Vasos Gregos em Portugal - Aquém das Colunas de Hércules

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Krater-de-sino de estilo ático de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 11257
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Grupo de Viena 1025
  • Dimensões: Comp: , Alt: 33,75 cm, Larg: ,
  • Incorporação: Intervenção arqueológica - campanha de Vergílio Correia
  • Descrição: Cratera em forma de sino, atribuído ao Grupo de Viena 1025 por Jean-Louis Durand. Face A: Cena sacrificial composta por quatro adultos e uma criança à volta de um altar. As duas personagens que, à direita e à esquerda do altar "bomos", seguram dois espetos compridos, ou "obeloi", na ponta das quais estão espetadas as vísceras nobres do animal ,"splankhana" são os executantes do sacrificio. Eles entram nesta sequência ritual, central na prática sacrificial grega aqui representada, onde o jovem executante, assador de vísceras, "splankhnoptes", intervém entre os outros agentes sacrificiais, segurando nas duas mãos o espeto sacrificial "obelos". Executa a primeira operação do ritual propriamente dito, na chama directa do altar, queimando as vísceras nobres extraídas da carcaça da vítima. O jovem da direita veste túnica drapeada deixando o braço direito livre, e o mais jovem "pais", à esquerda está completamente nu. Fazem os dois parte desta operação, usando ambos uma coroa. Estas duas vertentes, vestido drapeado e nudez total, são ritualmente aceitáveis, mas raramente presentes em simultâneo na iconografia grega. A coroa garante a implicação das personagens numa actividade tipo festiva cujo sacrifício faz parte. Dois outros elementos combinados entre eles articulam-se sequencialmente a estes primeiros dados relevando do ritual: o altar e a árvore. Vegetação e construção marcam ritualmente o espaço icónico do santuário e organizam a ordem simétrica da imagem. A pequena construção geométrica em cima do altar representa o fogo sacrificial e o objecto encurvado que se ergue à esquerda é o "osphus" (conjunto de vértebras que são postas a queimar). A importância da personagem à esquerda do altar (entre o "pais" e o altar) é evidente: é jovem, tem o braço esquerdo levantado à altura do ombro, por cima das vísceras, e com o dedo indicador a apontar; usa coroa e um vestido comprido ricamente ornamentado que o designa, por um lado como um belo jovem e por outro, como personagem central da construção icónica. O braço direito estende-se ao longo do corpo. A posição dos braços não é usual. Em segundo plano, enquadrando as três personagens centrais, um homem barbado, à esquerda e um homem jovem à direita. O homem barbado, com coroa, apresenta-se com o pé esquerdo para trás sobre a ponta dos dedos, braço esquerdo apoiado numa vara com extremidade superior curva, braço direito estendido da mesma forma que a personagem principal. Estes atributos classificam-no como fazendo parte de uma classe de homens maduros hierarquicamente superior à dos jovens, os efebos. O jovem da direita apresenta-se numa posição similar mas com o braço esquerdo não totalmente estendido. O facto de se apresentarem em segundo plano significa que não fazem directamente parte da cena. A sua posição é simétrica relembrando a posição do personagem central e enquadram a cena no vaso. Relembra os sacrificios agonísticos ("agon": concurso de ginastas). Três ultimos elementos situados à direita da cena enriquecem os valores sacrificiais da imagem. Por baixo dos pés do jovem da direita uma base com dois degraus que pode representar simbolicamente um ginásio. Por detrás deste, uma grinalda que relembra igualmente os sacrificios agonísticos. Em cima à direita apresenta o craneo com chifres, provavelmente do animal sacrificado. Se considerássemos como aceitável a proposta de ser um sacrifício agonístico no universo religioso que Dionisos, mestre da violência e âmbiguidade, controla, então a outra face do vaso é perfeitamente explicável na sua relação com a cena que acabámos de descrever. Face B: Dois sátiros segurando um tirso enquadram um personagem que exibe um "tympanon", ou seja, são personagens disonisíacas. Mas um pormenor liga esta cena ao "agon": a mesma base com dois degraus em relação ao concurso efébico, encontram-se, aqui, também, à esquerda, por baixo do pé esquerdo do sátiro. A imagem mostra de maneira explicita a "perfomance" dionisíaca onde se desvendam os valores do "agon", relembrando a passagem ritual dos jovens efebos à vida adulta. (Segundo ROUILLARD, 1988-1989)
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Skiphos de estilo ático de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 11221
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Grupo do "Fat Boy"
  • Dimensões: Comp: , Alt: 11,3, Larg: ,
  • Incorporação: Intervenção arqueológica - Campanha de Vergílio Correia
  • Descrição: Skiphos em cerâmica grega ática de figuras vermelhas, pertencente ao grupo do pintor "Fat Boy". Apresenta como tema decorativo, nas faces A e B, dois jovens em "himation" a olharem-se de frente. Entre eles, à altura das cabeças, um grande óvulo e na zona da cintura, um círculo reservado com ponto negro ao centro.
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Pelike ática de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 11214
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Círculo do Pintor dos Tirsos Negros
  • Dimensões: Comp: , Alt: 23,1, Larg: ,
  • Incorporação: Colecção de António Faria Gentil
  • Descrição: Pelike de cerâmica grega ática de figuras vermelhas atribuída ao Círculo do Pintor dos Tirsos Negros. Face A: Cena dionisíaca. À esquerda um jovem sentado em cima de um objecto não identificável (pilastra?) vestido com "himation", de perfil olhando para a direita; assenta os pés num pequeno banco cúbico e dirige-se à mulher situada no centro da cena; cotovelo direito em cima dos joelhos e a mão estendida para a direita. No centro, uma mulher vestida com um "peplos" (Ménade), sentada numa almofada de onde pende o seu vestido; corpo de perfil para a direita e cabeça virada para a esquerda; ela toca "tympanon". À direita, um jovem de pé, de perfil para a direita usando um vestido que lhe cai dos ombros; segura na sua mão direita um tirso (em reserva com pontos pretos). Face B: Dois jovens em "himation" frente a frente. (ROUILLARD, 1988-1989)
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Taça tipo Cástulo de estilo ático de verniz negro
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  • Nº de Inventário: 51233
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Técnica: Torno rápido
  • Dimensões: Comp: , Alt: 4,9 cm, Larg: ,
  • Incorporação: Intervenção Arqueológica sob direcção do Museu
  • Descrição: Taça de tipo Cástulo, de cerâmica grega ática de verniz negro. Apresenta lábio côncavo na superfície externa. Ressalto na parede interna, marcando a ligação do lábio à parede. Fundo externo em reserva com um ponto central limitado por um pequeno círculo pintado. Face externa do pé em reserva. Duas asas horizontais. A área inferior das asas em reserva (AMA).
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Prato de estilo ático de verniz negro
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  • Nº de Inventário: 982.12.1
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Dimensões: Comp: , Alt: 3,1 cm, Larg: ,
  • Incorporação: Campanha Arqueológica sob orientação de Vergílio Correia
  • Descrição: Prato em cerâmica grega ática de verniz negro, forma Jehasse 116. O bordo é moldurado e o pé convexo. A decoração é composta por dois círculos incisos, que partem do centro do prato, a partir dos quais saiem dez palmetas de nove pétalas, ligadas entre si por caulículos, limitadas por um "guilhoché".
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Prato de pescado Ático de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 11241
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Pintor de Alcácer do Sal
  • Dimensões: Comp: , Alt: 3, Larg: ,
  • Incorporação: Escavações arqueológicas
  • Descrição: Prato de pescado em cerâmica grega ática de figuras vermelhas, atribuído ao Pintor de Alcácer do Sal por Mac Phee and Trendall (1987, p.39, nº 73). O bordo é recto e vertical, onde apresenta dois orifícios para fixação. Decoração constituída por elementos da fauna marítima: douradas, pequenos peixes e chocos.
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Kratêr-de-sino de estilo ático de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 982.62.104
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Grupo de Viena 1025
  • Dimensões: Comp: , Alt: 35, Larg: ,
  • Incorporação: Campanha arqueológica
  • Descrição: Kratêr-de-sino de cerâmica grega ática de figuras vermelhas pertencente ao grupo do Pintor de Viena 1025. Encontra-se fragmentado e reconstituído a partir de vários fragmentos, embora se encontre com algumas lacunas. Tem a forma de sino; o pé é decorado com uma banda negra larga; bordo extrovertido. É composto por duas asas, junto das quais, nos pontos de junção ao vaso, se desenvolvem dois círculos; debaixo destes surgem palmetas e linguetas. Esta peça é constituída por duas cenas principais que são rematadas por bandas prenchidas com linhas labirínticas. A cena "A" é composta por Artémis fazendo uma libação a Apolo. Esta superfície apresenta cinco figuras: uma feminina, duas figuras sentadas (Apolo ao centro e Artémis do lado direito) e nuas; uma outra personagem, que para Rouillard se trata de Hermes, encontra-se sobre uma rocha. Segundo o mesmo autor esta cena refere-se ao exterior de um santuário. A cena "B" é composta por uma dança de Sátiros e Ménade. Restam três figuras, sendo que uma delas apresenta, apenas, uma perna (sátiro); uma outra, feminina, um braço e o tronco (ménade); a terceira personagem tem cabelos negros, encaracolados e está nu (jovem sátiro). (Segundo ROUILLARD, 1988-1989).
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Kratêr-de-sino de estilo ático de figuras vermelhas
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  • Nº de Inventário: 982.58.138
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Círculo do Pintor dos Tirsos Negros
  • Dimensões: Comp: , Alt: 26 cm, Larg: 28 cm,
  • Incorporação: Campanha arqueológica
  • Descrição: Kratêr em forma de sino, em cerâmica grega ática de figuras vermelhas, atribuídas ao Pintor dos Tirsos Negros. É constituído por um pé decorado com uma banda negra larga; o bordo é extrovertido. Apresenta apenas uma asa, sendo que a outra desapareceu; sob a asa, nos pontos de junção ao vaso, desenvolvem-se dois circulos, debaixo dos quais se encontram palmetas. O vaso apresenta duas cenas que são rematadas por bandas preenchidas com linhas labirínticas. A cena "A" é uma cena de "symposion" em que intervêm três personagens. Distingue-se um pé à direita, e uma cabeça com cabelos negros e encaracolados (banqueteadores); à esquerda encontra-se um outro banqueteador. Ao centro da composição surge uma figura quase imperceptível. A cena "B", bastante mutilada, é composta por três figuras drapeadas: do lado direito é visível uma cabeleira negra e encaracolada, bem como um braço; do lado esquerdo é visível um vestido. Ao centro, a figura é particamente imperceptível. (segundo ROUILLARD, 1988-1989)
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Bolsal de cerâmica grega ática
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  • Nº de Inventário: 982.62.118
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Dimensões: Comp: , Alt: 7,2, Larg: ,
  • Incorporação: Campanha arqueológica
  • Descrição: Vaso incompleto de cerâmica grega de estilo Ático de verniz negro com decoração impressa no fundo interno, de que apenas se conservam cinco palmetas ligadas por caucículos. É ainda constituída por um pequeno pé, o resto de uma asa e um arranque de outra.
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Arýballos Coríntio
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  • Nº de Inventário: 997.78.4
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Dimensões: Comp: , Alt: 7,5 cm, Larg: ,
  • Incorporação: Doação de Anna Hatherly
  • Descrição: Pequeno recipiente em cerâmica. Corpo globular, bordo horizontal em aba e asa fitiforme. Apresenta decoração pintada de linguetas e faixas horizontais a negro e vermelho.
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Taça de faixas de estilo ático de figuras negras
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  • Nº de Inventário: 2007.167.2
  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Dimensões: Comp: , Alt: 6,9 cm, Larg: ,
  • Incorporação: Campanha arqueológica
  • Descrição: Taça de faixas, reconstituída a partir de vários fragmentos de bordo, corpo, asas e pé, de estilo ático de figuras negras. A superfície externa apresenta-se decorada com palmetas intercaladas por flores de lótus na zona central, limitada por faixas negras. Superfície do apoio do pé em reserva.

Apresentação


Vasos Gregos em Portugal - Aquém das Colunas de Hércules


A cerâmica produzida na Antiga Grécia constituiu sempre, ao longo de séculos, um motivo de atracção e coleccionismo. Ninguém é insensível à beleza plástica destes vasos, que constituem verdadeiras obras de arte, nas quais os motivos pintados, monocromáticos ou policromos, apresentam grande diversidade, desde os geométricos puros até às figurações de elementos da vida quotidiana e de cenas de natureza mitológica, constituindo neste caso verdadeiros ex-libris divulgadores do pensamento filosófico-religioso da Antiguidade.

Entre nós, existe uma certa sensação de quase vazio relativamente a este universo de peças, o qual resulta em grande medida do facto de nunca o coleccionismo de vasos gregos ter aqui sido prosseguido de forma sistemática e não ter também havido em séculos passados "missões arqueológicas" portuguesas no Mediterrâneo centro-oriental.

A presente exposição sugere um horizonte algo diverso do da escassez acima evocada. Em museus e instituições oficiais portuguesas e em colecções privadas existem afinal peças de grande valia histórica e patrimonial, porém muito dispersas e em grande medida desconhecidas, senão inteiramente inéditas. Reunidos pela primeira vez num mesmo espaço os mais importantes exemplares de vasos gregos existentes em Portugal, num total de cerca de seis dezenas de peças, revelam-nos toda a grandeza deste tipo de peças, sendo o seu primeiro impacte visual completado, em exposição e em catálogo, pelo comentário erudito, mas simples, de Maria Helena da Rocha Pereira, comissária científica da exposição, à que qual se juntam alguns dos mais credenciados especialistas portugueses nestas matérias.

Em apontamento final é também feita referência à presença dos gregos em território português, apresentando-se os principais achados realizados em contextos arqueológicos, de Sul a Norte do País.



Ficha Técnica


Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia (MNA)

Comissariado científico: Prof.ªs Doutoras Maria Helena da Rocha Pereira e Ana Margarida Arruda.

Comissário executivo: Ana Isabel Santos

Tipo de exposição: Apresentação de colecções