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 21,8, Larg: 20,7,
  • Incorporação: Mandato legal. Em 1894 todo o material recolhido por Estácio da Veiga e pertencente ao Museu do Algarve deu entrada no Museu Etnológico Português por despacho ministerial
  • Descrição: Fragmento de estatueta representando Eros sobre um golfinho. A parte inferior do corpo, as coxas, pernas e pés são tudo o que resta de Eros. Este encontra-se assente sobre uma parte do dorso de um golfinho a que desapareceu a cauda, subsistindo a cabeça com representação de olhos e boca, e a região lombar com as respectivas barbatanas. O golfinho encontra-se disposto obliquamente sobre o ondulado do mar transmitindo-nos a percepção de movimento.Todo o conjunto assenta numa base de forma rectangular que mantém a estatueta de pé. É uma peça destinada a ser vista lateralmente, de acurada modelação, imitando padrões helenísticos, talvez dos inícios do Império. Esta peça deve ser relacionada com um importante núcleo de mosaicos representando peixes e com a existência de um templo, possivelmente dedicado a divindades aquáticas conotadas com todas as forças criadoras e fecundas da natureza. Esta escultura devia ter sido utilizada como elemento decorativo integrado nesse conjunto. Na mitologia dionisíaca os golfinhos são antigos piratas castigados pelo deus que, arrependidos, se tornaram amigos dos homens e conduzem os náufragos à salvação. Assimilado aos peixes, o golfinho é símbolo da fecundidade e da vida que pulula nas águas do mar. Também o pequeno Eros que cavalga o golfinho se relaciona com a Afrodite marinha e é igualmente um símbolo vitalista. A peça, representando o salvamento de um menino, possui, por isso, um significado salvífico e propiciador de fecundidade. (Segundo Matos, op.cit).
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Estátua de Apolo
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  • Nº de Inventário: 994.34.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 163, Larg: 77,
  • Incorporação: Mandato legal. A escultura foi descoberta em 1876 na Herdade do Álamo, concelho de Alcoutim, por Estácio da Veiga. Fez parte do Museu do Algarve antes de dar entrada no MNA.
  • Descrição: Estátua de vulto inteiro representando Apolo, nu, erecto. Um carcaz de setas, de tampa aberta, foi posto sobre a parte superior de um tronco de árvore, elemento de suporte que adossado à perna direita contribui para a estabilidade da peça. Nas costas, junto aos ombros, formando um relevo quadrangular, ficaram as extremidades das madeixas onduladas do cabelo, que também cai à frente em duas pontas helicoidais sobre os ombros. Apresenta-se mutilada, cortada a cabeça pela base do pescoço, os braços pelas axilas e a perna esquerda pela coxa, embora esta última tenha sido reconstituída recentemente. O púbis, bem visível, e a base em que assentam os pés estão fracturados. Junto à figura, cuja nudez é símbolo de divindade, foram colocados o carcaz e a bolsa dos pastores, tendo desaparecido contudo o arco que costuma acompanhar a restante simbologia. Trata-se de um Apolo jovem, protector de pastores, deus da cultura e da sabedoria. Estamos perante uma das estátuas de divindades clássicas de maiores dimensões existentes no nosso território com características formais, boas proporções, regular desenvolvimento das massas corporais, movimentação do tronco e das pernas imitando de perto os modelos policleicos, mas o que resta dos cabelos indica que a cabeça foi feita segundo modelos helenísticos arcaicos. Este tipo de estátuas ecléticas foi comum nos meados do século II, época de Adriano ou Antonino o Pio. É um trabalho oficinal tendo por base um modelo cujas cópias foram difundidas por todo o Império. (Segundo ficha do Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos).
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Estátua de Esculápio
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  • Nº de Inventário: 994.7.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 157, Larg: 54,7,
  • Incorporação: Compra ao proprietário da herdade.
  • Descrição: Figura masculina, erecta, descansando sobre a perna esquerda, com o corpo coberto por um manto ("himation"), a mão esquerda apoiada num bastão ao qual se enrola uma serpente. A cabeça volumosa mostra uma face de olhos salientes, barba, bigode e cabelos encaracolados e fartos, cabelo atado na nuca. O manto cola-se aos contornos do corpo, a mão direita repousa sobre o peito saindo da dobra do manto numa pose helénica típica. A peça destinava-se a ficar encostada e por isso as costas são quase lisas. A estátua está jarretada, mão esquerda, punho do bastão e cabeça da serpente mutilados, a cara desfigurada, um manto e outras superfícies esborcinadas. Esta estátua representa o deus greco-romano da medicina Esculápio, portador do característico bastão com serpente enrolada. Sobre o corpo foi posta a cabeça-retrato de um personagem que já foi identificado como sendo o imperador Adriano, dadas as feições muito próximas com as imagens daquele imperador. Porém, tudo leva a crer que o retratado seja afinal o dominus, o proprietário da villa em questão. Trata-se de uma deificação privada. A escolha de Esculápio alude à profissão do representado, que era médico.
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Estátua de Sileno
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  • Nº de Inventário: 994.50.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: 108, Alt: 42,5, Larg: 53,
  • Incorporação: A presente estátua recolheu ao Museu das Janelas Verdes antes de ter dado entrada no MNA.
  • Descrição: Estátua de Sileno ébrio representado sob a forma de velho nu, atarracado, de ventre volumoso, barba espessa, dormindo reclinado sobre uma base rochosa coberta de uma pele de animal, a perna esquerda dobrada sob o joelho direito. Segura com a mão esquerda o bocal de um odre de vinho. Deitado sobre o lado esquerdo, a cabeça e o tronco alteados pelo monte de pedras que os suporta e pelo odre que serve de almofada ao ombro, encosta a face às costas da mão direita pousada sobre ombro esquerdo. Mostra o cabelo e a barba volumosos, as pálpebras descidas, a boca aberta, num rictus de prazer. A estátua apresenta-se mutilada, tendo desaparecido a porção inferior das pernas a partir do joelho e uma parte da base junto ao tronco, está fragmentada na cara, mãos e outros pontos da superfície da pedra. Escultura de razoável qualidade plástica, destinada a ser vista de frente sobre um plinto baixo e junto a uma parede, pelo que as costas do Sileno apresentam uma esculturação fruste. É um Sileno, a figura mítica que educou Baco ou Diónisos, ele próprio identificado com Baco envelhecido, embriagado e adormecido junto do odre de vinho, deitado sobre a pele de lobo ou pantera, animais relacionados com os cultos báquicos ou dionisíacos.Trata-se de uma peça encontrada, juntamente com uma outra, no teatro romano de Olisipo remodelado no reinado de Nero. Esculturas semelhantes e com a mesma função apareceram noutros teatros (Arles, Caere, Falerii, Mérida). A conexão entre a função e a decoração parece ter existido nos teatros. O teatro da época clássica nasce do culto de Dioniso ou Baco e a presença destas esculturas nestes complexos arquitectónicos,não nos deve surpreender, portanto, pois eles fazem parte do séquito de Dioniso. (Segundo ficha do Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos).
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Hermes bifronte
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  • Nº de Inventário: 994.42.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 19, Larg: 15,5,
  • Incorporação: Em 1894 todo o material recolhido por Estácio da Veiga deu entrada no Museu Etnológico Português.
  • Descrição: Escultura bifronte, figurando duas cabeças opostas, unidas pela nuca, sendo uma masculina e outra feminina. O modelo masculino surge-nos como um homem jovem e barbado, e o modelo feminino como uma mulher jovem, segundo os clássicos arquétipos de Diónisos e de Ariadne. O cabelo de ambos é ondeado, dividido em bandós separados por risco ao meio tapando quase inteiramente as orelhas, coroado por um "corimbus", diadema entretecido de ramos e folhas de hera. A face arredondada e de olhos salientes da figura feminina foi concebida seguindo os padrões da moda helenizante e contrasta com o perfil miúdo, seco e anguloso da cara masculina coberta de uma barba bífida e encaracolada, de que se denota um forte uso de trépano. Em ambos os rostos, os olhos são amendoados e sem pupilas. As cabeças foram partidas pela base do pescoço. Encimavam uma coluna ou pilastra denominada "Hermes", designação que lhe veio do facto de primitivamente essas colunas apresentarem na parte superior a cabeça de Mercúrio ou Hermes. Os "Hermae " serviam como marcos de encruzilhadas e caminhos protegendo viajantes ou pastores,que posteriormente foram utilizados em jardins e casas particulares com a representação de Diónisos e do seu paredro Ariadne, agora relacionados sobretudo com cultos de fecundidade e protecção da natureza. O carácter bifronte destas peças simboliza (ainda) no âmbito das tradições esotéricas de cariz dionisíaco, a reunião dos opostos: masculino/feminino; dia/noite; Sol/Lua...Daqui derivou a sua vulgarização como símbolo apotropaico, colocado nas casas como garante da fecundidade nascida da união dos contrários e, tão significativamente, nas encruzilhadas, onde a divergência dos destinos se torna momentaneamente convergente e una. (Segundo fichas de Catálogos de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos e da Exposição "Religiões da Lusitânia" da autoria de José cardim Ribeiro)
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Sarcófago de mármore com prótomos de leões e estrígilos
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  • Nº de Inventário: 994.25.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: 252,7, Alt: 59, Larg: 102,6,
  • Incorporação: Comprada pelo Director José Leite de Vasconcelos
  • Descrição: Sarcófago talhado num único bloco de mármore branco com a forma de um paralelipípedo, apresentando decoração em baixo-relevo na face principal e nas laterais, mas não na superfície posterior destinada a ficar encostada à parede. A face frontal é decorada por uma cortina de estrígilos, sobre a qual surge ao centro um vaso de duas asas, com a forma típica dos vasos sacrificiais ou de libação, uma cratera de pansa arredondada e estriada assente em pé circular. Do bojo do vaso arranca um colo alto e estreito terminando em boca larga de onde pendem as duas asas sobre a parte superior da pança. O vaso, emblema da água purificadora das religiões de mistérios ou vaso de libações funerárias, está relacionado com a preparação do defunto para a vida futura, assumindo ao mesmo tempo uma conotação dionisíaca, presente em grande parte dos sarcófagos romanos. Esta conotação é aqui reforçada pelo aspecto do sarcófago, com forma interior de uma tina de lagar, ou lênos, símbolo dionisíaco por excelência. Em cada extremo do sarcófago avultam dois prótomos de leão, mostrando a cabeça do animal vista de frente, as fauces arreganhadas exibindo as presas que seguram uma argola, os olhos abertos, a juba emoldurando a face vincada numa expressão feroz. Estes animais têm tradicionalmente um significado funerário e também vitalista, são animais relacionados com a morte, mas também com a força e a vitalidade e, portanto, com a ressureição e a vida futura, os leões seguram as argolas do ataúde. Apresenta uma decoração inacabada da moldura da base com óvulos e linguetas e uma corda encimada por um friso de dentículos no limite superior. Os estrigilos continuam na face dos topos preenchendo o espaço. A peça possui um orifício na base para escorrência de líquidos, o que indica utilização como recipiente de uso comum depois de ter sido desafectada da função funerária primitiva.
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Estela de Valeria Amoena
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  • Nº de Inventário: 994.19.6
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 68, Larg: 38,
  • Incorporação: Dos Reitores de Cárquere
  • Descrição: Estela encimada por um frontão triangular ladeado por rolos; no tímpano salienta-se uma linha arqueada - um 'crescente' invertido?, a meio da qual se ergue perpendicularmente um elemento vertical; nas faces laterais foram insculpidas palmas estilizadas. Campo epigráfico ostensivamente dividido por quatro linhas horizontais; ainda que imperfeita, a paginação segue tendencialmente o eixo de simetria. Trata-se do epitáfio de uma mulher de avançada idade, identificada através de um gentilício latino - Valeria - e de um cognomen que, embora etimologicamente também latino, recobre no Ocidente hispânico um antropónimo indígena sensivelmente homófono: Amoena. Ainda que a leitura seja relativamente segura, temos dúvidas quanto à interpretação proposta para a última linha. (J.C. Ribeiro) D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / VAL(eriae) . AMOE / NAE . A(nnorum) . LXX / V FI.LI(us) . Q(uintus) . F(ecit) // Consagrado aos Deuses Manes de Valeria Amoena, de 75 anos (de idade). O filho Quintus fez (este monumento).
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Garrafa de vidro
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  • Nº de Inventário: 16152
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Vidros
  • Técnica: Soflagem
  • Dimensões: Comp: , Alt: 15,1, Larg: 9,8,
  • Incorporação: Foi doado pelo Sr. Barão de Almeirim.
  • Descrição: Garrafa quadrangular de tipo Isings 51 a. Apresenta asa de fita bifurcada. Ostenta uma marca moldada no fundo, representando, dentro de um círculo, um cavaleiro de pé frente ao seu cavalo; sobre este, as letras CEH. O vidro é de cor verde-gelo. Esta peça provém de contexto funerário, tendo integrado o espólio de uma incineração.
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Unguentário
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  • Nº de Inventário: 16156
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Vidros
  • Técnica: Soflagem
  • Dimensões: Comp: , Alt: 13,8, Larg: ,
  • Incorporação: Oferecido pelo Sr. Barão de Almeirim
  • Descrição: Unguentário tipo Isings 82 A2. Vidro transparente, verde/gelo, com muitas bolhas de ar e impurezas negras. Reservatório triangular, baixo; fundo côncavo; gargalo alto e cilíndrico; bordo repuxado para fora e revirado depois para dentro. Este peça provém de um espólio de uma sepultura de incineração. (Segundo Alarcão, 1968).
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Unguentário
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  • Nº de Inventário: 13652
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Vidros
  • Técnica: Soflagem
  • Dimensões: Comp: , Alt: 11, Larg: ,
  • Incorporação: Desconhecido
  • Descrição: Unguentário, tipo Isings 82A1. Vidro verde gelo com bolhas de ar, filandrado e pedra. Completo e intacto, com ligeiro picado. Reservatório bulbiforme, gargalo alto e cilíndrico, ligeiramente estrangulado na base, bordo esvasado. Esta peça provém de contexto funerário, tendo integrado o espólio de uma incineração. (Segundo Alarcão, 1971).
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Estatueta votiva de javali
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  • Nº de Inventário: 17925
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Técnica: Fundição
  • Dimensões: Comp: 12, Alt: 8, Larg: 4,
  • Incorporação: Mandato legal. Fazia parte da colecção Estácio da Veiga
  • Descrição: Bronze figurativo. Ex-voto representando um javali. Apresenta aspecto compacto, embora com alguns pormenores bem destacados, como a coluna dorsal saliente; cresce em altura de trás para a frente; a cauda é muito curta; possui grandes cascos; os olhos são assinalados pelas pálpebras em relevo, as narinas são dois orifícios redondos bem visíveis; do focinho saem duas presas de prata.
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Estatueta votiva de touro
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  • Nº de Inventário: 17924
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Técnica: Fundição
  • Dimensões: Comp: 12, Alt: 7, Larg: 4,
  • Incorporação: Mandato legal. Fazia parte da colecção Estácio da Veiga
  • Descrição: Bronze figurativo. Ex-voto representando, provavelmente, um touro sacrificial. Apresenta um aspecto compacto; o pescoço é grosso; pernas bastante afastadas, mas volumosas; a cauda pende, afastada do corpo; os chifres são pequenos; focinho afilado; os olhos e as narinas mal se detectam. Superfície bastante irregular.
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Estatueta de Fortuna
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  • Nº de Inventário: 17905
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Técnica: Fundição oca; maciça na cabeça e membros.
  • Dimensões: Comp: , Alt: 16, Larg: 6,5,
  • Incorporação: Oferta do Dr. Joaquim da Silveira
  • Descrição: Estatueta de Fortuna representada por uma mulher jovem envergando uma longa túnica e coroada por um pequeno diadema. Como atributos segura, na mão esquerda, uma cornucópia dupla, plena de elementos vegetalistas; a mão direita apresenta-se em posição de segurar o leme do Destino, que ora falta. Trata-se de uma peça de grande qualidade, por certo cópia de um protótipo clássico, executada muito provavelmente na época de Augusto e produto de importação. As suas características físicas apontam para um culto doméstico, de larário.
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Estatueta de Mercúrio
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  • Nº de Inventário: 17906
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Técnica: Fundição maciça
  • Dimensões: Comp: , Alt: 8, Larg: 4,7,
  • Incorporação: Mandato legal. Foi encontrado junto ao Monte Molião, próximo de Lagos e oferecido a Estácio da Veiga pelo Dr. Soares de Azevedo.
  • Descrição: Mercúrio representado de pé, como jovem efebo desnudo, segurando com a mão esquerda o emblemático caduceu e apresentando, sobre a cabeça, o correspondente chapéu alado - o petasus, de abas largas, característico dos viajantes. Na mão direita, semifechada, segura a parte superior da bolsa.
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Ara a Enobolicus por Tusca Olia
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  • Nº de Inventário: 988.3.3
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 96, Larg: 51,
  • Incorporação: D. Carlos I
  • Descrição: Ara com capitel composto por frontão triangular e toros laterais, apresentando um fóculo circular central escavado no topo; moldura sob a cornija e na base. Dedicatória apresentando uma grafia muito pouco comum do teónimo: Enobolicus. A onomástica presente é latina, mas a dedicante ostenta filiação segundo o modelo "arcaico", podendo revelar assim uma eventual origem indígena; Quintus Statorius Taurus apresenta um gentilício raro na Península Ibérica, estranho à população regional. ENOBOLICO / TVSCA / OLIA / TAVRI . F(ilia) . / PRO . QVINTO / STATORIO / TAVRO M(erito vel M(arito)) / V(otum) . A(nimo) . L(ibens) . S(olvit) // Tradução: A Enobolicus, Tusca Olia, filha de Taurus, o voto de bom grado cumpriu. (segundo ficha do Catálogo da Exposição "Religiões da Lusitânia", da autoria de Carla Alves Fernandes e José Cardim Ribeiro)
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Ara a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.6
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 98, Larg: 49,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: "Ara votiva (...), trabalhada nas quatro faces: polida à frente, trabalhada à bojarda nas demais. Na parte superior da cornija, elevando-se a 5,5 cm de altura, um capitel (48 x 36 x 5,5) com toros laterais (...), bem delineados, com "saliência" longitudinal a meio; fóculo circular pouco profundo com 25 cm de diâmetro exterior e 17 de diâmetro interno. Listel simples a que se segue uma moldura do tipo garganta encestada. Na base, molduração constituída por filete e gola reversos." (J.d'Encarnação, 1984) ENDOVELLICO / ARAM / ANTVBELLICVS / PRISCVS . IVSSV / IPSIVS . LHYBENS / ANIMO . PONENDAM / CVRAVIT // A Endovellicus. Antubellicus Priscus, por ordem do próprio deus, de bom grado tratou de erigir este altar.
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Ara a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.11
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 59, Larg: 42,
  • Incorporação: D. Carlos I
  • Descrição: "Ara com moldura sob a cornija e na base, excepto na face posterior, totalmente lisa; topo aplanado, ostentando como fóculo uma forma hexagonal escavada, por sua vez circunscrevendo um círculo com o centro profundamente marcado (figurando uma pátera?). A paginação do texto apresenta um alinhamento à esquerda muito bem vincado. Dedicatória ao DEVS ENDOVELLICVS, salientando-se a constância, a perenidade, e a omnipresença do poder divino, através de expressões de evidente sabor literário. O dedicante evoca a sua posição na sociedade romana como cavaleiro (eques romanus), fazendo parte de uma elite; identifica-se ainda com o prenome por extenso e ostenta dois cognomes." (J.C.Ribeiro). DEO . ENDOVEL / LICO . PRAESTAN / TISSIMI . NVMINIS / SEXTVS . COCCEIVS / CRATERVS . HONORIRVS . EQUES . ROMA / NVS . EXVOTO // Ao deus Endovellicus, de poder sempre actuante e sempre presente, Sextus Cocceius Craterus Honorinus, cavaleiro romano, segundo o voto.
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Pedestal a Endovélico por Marcus Vibius Bassus
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  • Nº de Inventário: 988.3.17
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 60, Larg: 90,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavação de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: Grande pedestal de estátua alisado nas faces laterais e no topo. Na face superior apresenta uma depressão em forma de "pegada" e duas cavidades, prováveis encaixes de estátua. A paginação do texto é tendencialmente alinhada segundo o eixo de simetria; assinale-se que todos os sinais de pontuação são ténues mas elegantes "hederae". O teónimo, son a forma de ENDOVOLLICVS, inicia a dedicatória feita por dois indivíduos da mesma família (ambos ostentam o gentilício Vibius); o F final do texto que desenvolvemos em F(ecerunt), "fizeram", poderá também supor-se, em alternativa, como abreviatura de F(ilius), "filho"; os dois dedicantes apresentam onomástica latina. ENDOVOLLICO. / SACRVM. / M(arcus). VIBIVS.BASSVS. / ET.M(arcus).VIBIVS.AVITVS.F(ecerunt) // Consagrado a Endovollicus. Marcus Vibius Bassus e Marcus Vibius Avitus fizeram. (A partir de J.C.Ribeiro, 2002)
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Árula a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.22
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 41, Larg: 23,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: "Ara moldurada nas quatro faces, sob a cornija e na base; capitel composto por fastígio, ao qual se sobrepõe um fóculo escavado, e toros laterais decorados com rosáceas; o frontão, triangular, apresenta decoração estilizada de aparente cariz vegetalista. O texto apresenta uma paginação cuidada com alinhamento à esquerda, excepto a última linha que segue sensivelmente o eixo de simetria. Dedicatória encabeçada pelo teónimo na sua forma mais comum, ENDOVELLICVS. O dedicante apresenta-se como filho e escravo, expressão algo peculiar que interpretamos do seguinte modo: declaração de filiação relativamente a seu pai, ora liberto ("Messius Sympaeron"), e declaração de dependência servil para com o seu proprietário, que podemos supor ser o próprio patrono de seu pai e pertencer, portanto, à "gens Messia"; ou seja, o pai de "Vitalis" obteve, para si, a condição de liberto, mas seu filho, decerto nascido antes, permaneceu escravo. Além dos antropónimos latinos presentes no texto documenta-se um nome grego, "Sympaeron" (a grafia correcta seria "Sympheron"), de vulgar utilização no mundo servil." (J.C.Ribeiro) ENDOVELL/ICO VITALIS / MESSI(i) . SYM / PAERONTIS . F(ilius) ( ET.SERVVS / A(nimo). L(ibens). P(osuit) // Tradução: A Endovellicus. Vitalis, filho de Messius Sympaeron, e escravo, de bom grado colocou.
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Ara a Endovélico por Iulia Maxuma
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  • Nº de Inventário: 988.3.25
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 58, Larg: 29,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: "Ara com moldura sob a cornija e na base; plinto liso; no topo apresenta uma cavidade quadrangular. A inscrição apresenta uma paginação cuidada, respeitando a lógica interna do texto, com alinhamento à direita e à esquerda; a pontuação é feita por "hederae". Dedicatória a ENDOVELLICVS; o teónimo é expresso na sua forma mais comum e bem destacado, em letras de módulo maior. A onomástica e filiação da dedicante são latinas; apresenta uma conjugação muito vulgar entre gentilício e cognome - Iulia Maxuma -, aliás patente noutra invocação a Endovélico sensivelmente contemporânea ( o que não significa, mas também não impede, que se trate da mesma devota). (J.C.Ribeiro, 2002, cat. 56) ENDO / VELLICO / IVLIA (hedera) P(ublii) (hedera) / MAXVMA / V(otum) (hedera) S(olvit) (hedera) L(ibens) (hedera) A(nimo) (hedera) // Tradução: A Endovellicus, Iulia Maxuma, filha de Publius, o voto cumpriu de bom grado.
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Árula a Endovélico
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  • Nº de Inventário: 988.3.194
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 29, Larg: 16,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações de J.L.Vasconcelos
  • Descrição: "Árula com capitel composto por fastígio, toros laterais decorados com um arco em relevo e um fóculo circular central escavado; moldura sob a cornija e na base. O texto (ver rúbrica MARCAS/INSCRIÇÕES) apresenta uma paginação cuidada, com alinhamento à esquerda. O formulário desta consagração a ENDOVELLICVS inclui a rara expressão "ex imperato averno", "segundo ordem avernal, infernal", apontando para uma revelação divina de cariz ctónico; existiria no santuário de Endovélico, como propõe Leite de Vasconcellos, um antro subterrâneo, ou caverna, donde seriam proferidos os oráculos? " (J. C. Ribeiro) ENDOVELLICO / SACRVM . L . T . M / ET . T . M . EX IM / PERATO AVER / NO . A . L . F
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Inscrição de Vegeta Flamine
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  • Nº de Inventário: E 5522
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 69, Larg: 44,5,
  • Incorporação: Obtida por J. L. de Vasconcelos
  • Descrição: Bloco prismático, truncado; provável base de estátua. A paginação segue o eixo de simetria. Homenagem a uma flamínica de Olisipo, mandada fazer por seu marido, Marcus Gellius Rutilianus. Este personagem surge em mais duas epígrafes olisiponenses, na qualidade de duúnviro da cidade, respectivamente numa homenagem ao imperador Adriano, datada de 121, e numa outra a sua mulher Sabina Augusta, tradicionalmente considerada da mesma altura, atendendo à extrema semelhança entre ambas as dedicatórias (porém, Sabina apenas em 128 terá recebido o título de Augusta). O monumento dedicado à flamínica Iulia (?) Vegeta poderá, pois, ser sensivelmente atribuído a esta época. No âmbito do culto imperial as flamínicas cultuavam as Divae Augustae, ou seja, as imperatrizes. "A Iulia (?) Vegeta, flamínica. Marus Gellius Rutilianus, (seu) marido, (mandou fazer este monumento)" (J.C.R. 2002, cat.79) (...) (L)IA(E) (...) / VEGETA (E) / FLAMINIC(AE) / M . GELLIVS / RVTILIANV(S) / MARITVS //
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Ara a Nabia
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  • Nº de Inventário: E 6169
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 70, Larg: 28,
  • Incorporação: Adquirida pelo Sr. José de Almeida Carvalhais
  • Descrição: Ara trabalhada nas quatro faces, com moldura sob a cornija, plinto liso que apresenta no topo um fóculo circular central escavado. O texto foi paginado com um alinhamento tendencial à esquerda. Monumento erigido em cumprimento de um voto feito a NABIA. No formulário do texto o destaque é dado ao nome do dedicante, de provável origem servil, identificada pela antroponímia e filiação. CICERO / MANCI (filius) / NABIAE / L(ibens) . V(otum) . S(olvit) // Tradução: "Cicero, filho de Manço, a Nabia de bom grado o voto cumpriu."
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Estela de Ambatus
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  • Nº de Inventário: E 6175
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 130, Larg: 40,
  • Incorporação: Cedida pelo Sr. Bernardo Rasteiro a Joaquim Manuel Correia que a ofereceu ao Museu.
  • Descrição: Estela funerária de topo arredondado. É decorado por uma flor - ou estrela - hexapétala, em baixo-relevo, inscrita num círculo rebaixado. No fuste segue-se a inscrição num campo epigráfico igualmente rebaixado. Duas molduras paralelas, insculpidas, seguem a forma da estela (excepto na base). O campo epigráfico é moldurado e de superfície rebaixada. O texto foi paginado com alinhamento à esquerda e à direita. Onomástica paleohispânica e um formulário bastante simples caracterizam o epitáfio. (J. C. Ribeiro) AMB /ATVS / MALG/EINI . F(ilius) / H(ic) . S(itus) . E(st). Ambatus, filho de Malgeinus, está aqui sepultado.
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Cupa de Cogitata
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  • Nº de Inventário: E 6306
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: 93 (com soco), Alt: 35,5, Larg: ,
  • Incorporação: Desconhecido
  • Descrição: Cipo cupiforme decorado com quatro pares de arcos de aduelas, marcados por três sulcos paralelos em cada par. No topo foram gravados motivos circulares. O campo epigráfico moldurado, quadrangular, ocupa uma posição central e apoia-se lateralmente num nos arcos. O texto apresenta uma paginação cuidada, com alinhamento à esquerda e à direita. Epitáfio com consagração aos DEI MANES. A identificação apenas por um nome é comum nas crianças. (J. C. Ribeiro) D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / COGITATA AN/NOR (um) . V .FIRMI/DIVS PEREGRINV(s) / FIL(iae) . F(aciendum) . C(uravit) . H(ic) . S(ita) . E(st) . S(it) . T(ibi) . T(erra) . L(evis) // Tradução: "Consagrado aos Deuses Manes. Cogitata, de 5 anos (de idade). Firmidius Peregrinus, à filha mandou fazer (este monumento). Está aqui sepultada. A terra te seja leve."
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Pátera com cena do mito de Perseu
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  • Nº de Inventário: Au 690
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Ourivesaria
  • Técnica: Prata moldada (?), martelada, repuxada, cinzelada, incisa e soldada. Embutido de folha de ouro.
  • Dimensões: Comp: , Alt: , Larg: ,
  • Incorporação: A Dr. Francisco Falcão (procº JN 11/L(108))
  • Descrição: "Pátera circular, ligeiramente côncava, formada por dois elementos distintos - anverso e reverso -, soldados um ao outro; no reverso, ao centro, vêem-se três círculos concêntricos relevados; pé anular. No anverso da presente pátera, de notável qualidade artística apesar de se tratar, muito provavelmente, de um trabalho provincial, está representado um dos momentos altos - e mais divulgados - do mito de Perseu. Este herói, filho de Zeus e de uma mulher humana, decidiu a dada altura matar Medusa, a única das três terríficas Górgonas que era mortal, a fim de oferecer a respectiva cabeça a Polidectes, tirano da ilha que o acolhera a si e a sua mãe quando erravam, abandonados, ao sabor das vagas marítimas. Na dificílima empresa Perseu foi ajudado por Atena e por Hermes, que vemos figurados na pátera em análise, respectivamente de um e de outro lado do herói. Ao centro, este dirige-se, de espada apontada, para o antro das Górgonas, que se encontram dormentes; no entanto, Perseu vira a cara para trás, evitando a todo o custo os mortíferos e petrificantes olhares das monstruosas irmãs, guiando-se apenas pelo espelhado escudo de Atena. Só duas das Górgonas estão claramente representadas - a terceira vislumbra-se entre elas, tenuemente esquissada a buril -, sendo Medusa, com as características asas na cabeça, a que se situa mais perto do herói, que sobre ela avança a mão esquerda. Notem-se ainda vários pormenores registados nesta pátera: as asas nos pés de Perseu, figurando as sandálias aladas graças às quais ele se elevou para melhor capturar a sua presa; o brilhante escudo de Atena, que, para o observador, reflecte a imagem do próprio herói; e vários elementos simbólicos, alguns facilmente descodificáveis - como a oliveira sobre a qual pousa uma coruja, ambas significativamente ligadas a Atena -, outros de interpretação, por vezes mesmo de identificação, controversa, localizados no exergo desta peça: um stylus, uma tabella e um ramo de oliveira, à esquerda, também possivelmente relacionados com a deusa guerreira e sábia; à direita um ramo floral (de rosas ?); e, ao centro, talvez um capacete e um ceptro (ou, antes, um corno de abundância ?), eventualmente remetendo para Hades, cujo elmo permitiu a Perseu tornar-se obscuro e acabar por conseguir fugir, assim, da perseguição desencadeada pelas duas Górgonas irmãs de Medusa." (Segundo ficha de Catálogo da Exposição "Religiões da Lusitânia" da autoria de José Cardim Ribeiro).
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Alfinete de cabelo
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  • Nº de Inventário: 983.3.189
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Adereços (e objectos de adorno)
  • Técnica: Fundição
  • Dimensões: Comp: 10,4, Alt: , Larg: ,
  • Incorporação: Mandato legal. Campanhas arqueológicas do museu
  • Descrição: Alfinete de cabelo em bronze, exibindo cabeça esférica. Com extremidade proximal afeiçoada, em forma de ponta aguçada. Haste alongada, secção circular e encurvada.
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Berrão
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  • Nº de Inventário: E 5246
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: 117, Alt: 50, Larg: 38,
  • Incorporação: Obtido pelo Padre José Augusto Tavares
  • Descrição: Escultura monolítica representando um porco, em granito. Corpo curto e atarracado, muito mutilado quer nos membros, de que restam apenas pequenas porções, quer na ponta do focinho. Apresenta espinhaço ou crista raquidiana muito larga, a todo o comprimento do dorso, com uma depressão em curvatura. As orelhas são diferenciadas: a da esquerda é saliente e foi parcialmente quebrada e a da direita é formada por cordão saliente elíptico. Apresenta ânus assinalado, em nítida e polida covinha cónica; por cima deste uma cauda enrolada e retorcida como é frequente nos porcos. Esta escultura representa um espécime masculino, como o demonstra a representação das bolsas testiculares, embora parcialmente mutiladas.
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Fundo de pátera a Marte
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  • Nº de Inventário: Au 112
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Ourivesaria
  • Técnica: Fundido, martelado e repuxado.
  • Dimensões: Comp: , Alt: , Larg: ,
  • Incorporação: Leite de Vasconcelos
  • Descrição: Fundo de pátera, ostentando ao centro, em relevo, a figura de MARS - ou de uma divindade guerreira indígena sincretizada com este deus latino -, representado como um legionário. A legenda corre em redor, junto à orla do disco. A fórmula final, V(otum) . S(olvit) . L(ibens) . M(erito), evidencia claros objectivos votivos. Porém, a interpretação global da legenda não se tem revelado consensual. (...) A preciosa oferenda - de prata, com letras incrustadas a ouro - foi depositada num santuário, ou templo, consagrado a Marte: a evidente representação do deus romano, ao centro da pátera, na sua convencional pose de legionário, não deixava margens para dúvidas quanto ao nume que se invocava; apenas a sigla S com que se iniciava a epígrafe remetia - de forma aliás plena de discrição, quase intimista - ou para a sua expressão gaulesa, Segomo, ou para o seu intrínseco cariz como numem protector dos militares, ao ponto de com eles se metamorfosear, Sagatus; se esta última hipótese nos pode parecer mais provável quer por ser uma simples forma adjectival latina, quer pelo incontornável paralelo asturicense, quer ainda pela sua plena adequação à figura de Marte em trajo de soldado já a primeira poderá apelar a seu favor o inquestionável carácter "galo-germânico" do antopónimo Saurius, que suposemos como gentilício do beneficiário deste voto. (...) Transcrição: S(egomoni vel Sagato) . ARQVI(us) . CIM(ini filius) L(ucio) . SAVR(io) . V(otum) . S(olvit) . L(ibens) . M(erito) Tradução: A Segomo ou Sagatus, Arquius filho de Cimin(i)us, por Lucius Saurius o voto cumpriu de bom grado e com razão. (RIBEIRO, José Cardim 2002)
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Lucerna com musa
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  • Nº de Inventário: 983.461.3
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Técnica: Molde
  • Dimensões: Comp: 10,6, Alt: 2,5, Larg: ,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações
  • Descrição: Lucerna de volutas, do tipo Dr./Lamb. 9-C. Observa-se orla lisa, tipo "Loeschke IIIa", e engobe manchado de bege escuro a laranja acastanhado. Decoração moldada no disco, representando Musa de pé, tocando cítara. No fundo, marca ilegível: "in planta pedis". (J.Nolen)
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Urna de chumbo
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  • Nº de Inventário: 15492
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Metais
  • Dimensões: Comp: 37, Alt: 19, Larg: 21,
  • Incorporação: Colecção Estácio da Veiga, incorporadas no Museu por despacho Ministerial
  • Descrição: Urna de chumbo, em forma de paralelipípedo, com tampa.
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Taça de vidro azul
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  • Nº de Inventário: 999.106.3
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Vidros
  • Técnica: Moldada
  • Dimensões: Comp: , Alt: 11,2, Larg: ,
  • Incorporação: Mandato legal. Campanhas arqueológicas
  • Descrição: Taça de vidro, de tipo Isings 2 de cor azul ultramarino. Esta forma parece ter sido originalmente concebida para vasilhas metálicas, passando depois ao vidro, e mais tarde, também à cerâmica - terra sigillata. Oriunda de um contexto funerário, a Azinhaga do Senhor dos Mártires, a taça em análise pode aí ter servido de urna cinerária, ou meramente ter-se inserido entre as oferendas tumulares (Segundo J.U.S.N).
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Ara de Liberius
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  • Nº de Inventário: 983.503.2
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Epigrafia
  • Dimensões: Comp: , Alt: 59, Larg: 46,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações do MNA
  • Descrição: Monumento funerário em forma de ara "opus latericium" com vestígios de pintura. A cornija apresenta-se saliente e sobre esta dois tijolos que funcionam como toros. A base é também saliente. Embutida a meio do fuste, destaca-se placa calcária rectangular epigrafada A paginação pouco cuidada segue tendencialmente o eixo de simetria. O Epitáfio de uma criança, identificada apenas através de um único antropónimo, o gentilício latino Liberius, aqui utilizado como cognonem - ou, melhor, como nome individual. Pese embora a pouca idade do defunto - e a origem etimológica de Liberius no substantivo comum liber, "livre" (cfr. Kajanto, 1982, p.280) -, trata-se, quase certamente, de um indivíduo de condição servil. (Segundo J.C.R. 2002, cat. 281) D(iis) . M(anibus) . S(acrum) / LIBERIVS/ ANNOR(um) V / H(ic) . S(itus est sit tibi) . T(erra) . L(evis) // Tradução: "Consagrado aos Deuses Manes. Liberio, de 5 anos (de idade), está aqui sepultado. A terra te seja leve."
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Brinco amuleto
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  • Nº de Inventário: Au 491
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Ourivesaria
  • Dimensões: Comp: , Alt: , Larg: ,
  • Incorporação: Oferta do Sr.Joaquim da Conceição Dias
  • Descrição: Brinco trabalhado em arame de secção circular, em forma de argola aberta com as extremidades aproximadas, sendo uma delas lisa e ligeiramente afilada e, a outra, figurando uma figa. Trata-se de uma peça que reúne, em si mesma, uma dupla funcionalidade: como objecto de adorno e como talismã, manifestamente concebido contra o mau olhado.
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Copo
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  • Nº de Inventário: 983.24.51
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Vidros
  • Técnica: Soflagem
  • Dimensões: Comp: , Alt: 9,1, Larg: ,
  • Incorporação: Mandato legal. Escavações do MNA
  • Descrição: Copo de vidro, variante do tipo "Isings 32" de bordo de arestas, esvasado, e pança decorada com quatro depressões. O pé de bolacha e o vidro incolor. Esta peça provém de um contexto funerário (Tróia, sep. 9), tendo integrado o espólio de uma incineração
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Lucerna com decoração dionisíaca
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  • Nº de Inventário: 14638
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Técnica: Molde
  • Dimensões: Comp: 11,5, Alt: 2,6, Larg: ,
  • Incorporação: Mandato legal. Colecção Estácio da Veiga. Integração no MNA por despacho Ministerial
  • Descrição: "Lucerna de volutas duplas, tipo Dressel/Lamb.11b; orla lisa, tipo Loeschcke IIa; vestígios de engobe de cor acastanhada. Decoração moldada no disco, representando uma coroa de parras e cachos de uvas. No fundo, marca ilegível. Provém de contexto funerário, tendo integrado o espólio de uma incineração." (Segundo J.U.S.N.)
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Taça com cabo
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  • Nº de Inventário: Au 1008
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Ourivesaria
  • Dimensões: Comp: 11,5, Alt: 3,7, Larg: 7,2,
  • Incorporação: A Dr. Francisco Falcão (procº JN 11/L(108))
  • Descrição: Pequena taça com cabo que pode ser classificada como "trulla"; corpo troncocónico, ligeiramente convexo. Falta-lhe o fundo. Este tipo de "concha", provida de cabo e cujo fundo provavelmente ostentaria pequenos orifícios, serviria para transportar carvões ardentes (cfr. Gagnat/Goyou, 1896(2), p. 293, fig. 338). As suas funções seriam essencialmente rituais. Fazia parte de contexto funerário com as restantes peças da Sepultura da Lameira Larga.
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Pote
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  • Nº de Inventário: Au 1006
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Ourivesaria
  • Técnica: Fundição e gravação
  • Dimensões: Comp: , Alt: 5,1, Larg: ,
  • Incorporação: A Dr. Francisco Falcão (procº JN 11/L(108))
  • Descrição: Pequeno pote, tipo "poculum", bordo espessado; pé anular; ombro decorada com duas incisões gravadas, horizontais e paralelas. Provém de contexto funerário juntamente com as restantes peças da Sepultura da Lameira Larga.
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Cabeça de figura feminina
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  • Nº de Inventário: 2006.355.5
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Escultura
  • Dimensões: Comp: , Alt: 12,5, Larg: 3,5,
  • Incorporação: Depósito temporário.
  • Descrição: Cabeça de figura feminina. Face de forma ovalada suave com olhos ligeiramente semicerrados em que o globo ocular apresenta definidas as íris e pupilas. Nariz recto sem marcação da transição com o frontal, de extremo delgado com pequenas fossas nasais apenas apontadas por golpe de cinzel. Boca pequena entreaberta. O cabelo é aberto ao meio dividindo-se em duas madeixas que se recolhem num troço sobre a nuca, seguro por uma fita lisa. Poderá pertencer a uma ninfa ou musa, tendo em conta quer o contexto de achamento, quer a presença de outros elementos ligados ao ciclo das musas (nº 2006.355.6). A tipologia, estilo e formato aproximam-na da cabeça da Vénus (nº 2006.355.4), além de outras cabeças femininas, de proveniência genericamente atribuída ao Alentejo ou Algarve, identificadas como ninfas (Ribeiro 2002, p. 442, nºs 112-113). A filiação deste exemplar aos ateliers relacionados com Afrodísias é evidente através dos paralelos com exemplares semelhantes de Chiragan e Silahtaraga (Bergman 1999, p. 53-55)

Apresentação


O fenómeno religioso, na sua historicidade, tem sido alvo de múltiplas abordagens interpretativas. Recorde-se Frazer e a abrangência comparativista; Lévi-Strauss e os arquétipos estruturalistas; Dumézil e os esquemas funcionalistas; Eliade e a universalidade do simbólico. Porém, nada mais genial do que a breve metáfora engendrada pelo inglês Murray, desde logo adoptada e desenvolvida por Dodds no seu irreverente estudo sobre a cultura grega e o irracional: o fenómeno religioso revela-se, em todas as épocas e regiões, como um “conglomerado herdado”. E comenta Dodds: “A metáfora geológica é feliz porque o crescimento religioso é (...) a aglomeração mais do que a substituição”. Por isso, quando hoje estudamos as religiões do passado, não procuramos apenas conhecer melhor as nossas longínquas raízes culturais, antes lidamos com qualquer coisa ainda presente – embora de forma parcelar e, por vezes, subjectiva – na nossa actual vivência como Homo religiosus que (queiramos ou não...) todos somos.

Daí, o inusitado e sempre crescente interesse que desperta, no grande público, a abordagem destes temas. Daí, o esperado êxito da futura exposição promovida pelo Museu Nacional de Arqueologia, no virar dos milénios, sobre as Religiões da Lusitânia. Hispania Aeterna e Roma Aeterna. Duas tradições que convergem e se sincretizam por força da Pax Romana. Mas que o Oriente, donde sempre vem a Luz, acaba por “converter”... E o “aglomerado” vai-se avolumando, encobrindo ou evidenciando aqui e além alguns dos seus componentes, mas nada perdendo, tudo armazenando. São forças secretas da Natureza, numina tutelares, divindades várias, heróis deificados, práticas rituais e mágicas, a Vida e a Morte. São textos obscuros, que é preciso decifrar para ler, são objectos e imagens de um passado duas vezes milenar que, após descodificados, se vêm a revelar bem mais presentes do que suporíamos. Será o Tempo uma quimera?

Um nome, por detrás de tudo isto: Leite de Vasconcellos, o grande estudioso que, há cem anos, pela primeira vez estudou exaustiva e metodicamente as Religiões da Lusitânia. Uma homenagem? Sem dúvida! Mas, certamente, muito mais do que isso...



José Cardim Ribeiro
Comissário Científico da Exposição “Religiões da Lusitânia”



Ficha Técnica


Datas: 7 de Junho de 2002 a 30 de Junho de 2011

Local no MNA: Galeria Oriental

Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia

Comissariado científico: José Cardim Ribeiro

Tipo de exposição: Síntese nacional