Figura compósita

  • Museu: Museu Nacional de Etnologia
  • Nº de Inventário: AO.253
  • Super Categoria: Etnologia
  • Categoria: Ritual
  • Autor: Autor desconhecido
  • Datação: Século 20
  • Dimensões (cm): Alt. 27,5
  • Descrição: Figura compósita em madeira que representa um barco de forma mais ou menos oval, no fundo do qual estão deitadas duas figuras humanas em que o corpo assume de forma simplificada um tronco cilíndrico. Na altura do peito, e cobrindo as duas figuras, está colado um fragmento de espelho. Acima das duas figuras, amarrado a pregos, um cordel de várias voltas. Toda a peça está coberta de uma pasta de argila vermelha.
  • Origem/Historial: Os "minkisi" são figuras que materializam as forças da terra invisível dos mortos e que sob o controlo humano atuavam ao nível pessoal, político e económico dentro das comunidades Kongo. «As duas figuras enfiadas no fundo do barco vermelho-sangue (cat. 30, pág. 49) [esta peça], possivelmente um homem e uma mulher, podem ter sido inspiradas pelo tráfico de escravos. Este "nkisi" igualmente único, é chamado "Kumbi-lipanha"; o significado da segunda palavra é obscuro, mas "kumbi" significa barco europeu. Este "nkisi" proveniente de Cabinda, tinha a reputação de ser extremamente perigoso. A viagem através do Atlântico era considerada, e continua a ser, uma jornada para a terra dos mortos.» «No pensamento dos povos Kongo, um "nkisi" (pl. "minkisi") era uma força personalizada da terra invisível dos mortos que tinha escolhido, ou sido induzida a submeter-se a um certo grau de controlo humano efetuado através de rituais. O perito que conduzia tal ritual era o "nganga" (operador ou sacerdote; pl. baganga) do nkisi. O ritual podia ser mais ou menos elaborado, demorar uns minutos ou muitos anos a ser completado e requerer a participação de qualquer número de pessoas, de um só indivíduo a uma aldeia inteira ou mais. Incluia habitualmente cantos, danças, restrições de comportamento, recintos especiais e espaços preparados, e um aparato material vagamente prescrito. O aparato material incluía instrumentos de música, a presença do nganga e dos seus pacientes, ou clientes, artigos de uso, remédios e, finalmente, um objeto central que era o próprio "nkisi" no sentido restrito de recetáculo da força que dava poder.» «Um "nkisi" foi revelado plo espírito ao "nganga" que primeiro o compôs, que recebeu instruções quanto ao seu uso e que, através da iniciação, pode instruir o seu sucessor. A composição era alcançada acrescentando "remédios" ao receptáculo - uma figura de madeira, um pote de barro, um corno de animal, um saco ou uma combinação de tudo isto. Os remédios consistiam de matérias naturais escolhidas quer porque visualmente representavam os atributos a ser encarnados nesse particular "nkisi"...» Fonte - MacGaffey, 2000: 44.

Bibliografia

  • MacGaffey, Wyatt - "Os Kongo". In Na Presença dos Espiritos: arte africana do Museu Nacional de Etnologia. Nova Iorque: Museum for African Art/ Snoeck-Ducaju Zoon, Gant, 2000, p. 35-59.

Exposições

  • Na Presença dos Espíritos: arte africana do Museu Nacional de Etnologia

    • Museu Nacional de Etnologia, Lisboa
    • 27/2/2002 a 23/3/2003
    • Exposição Física
  • <strong>A cultura Kongo (Angola)</strong>

    • Exposição Online

Multimédia

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