Cálice

  • Museu: Museu Nacional de Arte Antiga
  • Nº de Inventário: 815 Our
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Ourivesaria
  • Autor: Autor desconhecido (Ourives)
  • Datação: 1524
  • Técnica: Prata fundida, relevada e incisa; gemas em cabochão
  • Dimensões (cm): Alt. 36,2 x Diâm. copa 12,2; base 21,2
  • Descrição: Cálice em prata dourada de base recortada, tendencialmente hexagonal, elevada sobre seis cães alados, cujas caudas se prolongam para o interior do pé (um não tem a cabeça e outros dois tem as asas partidas). A haste é quase totalmente preenchida pelo nó que se desenvolve em quatro castelos sobrepostos. A copa tem, correndo dentro de uma banda a inscrição em negativo e, a falsa copa, com tintinábulos e cabochões aplicados inclui representação de vários santos emparelhados : São Bartolomeu e São Tomé; São Simão e São Matias; São Pedro e São Paulo; São João Baptista e São João Evangelista; Santo André e São Tiago Maior; São Filipe e São Tiago Menor. O primeiro registo do nó apresenta flores em prata, originalmente cobertas por esmaltes. O segundo mostra seis divisões com bustos alternadamente femininos e masculinos, à maneira dos tondi renascentistas, formando três pares. O terceiro mostra seis anjos segurando os símbolos do martírio de Cristo - a coluna, a escada, a torquês, a esponja de vinagre e os cravos, estes repetidos em duas composições. Finalmente o último e maior registo do nó inclui as representações de Cristo na Cruz e a Lamentação das Santas Mulheres, Cristo Deposto da Cruz, Enterro de Cristo, Ressurreição, Descida de Cristo ao Limbo, e Noli Me Tangere. Na base figuram-se a Anunciação, a Visitação, a Natividade , a Adoração dos Magos e dois episódios das tentações de Cristo, a do pão e a da montanha. A falsa copa desenvolve-se. na parte superior, com enrolamentos renascentistas unidos por um eixo central e rematados inferiormente por cabeças de monstros. Sob este friso separados por cabeças torneadas e enquadrados em nichos em forma de adragas, representam-se em vulto, sobre a mesma peanha suportada por um querubim, os pares de Santos, formando uma galeria de companheiros de Cristo na qual São João Baptista substitui Judas Escariotes. No cimo dos arcos notam-se orifícios onde deveriam situar-se outras aplicações totalmente perdidas. Conservam-se ainda nove dos doze cabochões que teve, com ametistas granadas e pedras de imitação. Do centro de três das colunas pendem tintinábulos em forma de corola, tendo-se perdido outros três cujos orifícios de suspensão são visíveis. A haste começa por uma pequena gola em escócia com quatro aplicações de flores esmaltadas. Abaixo delas a única parte de haste visível na sua estrutura hexagonal é um pequeno anel de folhagem esmaltada. O nó proeminente, divide-se em tres castelados - o superior, mais estreito tem seis lados divididos por botaréus cogulhados e frisos de flores de lis a toda a volta, na base e no topo. As janelas albergam seis flores que aparentam terem sido esmaltadas. O segundo castelo, com remate na parte superior de um friso flordelisado, está separado por contrafortes duplos do tipo rematados por cogulhos, e tinha à maneira de baldaquino, um arco conupial arborescente, que se encontra intacto apenas numa das seis faces. Estas abrigam baixos relevos de anjos com os símbolos da Paixão de Cristo. Enquadra-os uma moldura rectangular, ligeiramente concava na parte superior. A ligação entre os dois registos acastelados, é feita atravéz de uma reentrância ligeiramente concava, mostrando seis bustos, alternadamente de donzelas de toucado e de homens de elmo, ao gosto dos tondi renascentistas. O terceiro castelo de maiores dimensões, tem a mesma divisão em seis partes, seccionadas por botaréus duplos semelhantes aos anteriores, platibanda e remate inferior. Como baldaquino, sobre dois arcos interseccionados imitando troncos, rematam duas cornucópias centradas numa taça. Este conjunto está incompleto numa das faces (sobre o Noli Me Tangere) e desapareceu de todo noutra (Descida de Cristo ao Limbo). Esta estrutura alberga seis cenas delimitadas por pilastras e uma abóbada em concha com as representações supra-referidas. Abaixo deste registo encontra-se um afunilamento sexpartido, decorada em cada uma das faces por folhagens e taças, liga ao termo da haste definido por um anel hexagonal de faces concavas com o bordo decorado por um torsal de louros. A base é elevada de um sopé com dois registos marcados por um friso de louros, no inferior, e um de acantos no superior, sobre o qual se eleva uma grade de quadrifólios rematada por uma platibanda de motivos vegetalistas. Nas reentrâncias desta ,comportava seis rosetas esmaltadas, das quais permanecem apenas quatro, duas delas ainda com vestígios de esmalte no centro. A parte superior da base mostra entre colunas tipicamente renascentistas de tipo balaústre, sob baldaquinos triangulares e sobre pianhas em forma de taça, várias cenas da vida oculta e pública de Cristo, em figurações de grande qualidade plástica. Numa dessas colunas inscreve-se a data de 1524.
  • Origem/Historial: "A análise dos processos da Casa da Moeda ligados à extinção das Casas Religiosas ajuda-nos a esclarecer a proveniência dos objectos referenciados no Livro 2º de Objectos de Ouro e Prata referentes ao anos de 1835 a 1836 do Arquivo Histórico da Casa da Moeda, onde se encontra a relação das peças vindas do Convento de Cristo de Tomar, entre as que se consideram de interesse histórico e artístico suficiente para não serem derretidas ou vendidas, apenas consta um único cálice, peça cujo itenerário podemos seguir nas colecções reais, até que em Agosto de 1938 foi incorporado no Museu Nacional de Arte Antiga, com o nº 810 da colecção de Ourivesaria, indos dos Palácios da Ajuda e das Necessidades. (...) Entre os Conventos Dominicanos do Distrito de Coimbra avulta o Convento de São Domingos da própria cidade como hipótese mais provável da proveniência original desta peça." Esta obra, sendo considerada a melhor peça da ourivesaria manuelina, foi primeiramente mostrada na Exposição de Arte Ornamental em 1882. O grande interesse que suscitou nos finais de oitocentes conduziu a que fosse reproduzida pelo ourives Raphael Zacarias (executada nas oficinas de Leitão & Irmão) para ser oferecida por D. Luís ao Papa Leão XIII por ocasião do seu jubileu, sendo porém ligeiramente alterada na disposição dos elementos da haste. Inventário do Museu Nacional de Arte Antiga. Colecção de Ourivesaria. 1º volume. Do Românico ao Manuelino, Lisboa, IPM, 1995, pp. 188-189. * Forma de Protecção: classificação; Nível de classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
  • Incorporação: Palácio das Necessidades;Repartição do Património um dos Conventos do distrito de Coimbra
  • Centro de Fabrico: Portugal

Bibliografia

  • HERNMARK, Carl - "The Art of the European Silversmith 1430-1830". Londres: 1977
  • Occidente, nº 598, vol. XVIIII. Lisboa: 5 Agosto 1895
  • COUTO, João - "Os cálices na Ourivesaria Portuguesa do Século XII ao XVIII" (Conferência proferida no 2ºCongresso dos Ourives Portugueses, 1926), in Esmeralda, nºs 24 a 30. Porto: 1927
  • O OCCIDENTE, n.598; vol.XVIIII - 5 de Agosto de 1895.
  • COUTO, João; A.M.Gonçalves - "A Ourivesaria em Portugal". Lisboa: Livros Horizonte, 1960
  • CRUZ VALDOVINOS, José Manuel - "Plateria en la Época de los Reyes Católicos". Madrid: Fundación Central Hispano, 1992

Exposições

  • Le langage des Orfèvres du Portugal

    • Luxemburgo
    • Exposição Física
  • Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola

    • Lisboa
    • Exposição Física
  • A Linguagem dos Nossos Ourives. A Linguagem dos Novos Materiais.

    • Lisboa
    • Exposição Física
  • Expo 92.Pavilhão Português

    • Sevilha
    • Exposição Física
  • Exposição cultural da Época dos Descobrimentos

    • Sevilha
    • Exposição Física
  • Exposição de Arte Sacra Ornamental. Centenário do Santo António de Lisboa

    • Lisboa
    • Exposição Física
  • Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento.XVII Exp.Europeia de Arte,Ciência e Cultura do Conselho da Euro

    • Lisboa, Núcleo do Museu Nacional de Arte Antiga,"Abre-se a Terra em Sons e Cores".
    • Exposição Física
  • No Tempo das Feitorias. A Arte Portuguesa na Época dos Descobrimentos

    • Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga
    • Exposição Física
  • O Destino Etíope do Preste João

    • Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga
    • 21/10/1999 a 5/12/1999
    • Exposição Física
  • Objectos de Culto, Texteis e Ourivesaria 1ª metade do Séc. XVI

    • Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
    • 27/2/2008 a 4/5/2008
    • Exposição Física

Obras relacionadas

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