A publicação dos poemas Camões (1825) e D. Branca (1826) de Almeida Garrett, marcou o início do Romantismo em Portugal, que se prolongará por cerca de 40 anos. O gosto estético deste período procurava a sua inspiração nos revivalismos históricos, no exotismo dos países longínquos e nos nacionalismos.
Viviam-se tempos politicamente conturbados, com a luta pelo trono entre D. Pedro e D. Miguel que termina com a coroação de D. Maria II, em 1834. A ascensão da burguesia e a emergência do liberalismo foram também fatores de relevo neste panorama.
As senhoras voltaram a usar espartilhos e a cintura retomou lentamente o seu lugar, dado que a moda exigia cinturas finas. As saias mostravam os tornozelos e as meias elegantemente decoradas eram um importante acessório do traje. Os sapatos rasos mantiveram as características do estilo anterior.
Na década de 30, os aspetos mais marcantes da silhueta feminina eram as mangas extremamente amplas na parte superior com punhos altos e muito ajustados e os vastos decotes “em barco”, que se protegiam com fichús ou capas durante o dia. As cinturas estavam marcadas por cintos largos ornamentados com fivelas. Na década seguinte o estilo geral do traje manteve-se, apenas as mangas ficaram mais estreitas. Para equilibrar a silhueta usavam-se amplos chapéus ou toucas decoradas com plumas, flores artificiais e laços.
O ideal feminino do Romantismo exaltava as mulheres delicadas, frágeis e pálidas, consumidas pela melancolia.
Os penteados eram lisos, as barbas curtas e a cartola um acessório indispensável. Os sapatos e os botins apresentavam tacão baixo.
Como contraponto a esta moda austera surgiu em Inglaterra uma tendência denominada de dandismo, que reagia contra a puritana sociedade inglesa. Ser dandy implicava não só assumir uma aparência que se destacasse e surpreendesse, mas também uma atitude cultural associada ao Romantismo. Os dandys mais célebres foram o escritor Lord Byron e George Brummel.
Em Portugal, Almeida Garrett adotou esta atitude na moda e na escrita, e as suas extravagâncias foram inclusive seguidas pelos homens da melhor sociedade lisboeta. Estes usavam sobrecasacas e calças de talhe cuidado e coletes exuberantes, sendo os acessórios essenciais no complemento da sua toilette.
Dina Caetano Dimas
Dina Caetano Dimas
BOUCHER, François - Histoire du Costume en Occident de l’Antiquité a nos jours. Paris : Flammarion, 1965.
PORTUGAL. Museu Nacional do Traje; PINTO, Clara Vaz (coord.). Museu Nacional do Traje & Parque Botânico do Monteiro-Mor. Vila do Conde : QuidNovi, 2011.
Cândida Caldeira
Dina Caetano Dimas