O Retábulo Flamengo de Évora

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  • Nº de Inventário: ME 1501
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 277, Larg: 155,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Pintura a óleo sobre madeira de carvalho. Em contraponto aos episódios narrativos das pinturas laterais, o painel central detém uma intenção votiva que se traduz principalmente na forte presença figurativa da Virgem Maria com o Menino, quase em tamanho natural, como também pela sensível caracterização volumétrica dos dois anjos no primeiro plano e a espacialização do fundo, que prolonga ilusoriamente o espaço eclesial em que essa presença se afirma e com o qual se identifica. Imagem de síntese que resume a própria invocação da catedral, nada há que narrar aqui para além da coroação da Virgem Redentora, glorificada em música e canto pelos anjos paramentados que a ladeiam inscrevedo nas fímbrias dos mantos hinos em seu louvor. Do lado esquerdo, em primeiro plano, um anjo toca um dulcimer ou hackbrett. Num plano posterior, outro anjo toca uma flauta de bisel e ao lado, um outro toca uma viola de arco. Do lado direito, ao fundo, um anjo toca um orgão positivo cujo fole é accionado por um putro anjo. Também deste lado, três anjos que tocam respectivamente triângulo, harpa e alaúde. Á frente, em primeiro plano, no eixo de simetria da composição, um vaso de lírios, historiado, em pequenos medalhões, com cenas do Antigo Testamento - Adão e Eva, Caim matando Abel, Sansão combatendo o leão, Elias no deserto e David e Golias (?) - numa prefiguração alegórica do papel redentor de Maria e do sacrifício de Cristo.
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  • Nº de Inventário: ME 1502
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 187,5, Larg: 98,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: O "Encontro na Porta Dourada" abre o ciclo narrativo da vida da Virgem no retábulo de Évora. O autor reuniu, no mesmo quadro, as três etapas principais ligadas à concepção miraculosa da Virgem: a Anunciação a Joaquim, a Anunciação a Ana e o encontro dos dois na Porta Dourada. Segundo a história, Joaquim, marido de Ana, não tendo gerado após vinte anos de casamento, vê serem-lhe recusadas pelo sacerdote as oferendas que levava ao altar do templo de Jerusálem para as festividades da Consagração; retira-se, só, para as montanhas, com os seus rebanhos, para evitar os gracejos dos vizinhos. Um dia, um anjo vai ao seu encontro e diz-lhe que a sua esposa vai dar à luz uma menina, cujo destino prediz e ordena a Joaquim que vá ter com a sua esposa à Porta Dourada. O mesmo anjo faz um anúncio semelhante a Ana e o casal encontra-se na porta dourada, sendo que o encontro simboliza a concepção. Nesta pintura, a organização do espaço é marcada por uma preponderância do primeiro plano onde está representado o encontro, cujas personagens adquirem uma enorme dimensão. Esta cena desenrola-se à entrada da cidade. Num plano secundário, enquadradas por uma paisagem ondulante, as duas cenas anteriores ao encontro: Num grupo, o anjo esvoaçante no céu faz o seu anúncio a Joaquim que sentado no chão, rodeado pelas suas ovelhas, volta para ele o rosto e, ligeiramente mais recuado, o grupo formado por Maria, sentada à porta de sua casa, e o anjo que, de pé junto a ela, lhe faz o anúncio.
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  • Nº de Inventário: ME 1503
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 187, Larg: 102,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Nesta pintura é representado o nascimento da Virgem Maria e a cena desenrola-se num interior, num quarto, do qual nos são dados bastantes pormenores que nos introduzem neste ambiente doméstico. No lado esquerdo, numa cama alta coberta por um dossel vermelho, feita com lençóis brancos e uma coberta também vermelha, encontra-se Santa Ana, com a cabeça coberta por um toucado de pano branco e vestida com uma camisa azul, a quem uma dama ricamente vestida e com a cabeça coberta por um elaborado toucado, lhe oferece de comer de uma taça que tem nas mãos. Num plano mais avançado, duas outras damas, uma das quais segura a Virgem estando a outra sentada no chão com os braços estendidos em direcção à criança. Ambas estão ricamente vestidas e com toucados na cabeça. No meio delas, uma mesa sobre a qual se encontra um jarro e uma bacia de estanho. Por detrás do leito de Santa Ana, uma prateleira, coberta por um pano branco sobre a qual se dispõem um prato, um jarro, um vaso e um candelabro sem vela. Ao fundo, uma abertura para uma outra divisão, na qual se encontra São Joaquim sentado junto a uma janela, em frente de uma lareira.
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  • Nº de Inventário: ME 1504
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 190, Larg: 110,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Neste painel está representada a cena da apresentação da Virgem Maria no Templo, em cumprimento da promessa feita por Santa Ana, que ao rezar a Deus pedindo uma criança lhe prometeu que, se este pediddo lhe fosse concedido, a criança seria dedicada ao serviço de Deus. Quando a Virgem fez três anos os seus pais levaram-na ao templo onde esta foi recebida pelo sumo-sacerdote Zacarias. Assim, em primeiro plano, vemos Santa Ana e São Joaquim que conversam entre si e, ao centro, um galgo branco com manchas pretas. A partir daqui desenvolve-se uma escada que sobe numa curva. Sozinha, a meio da escada, de perfil, a Virgem com um vestido azul bastante comprido e cabelos soltos que lhe caem pelas costas. Ao cimo da escada, à entrada do templo, o sacerdote que se inclina na direcção da Virgem. Por uma janela, no lado direito, várias damas ricamente cestidas, assistem a esta cena. Do lado esquerdo, por detrás da figura de Santa Ana, a pintura abre-se para uma paisagem na qual se vê uma torre encimada por um globo azul.
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  • Nº de Inventário: ME 1505
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 192,5, Larg: 111,5,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Nesta pintura representa-se o casamento da Virgem Maria com José, o carpinteiro de Nazaré. A cena parece passar-se em frente ao templo e a ela assistem várias pessoas. Em primeiro plano, o casal a ser unido pelo sacerdote. À esquerda, José, um homem de cabelos e barbas brancos que se apoia numa bengala, segura com a sua mão direita a mão da sua noiva que se encontra á sua frente. Maria, uma jovem de rosto calmo e que baixa o olhar, traja um vestido e um manto azúis, o cabelo cai solto pelas costas e na cabeça tem uma enorme coroa. No meio, o sacerdote que une as suas mãos com uma fita e que vira o rosto para Maria. Por detrás de José, um grupo de três homens e por detrás de Maria Três damas ricamente vestidas e adornadas com toucados de grande riqueza. Ao fundo, parte do templo, tendo visíveis três estátuas sobre colunas. Do lado direito, num plano mais profundo, a cidade.
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  • Nº de Inventário: ME 1506
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 190, Larg: 98,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Na Anunciação o Arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que será mãe de Cristo. Esta cena tem lugar em casa da Virgem, onde ela se encontrava a rezar. Neste caso, o local onde ocorre a Anunciação é o quarto da Virgem, separado em dois espaços por uma uma pequena parede à qual está adossada uma coluna. No espaço principal, pode-se identificar como um pequeno oratório privado no qual Maria faz as suas orações quotidianas, mobilado com um banco coberto com almofadas vermelhas e um móvel sobre o qual a Virgem pousa o seu livro de orações; no espaço contíguo um dossel de cortinas vermelhas evocam o leito da Virgem. Este espaço é ainda marcado por um tecto de madeira mais baixo do que o restante espaço e é iluminado por um óculo redondo no alto. Interrompida nas suas orações pela aparição do anjo, a Virgem levanta uma mão em sinal de surpresa, mantendo o seu livro de orações aberto na página de uma iluminura. Vestida com um vestido azul e coberta com um manto da mesma cor, com a orla debruada por uma faixa com uma inscrição e cujo drapeado se espalha à sua volta sobre o chão de mosaicos, a Virgem volta o rosto para o anjo que se encontra num plano elevado do lado direito. O anjo veste uma túnica branca sobre a qual tem uma capa de brocado, na mão esquerda segura o ceptro que o identifica como arauto de Deus e da sua mão direita parte uma inscrição em letras góticas douradas "AVE : GRACIA : PLENA DOMINUS : TECUM". Sobre estas, rodeada por um nimbo, a pomba do Espírito Santo. Por detrás do anjo, sobre uma prateleira coberta por um pano branco, uma jarra com três açucenas, um livro inclinado sobre uma caixa e um candelabro com uma vela. Enquadrado pela janela que se abre na parede do fundo, uma secundária em que é representada a Visitação, cena que na vida da Virgem se segue à Anunciação. Nesta cena a Virgem encontra-se à esquerda e perante ela, Santa Isabel, sua prima, a quem ela foi visitar, levemente inclinada numa posição de reverência. Ao fundo uma paisagem com casas e árvores.
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  • Nº de Inventário: ME 1507
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 189,5, Larg: 97,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: A cena da Natividade é representada num edifício parcialmente em ruínas, onde são visíveis algumas colunas e, em primeiro plano parte de uma janela com grades, que dará para um andar inferior. Directamente sobre o solo onde apenas se vêm algumas palhas caidas da manjedoura, o Menino Jesus, completamente nu, sobre o qual se inclina a Virgem em adoração, que se encontra do lado esquerdo. Tal como nas restantes pinturas, a Virgem aparece com vestido e manto azúis, que caem em grandes pregas e se espalham no chão à sua volta. Do lado esquerdo, num plano ligeiramente mais afastado, São José, de túnica azul coberta por um manto rosa, que segura na mão uma lanterna. Por detrás dele aparecem duas mulheres de toucados de pano branco. Através de uma abertura na parede, numa paisagem, os pastores que guardam as suas ovelhas e, pairando no ar sobre eles, o anjo que lhes anuncia o nascimento de Cristo.
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  • Nº de Inventário: ME 1508
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 186, Larg: 93,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: A cena desenvolve-se num espaço interior, semi arruinado, no qual uma das colunas foi substituída por um tronco de árvore. Em frente de um pano de brocado verde e dourado, a Virgem Maria sentada voltada para o espectador, senta sobre um dos seus joelhos o Menino Jesus. Em frente deste, o mais idoso dos reis magos, ajoelhado e inclinado para a criança com as mãos juntas num gesto de oração e tendo à sua frente o cofre aberto repleto de moedas de ouro. De notar a posição anatomicamente pouco correcta com que foi desenhado o seu pé esquerdo. Por detrás deste rei, de pé e vendo-se apenas a parte superior do corpo, o segundo rei, de barbas e cabelos compridos castanhos, que segura nas mãos um frasco dourado, com tampa decorada que contém a mirra. Do lado direito, o jovem rei negro, coberto por um enorme manto verde esmeralda, parece avançar para fazer a sua oferenda de incenso que transporta numa caixa decorada com janelas góticas. Todos os reis estão ricamente vestidos. Do lado esquerdo, mais ao fundo e como que um pouco retirado da cena, José observa as oferendas dos reis. Ao fundo, uma paisagem, na qual se vê o cortejo dos reis a chegar, algumas árvores sem folhas.
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  • Nº de Inventário: ME 1509
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 188,5, Larg: 97,5,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Segundo o Evangelho de São Lucas a circuncisão de Cristo terá ocurrido oito horas após o seu nascimento e nessa ocasião ele receberá o nome de Jesus, que foi indicado pelo anjo Gabriel aquando da anunciação do seu nascimento a Maria. O acontecimento tem lugar no templo e na ausência da Virgem, que não poderá aí entrar senão depois da sua Purificação. As personagens estão agrupadas que compõem a cena estão agrupadas em volta de um altar, o qual está colocado sobre um estrado de mármore vermelho, com pés formados por colunas com base e capitéis dourados. O altar está coberto por uma toalha com franjas e sobre uma almofada encontra-se o Menino Jesus que uma mulher jovem segura. O menino tem um dos braços erguidos e o seu rosto volta-se para a esquerda. à sua frente, do lado direito da pintura, o sacerdote que se prepara para praticar a circuncisão. O sacerdote, um homem idoso de barbas brancas, tem na cabeça um chapéu de aba dobrada para o alto e a casula que veste é em brocado ricamente bordado de pedras preciosas. A mulher que segura o menino cobre-se com um enorme manto vermelho e na cabeça um toucado branco com um pequeno véu que lhe cobre a fronte. Também do lado direito, por detrás desta figura feminina, São José presencia a cena. Mais atrás, duas mulheres observam com um rosto austero. Por detrás do sacerdote aparece ainda o rosto de um homem de meia idade, com a cabeça coberta por um chapéu. Ao fundo, por detrás de um biombo, passando dois arcos de volta perfeita divididos por colunas, apercebe-se uma divisão com cobertura em abóbada, no fecho da qual se está representado um carneiro. As janelas têm vitrais, num dos quais se inscreve é visível uma marca.
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  • Nº de Inventário: ME 1510
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 187,5, Larg: 100,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Segundo o Evangelho de São Lucas, após a Purificação da Virgem, Cristo foi levado ao Templo para ser apresentado ao Senhor seguindo a lei que prescrevia que todo o primeiro filho varão lhe devia ser consagrado, e que se devia oferecer o sacríficio de um casal de jovens pombas. A criança foi então recebida nos braços de Simão que se dirigiu ao templo por inspiração do Espírito Santo uma vez que lhe tinha sido anunciado que ele não morreria sem ter visto Cristo. No interior de uma capela lateral de uma igreja, a Virgem seguida de José e uma jovem mulher dirige-se ao altar, que fica à esquerda, transportando Cristo nos braços. Sobre o altar, coberto por uma toalha branca, encontra-se o cesto com o casal de pombos e na extremidade, encontra-se Simão que se inclina para o Menino preparando-se para o segurar e a quem contempla com profundo respeito. Simão, como consta do Evangelho, é um homem de idade, de branca grisalha. Por detrás, aparece um homem, que observa a cena com atenção. A Virgem tem a cabeça coberta por um véu branco e o corpo coberto por um manto azul, em cuja orla, a dourado se vê uma inscrição. A jovem mulher que acompanha o grupo está ricamente vestida com um vestido cor de rosa cujas mangas curtas deixam ver as mangas verdes de uma camisa, a cintura está enfeitada por uma cadeia cuja extremidade prende parte da saia, que levanta deixando entrever uma saia de brocado negro e dourado. Na cabeça, um toucado de apno branco, bastante elaborado e enfeitado por jóias. Sobre o altar, um dossel circular, verde debruado a vermelho. O fundo é formado por um espaço que se multiplica em arcos, dando profundidade.
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  • Nº de Inventário: ME 1511
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 188, Larg: 100,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: A fuga para o Egipto foi contada por Mateus que nos diz que, em sonhos, um anjo teria advertido José que Herodes procurava o seu filho para o matar e ordenou-lhe que fugisse para o Egipto com Maria e Jesus devendo aí permanecer até á morte de Herodes. Em primeiro plano, a Virgem vai sentada sobre um burro cinzento, transportando o seu filho nos braços. O seu manto azul espalha-se sobre o dorso do animal e na orla tem uma inscrição com letras douradas. Por detrás do burro, José caminha num passo largo, apoiado na sua bengala, vestido de peregrino, com uma capa, um lenço a cobrir a cabeça e luvas nas mãos, e transportando um cesto pendurado num pão que apoia sobre o ombro. Por detrás, desenvolve-se uma paisagem e, do lado direito, foi colocada uma coluna de mármore com base e capitel dourados, sobre a qual se encontra uma estátua também dourada. A escultura representa um ídolo pagão, coberto com um chapéu pontiagudo, que segura um escudo com uma cabeça de leão e um estandarte. A estátua está partida em dois sítios e inclina-se, em queda, para o lado esquerdo. Ao fundo, uma paisagem que se desenvolve com bastante profundidade. Esta paisagem está dividida em duas, por uma elevação colocada ao centro, no cimo da qual se encontram várias árvores. Do lado esquerdo, os soldados de Herodes que vão em perseguição da Sagrada Família e um camponês em frente de um campo de trigo cena que, segundo Elizabeth Agius (Agius, 1987) retrata um cena bastante comum nas Fugas para o Egipto flamengas e, segundo a qual, os soldados ao passarem por um camponês perguntam-lhe se ele não terá visto passar o grupo em fuga. O camponês responde que o grupo terá passado enquanto ele semeava e, entretanto, miraculosamente, o trigo tinha crescido tão rápidamente que ele se preparava já para o ceifar. Isto leva os soldados a pensar que se terão enganado no caminho e decidem voltar para trás. Do lado esquerdo uma paisagem povoada por casas por entre as quais correm canais de água, que lembra uma paisagem flamenga.
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  • Nº de Inventário: ME 1512
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 187, Larg: 109,5,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Na altura da Páscoa a Sagrada Família deslocou-se de Nazaré a Jerusalém para celebrar esta festa. Na altura de regressar, não se encontrava Jesus. Após terem procurado os seus pais acabam por o encontrar no templo, no meio dos Doutores, escutando-os e interrogando-os. O espaço do quadro articula-se em dois planos separados por uma diferença de nível e uma discordância na perspectiva que se manifesta no desenho dos mosaicos do chão. Em primeiro plano está representado o grupo dos Doutores e de Jesus, em pé sobre um estrado. Ao fundo os seus pais. Os Doutores da Antiga Lei aparecem em atitudes variadas e algumas até pitorescas. De entre este grupo, que se dispõe num grupo em semi círculo, olham para Jesus escutando-o com atenção. O resto do grupo parece estar absorvido noutras actividades. À esquerda, a primeira figura, sentada frente a uma pequena escrevaninha, parece estar a ler um livro. Por detrás, está sentado um dos Doutores que, de costas voltadas para o Menino Jesus, está absorto na leitura de um livro, tendo uns óculos postos. Por detrás deste, dois outros personagens conversam entre si e, no meio deste grupo, está um dos dois Doutores que presta atenção a Jesus e que segura um livro aberto nas mãos. Do lado direito, dois Doutores conversam entre si e mais atrás está o outro dos Doutores que escuta Jesus. Jesus estabelece a transição entre os dois planos do quadro, estando de pé em frente à assembleia dos Doutores, aos quais se dirige. De pés nus e vestido com uma túnica azul, o Jesus ergue uma das mãos e com a outra segura a túnica que levanta um pouco. Por detrás de Jesus, do lado direito, um armário aberto, onde se encontram vários livros, alguns presos com cadeias, e um pergaminho meio desenrolado. Ao fundo, desenvolve-se o interior do templo em profundidade e em frente da entrada encontram-se José e Maria.
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  • Nº de Inventário: ME 1513
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Círculo de Gerard David
  • Suporte: Madeira de carvalho
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 188,5, Larg: 111,
  • Incorporação: Transferência da Biiblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Segundo a Lenda Dourada de Jacques de Voragine, a Virgem Maria não se consolando da morte do seu filho, foi visitada por um anjo que lhe anunciou a sua morte próxima. Então a Virgem terá manifestado o desejo que todos os apóstolos estivessem presentes nesse momento. Nesta pintura a Virgem acaba de morrer, e o seu corpo envolvido no manto repousa na sua cama e o seu rosto pálido e envelhecido mostra a sua idade. O leito da Virgem situa-se numa diagonal e os apóstolos encontra-se à sua volta. Do lado esquerdo, encontra-se São Pedro vestido com um pluvial na qualidade de oficiante acaba de colocar uma vela acesa entre as mãos da Virgem e pelo seu rosto envelhecido correm lágrimas de desgosto. Este sofrimento é visível em todos os rostos dos apóstolos que, vestidos com largas túnicas e com os pés descalços nos lembram precisamente a sua missão. Rodeando São Pedro encontra-se um grupo de quatro apóstolos, um dos quais se encontra ajoelhado e de mãos postas. Do lado esquerdo, um outro grupo de três apóstolos, dois dos quais estão face a face, como que consolando-se mutuamente. Logo em primeiro plano, um apóstolo está sentado de frente para o espectador e, do lado direito, dois outroa apóstolos ajoelhados um dos quais rezando de mãos postas. Por cima da cabeça da Virgem, sobre o fundo da cortina do dossel do leito, está representada a cena da ascenção da alma da Virgem ao céu, transportada por quatro anjos. Do lado esquerdo, abre-se uma janela sobre uma paisagem que deixa ver uma outra cena secundária. São Tomé esteve ausente na altura da Assunção da Virgem e, tal como tinha acontecido em relação a Cristo, não quis acreditar. Então a Virgem enviou-lhe do céu o seu cinto para que ele acreditasse que ela tinha realmente subido aos céus.
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  • Nº de Inventário: ME 1514
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 75.7, Larg: 88,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Sentados em redor de uma mesa rectangular coberta com um pano branco, os doze discípulos e Cristo. Este encontra-se ao centro (de referir que a pintura foi cortada do lado direito, motivo pela qual a figura de Cristo aparece descentrada e apenas se vêm as mãos e parte do manto do apóstolos que se encontrava nesta extremidade). Os apóstolos distribuem-se seis de cada lado de Cristo - dois dos apóstolos estão sentados de face para Cristo, mas de costas voltadas para quem vê a pintura, ficnado um espaço aberto entre eles para deixar ver a figura de Cristo que se senta à sua frente. Um deles, sentado do lao esquerdo, é fácilmente identificado como Judas pois segura, escondendo-o atrás das costas, o saco com os trinta dinheiros. Os restantes sentam-se nas extremidades da mesa e ao lado de Cristo, e João encontra-se sentado num nível inferior com a cabeça apoiada no tronco de Cristo. Este aparece com a mão esquerda erguida e na mão direita segura um pedaço de pão. Ao fundo, através de uma abertura dividida por colunas, a parte superior dos edifícios de uma cidade.
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  • Nº de Inventário: ME 1515
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 75.7, Larg: 87.6,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Nesta pintura está representada a Prisão de Jesus, sendo aqui retratado um dos episódios com ela relacionados que, segundo Réau, "é um dos episódois mais populares da Prisão, imaginado para realçar a divina mansidão de Cristo por oposição à reacção institiva de um dos seus discípulos" e que apenas foi referido por São Lucas (Réau, II, pp. 436-7). Assim, no momento da prisão de Jesus, Pedro, deixando-se dominar pela cólera e em defesa do seu mestre, precipitou-se sobre Malco, criado do sumo-sacerdote, que tinha guiado os soldados, iluminando o caminho com uma lanterna. Derrubando-o, cortou-lhe uma orelha com a sua faca. Jesus pediu a Pedro que se acalmasse e dirigindo-se a Malco, voltou a por a orelha no seu lugar.. Do lado esquerdo, está Malco caido no chão, com um dos braços no ar, como que defendendo-se de São Pedro. Este de pé, voltado para Cristo, com uma expressão de alguma relutância no rosto, obedece à ordem de que Ele lhe e embainha a faca com que feriu Malco. Cristo avança em direcção a Malco, a quem vai voltar a colar a orelha que segura na sua mão direita e ergue a outra mão, num gesto de quem pretende apaziguar os soldados que, num grupo agitado e compacto, situado do lado direito, se precipitam sobre Pedro. Na mão de um dos soldados, erguida no ar, aparece a lanterna que Malco transportaria. Do lado esquerdo, por detrás de pedro, uma árvore. Ao fundo, ao centro, algumas casas no cimo de um monte.
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  • Nº de Inventário: ME 1516
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 77, Larg: 105,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Neste painel Jesus é apresentado perante o tribunal civil romano, presidido pelo procurador da Judeia, Pôncio Pilatos, após ter sido condenado pelas autoridades religiosas judias. Após ter sido interrogado por Pilatos, Jesus acaba por se refugiar no silêncio. Mas a multidão pede a sua condenação à morte, à qual Pilatos acede, mas, num gesto simbólico lava as mãos em presença dos que pedem a condenação de Cristo declarando que se considera incoente da sua morte. Partindo do lado esquerdo da pintura, em frente de uma multidão agitada, vê-se a figura de Cristo, em pé, de olhos cerrados e cabeça baixa, vestido com uma túnica azul cujas mangas lhe cobrem completamente as mãos. À sua frente, Pilatos sentado na sua cadeira com as mãos bem visíveis pousadas sobre as pernas, mas numa posição completamente estática, parece esperar ouvir algo de vindo de Cristo. Do lado direito, um servo, ajoelhado, despeja água de un jarro para uma bacia, onde Pilatos irá lavar as suas mãos. Por detrás desta figura, do lado direito, dois degraus dão acesso a uma outra sala onde vemos retratada, numa cena secundária, a Flagelação de Cristo. Este encontra-se de pé, preso pela mãos a uma coluna, tendo a túnica azul que o cobria sido substituida por um pano branco preso em volta da cintura. Do lado direito, um homem ergue o chicote com que vai açoitar Cristo, do lado direito três homens presenciam a cena.
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  • Nº de Inventário: ME 1517
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 77, Larg: 105,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Ao centro, baixando por uma escada da qual se vê apenas a parte inferior, opção ditada pela forma do painel, um homem transporta o corpo de crsito nos braços. . Do lado direito, um outro homem ajuda o primeiro segurando as pernas de Cristo, cujo corpo sem vida aparece lânguido. Do lado esquerdo, Nossa Senhora, ajoelhada no chão, segura o braço do seu filho, em pé por detrás, aparece São José e uma outra figura de mulher. Do lado direito, em pé Maria Madalena vira o rosto para o lado limpando as lágrimas que correm e em frente dela uma jovem de cabelos compridos, com um traje que contrasta com a simplicidade das túnicas de Nossa senhora e Maria Madalena, ajoelha-se perante Crisrto. Ao funto uma paisagem, em que a linha do horizonte acentua a horizontalidade da pintura. Segundo Joaquim Oliveira Caetano (Caetano, 2000), a pintura manifesta, quer no estilo, quer nas fontes iconográficas e plásticas traços de alguma arcaicidade apresentando algumas afinidades com a "Deposição da Cruz" de Rogier van der Weyden, do Museu do Prado ou com a tábua central do triptíco da capela real de Granada, de Dierick Bouts.
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  • Nº de Inventário: ME 1518
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 76, Larg: 87,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: A "Ressurreição" é o tema desta pintura. Ao centro, Cristo, de pé, em frente da entrada do sepulcro que tem a forma de um pequeno montículo que divide o fundo da composição em duas metades. Cristo coberto com uma grande capa vermelha, entraberta ao meio, segura, na mão esquerda, o estandarte com a cruz vermelha, símbolo da sua vitória sobre a morte. No chão, em volta da entrada, três soldados que se encontram imobolizado. Um deles encosta a cabeça aos joelhos, o segundo está de costas para o espectador, dsentado no chão e apoiado numa das mãos e o terceiro senta-se encostado ao sepulcro, voltando o rosto para Cristo, na direcção de quem ergue uma das mãos. Ao fundo, do lado esquerdo, a pintura abre-se para uma paisagem que se desenvolve em grande profundidade e na qual se vê um rio, uma torre e diversas outras construções.
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  • Nº de Inventário: ME 1519
  • Museu: Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Pintura
  • Autor: Anónimo flamengo; Mestre do Retábulo da Sé de Évora (Círculo de Gerard David, 1460-1523)
  • Suporte: Madeira
  • Técnica: Óleo
  • Dimensões: Comp: , Alt: 77, Larg: 89,5,
  • Incorporação: Transferência da Biblioteca Pública de Évora
  • Descrição: Neste painel representa-se a "Ascenção". Alguns dos apóstolos e a Vrgem, ajoelhados no solo e de mãos postas, erguem os rostos para o alto, em direcção de Cristo que se elva nos ares. Da figura de Cristo, na extremidade superior da pintura, apenas já só se vê a extremidade da túnica e os pés. Os apóstolos e a virgem encontram-se dispostos em dois grupos, de cada lado da pintura, com um espaço ao meio. Da lado esquerdo, um grupo de quatro apóstolos (de referir que esta tábua deverá ter sido cortada nesta extremidade pelo que a composição se encontra um tanto descentrada). Do lado direito, um grupo à frente do qual se vê Maria, vestida coberta com o manto azul e com o mesmo toucado que aparece na pintura pintura representando o "Descida da Cruz" pertencente a esta série (ME 1517), por detrás desta São Pedro, a mesma figura que aparece nas pinturas da "Última Ceia" (ME 1514) e da "Prisão de Jesus" (ME 1515), e o mesmo São João da "Descida da Cruz" (ME 1517). O fundo da pintura é formado por uma paisafem que se desenvolve com bastante profundidade e que, gradualmente se vai diluindo acabando por se fundir com o céu.

Apresentação

O Retábulo da Catedral de Évora foi encomendado pouco depois de 1495 pelo bispo D. Afonso de Portugal a uma desconhecida oficina flamenga, provavelmente de Bruges, para o altar-mor da Sé de Évora, onde terá permanecido até 1718, data em que se deu início à demolição da capela- mor medieval. Compõe-se de 19 pinturas, 13 representando a Vida da Virgem, 7 representando o ciclo da Paixão de Cristo, incorporadas no património do Estado em 1911 e hoje pertence ás colecções do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. É o maior e um dos mais importantes conjuntos de pintura flamenga existentes em Portugal.

Actualmente encontra-se em exposição permanente no primeiro piso do Museu.

Segundo o historiador de arte Joaquim Oliveira Caetano, antigo director do Museu e actual director do Museu Nacional de Arte Antiga "é hoje sabido que o retábulo se integrou num vasto e profundo plano de melhoramentos do monumental edifício, que em algumas das partes se deteriorara e ameaçava ruir. A autorização para essa intervenção, que obrigava à remoção temporária de vários altares e a mexidas nas estruturas de outras salas, foi concedida por uma bula do Papa Alexandre VI em 1495."

O bispo que governou a diocese entre 1485 e 1522 decidiu- se então pela construção de um altar-mor que seria preenchido com um conjunto retabular de cuja execução incumbiu uma oficina de Bruges, próxima do estilo do apreciado pintor flamengo Gerard David. Uma escolha tida como óbvia, dado que a pintura flamenga era muito apreciada pelos portugueses, que a conheciam através das relações comerciais com as principais cidades da Flandres, zona onde Portugal havia criado, quase um século antes, uma feitoria de muita fama e proveito.

A obra produzida tem uma qualidade excepcional e impressiona pela dimensão invulgar das suas pinturas, em óleo sobre madeira de carvalho, atribuindo-lhe ainda os especialistas grande importância histórica por ter, ao que se julga, desbravado o caminho para a emergência de grandes retábulos pintados que viriam a instalar-se numa caterva de catedrais e conventos do período manuelino.

O retábulo do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo é composto por 19 pinturas, divididas em duas séries: a primeira compreende a Vida da Virgem e é constituída por 13 painéis, o maior dos quais com 269,5 cm por 157 cm; a segunda é composta pelos restantes 6, todos eles alusivos à Vida de Cristo. Ao centro da primeira série está o maior, que representa a Virgem da Glória e é, curiosamente, o último da sequência. É antecedido, por ordem, pelo Encontro na Porta Dourada, Nascimento da Virgem, Apresentação da Virgem no Templo, Casamento da Virgem, Anunciação, Presépio, Adoração dos Reis Magos, Circuncisão, Apresentação do Menino no Templo, Fuga para o Egipto, Menino entre os Doutores e Morte da Virgem.

Os da segunda série são mais pequenos e menos vistosos e referem-se, de modo indiferenciado, a cenas da Paixão de Cristo, e servem de predela, isto é, formam a parte inferior do retábulo. Entre 2003 e meados de 2009, período em que o Museu esteve encerrado para obras de ampliação e requalificação, o retábulo foi submetido a um profundo trabalho de conservação e restauro, a cargo do ICM (Instituto de Museus e Conservação). Simultaneamente realizou-se um projecto de estudo e investigação, coordenado pelo Museu de Évora e participado pelo Metropolitan Museum of Art (New York), New Gallery of Art (Washington, D.C.) e pelo Museu Nacional de Arte Antiga, em que as pinturas foram restauradas, fotografadas e estudadas laboratorialmente.

O Museu Nacional de Arte Antiga organizou, entre Fevereiro e Abril de 2008, a Exposição “Olhar de Perto: Os Primitivos Flamengos do Museu de Évora”, que resultou num grande sucesso e foi considerada uma das mais importantes mostras artísticas do ano. Quando regressou ao então, Museu de Évora foi reconstituído na sua primitiva disposição e colocado na mesma orientação, na parede do fundo a nordeste. Por outro lado, o pavimento foi rebaixado para favorecer a visualização de diversos ângulos e níveis de altura.

Realizou-se, no dia 18 de Fevereiro, em Lisboa, e nos dois dias seguintes, em Évora, um Congresso Internacional subordinado ao tema “O Retábulo de Évora e a Pintura Flamenga do Sul”, com o qual se pretendeu, segundo a organização, «juntar ao conhecimento adquirido um novo enfoque, baseado no confronto de pinturas de Évora com a produção da Escola de Flandres e com o gosto dos países da Europa do Sul pela pintura da época».

Ficha Técnica

Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo

Concepção da exposição online

Maria do Céu Grilo

Bibliografia:

AGIUS, Elisabeth - Le Retable de la Vie de la Vierge de la Cathédrale d'Evora (tese de mestrado apresentada à Université de Paris - IV, U.E.R. d'Art et Archéologie, policopiada): Jun. 1987

BAPTISTA, Júlio César - "A Catedral de Évora. Estudo Histórico" in A Cidade de Évora, nº 57. Évora: Boletim da Comissão Municipal de Turismo, Jan. Dez. - 1974

BARATA, António Francisco - Memoria Historica sobre a fundação da Sé de Évora e suas Antiguidades. Coimbra: 1876

BERTAUX, Émile - Les Arts en Portugal in Guides Bleus. Paris: 1916

BODENHAUSEN, Eberhard Freiherr von - Gerard David und seine Schule. München: 1905

CHICÓ, Mário Tavares - Pinturas Flamengas e Holandesas do Museu Regional de Évora. Lisboa: Estúdios Cor

COUTO, João - "A Pintura Flamenga em Évora no Século XVI. Variedade e estilos na obra atribuida a Frei Carlos" in A Cidade de Évora, nº 3. Évora: Boletim da Comissão Municipal de Turismo, Junho 1943

ESPANCA, Túlio - "Fundação da Capela-Mor da Catedral de Évora" in A Cidade de Évora, nº 23-24. Évora: Boletim da Comissão Municipal de Turismo, Jan.-Jun- 1951

ESPANCA, Túlio - "Visitação da Catedral de Évora em 1537" in A Cidade de Évora, nº 53-54. Évora: Boletim da Comissão Municipal de Turismo, Jan. - Dez.. 1970-71

FIGUEIREDO, José de - Pintura Primitiva Portuguesa. Jorge Afonso in Lusitânia, fasc. II, p.225. Lisboa: Março, 1924

FIGUEIREDO, José de - Metsys e Portugal in Mélanges Hulin de Loo. Bruxelles et Paris: 1931