Casula

  • Museu: Museu Nacional de Arte Antiga
  • Nº de Inventário: 2208 Tec
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Têxteis
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: Século 16
  • Suporte: Forro de linho
  • Técnica: Lampasso de 3 tramas lançadas, com decoração de anelado e «alluciolato» Bordado: bordado de aplicação, em base de cetim, pontos de ouro estendido, pontos de seda, ponto lançado, ponto atrás (?), aplicação de cordãozinho.
  • Dimensões (cm): Alt. 123 x Larg. 77,5
  • Descrição: Casula em lampasso com decoração de anelado e «alluciolato». Sebasto e tira bordados. Painéis com estrutura decorativa de grande dimensão com motivo central de alcachofra ou flor de cardo, rodeado por folhas retorcidas sobre si mesmas e inflorescência no topo. Envolvimento ogival (?) formado por tronco robusto onde se inserem flores, folhas e frutos. Num traçado subsidiário, representação, muito realista, de romã. Na frontaleira e sebastos não é perceptível a estrutura decorativa. Provavelmente é um traçado de grande dimensão, em ogiva, com utilização do motivo da romã e motivos florais próximo do lotus e da flor do cardo, e de folhas retorcidas. (T.A.) No sebasto das costas está bordado um escudo com uma águia bicéfala. Galão debruando toda a peça. «Casula, frenta acentuadamente recortada, costas direito, arredondadas na base: Executada em dois tecidos lavrados, nos sebastos amplos e orla acompanhando toda a peça (tecido 1), branco, amarelo e dourado, no campo, branco e prateado (tecido 2). Bordado de aplicação, aposto nas costas, policromo, dourado e prateado. Galão tecido estreito, vermelho e dourado, a debruar sebastos, decote eorla. Forro de linho (?). (...) A estrutura ornamental do tecido que forma as sebastos e orla, embora não totalmente perceptível, pode, analogicamente, ser integrado na tipologia designada por «pinha». De matriz quatrocentista, vai tornar-se emblemática na gramática decorativa têxtil do séc. XVI, projectando-se mesmo no século seguinte. Caracteriza-se por largo movimento modular, definido por rede de malhas ogivais, obtida por elementos de inspiração fitomórfica, folhas, enrolamentos e gavinhas, em desenvolvimento vertical. No centro das malhas apresenta pinha ou flor de cardo, com dupla moldura vegetalista, e flor de lótus, relevadas por anelados de fios metálicos, dourados e prateados. Um traçado muito subtil, em «ferronerie», acompanha e contrafaz o traçado principal. Alguns motivos são preenchidos por recticuladomiúdo, prática que prograssivamente vai substituir os anelados metálicos. No tecido que forma o corpo da peça, o traçado poderoso sobressai na contenção monocromática, apenas realçada pelo fundo de seda iluminado pelo fio metalizado prateado. A presenta como motivo central a alcachofra, ou pinha, com moldura externa de folhas de acanto, inserida numa estrutura vertical, ampla, de elementos essencilamente fitomórficos, flores de corola singela, botões, folhas muito reocrtadas. Torna-se difícil a determinação exacte da origem de fabrico destes tecidos, dado que materiais e técnicas são simultaneamente utilizados em Espanha e Itália. Contudo o tecido dos sebastos é mais frequentemente atribuido a oficinas espanholas que conheceram grande desenvolvimento no século XV e XVI, ombreando com as iatalianas, sobretudo na produção de brocateis com anelados de fio metálico. A referência heráldica, repetida no frontal [nv. nº 2224], indica que se trata de obras de encomenda, destinadas a um lugar de culto específico. Segundo o consultor Artur Vaz-Osório da Nóbrega poderemos estar perante as armas de mercê nova concedidas a Gabriel Gonçalves, cavaleiro da casa de El-Rei, «cavaleiro de África». morador na cidade do Porto, onde foi almoxarife, e senhor da honra de Gominhães, em Vizela (?). Tais armas foram-lhe concedidas, a 11 de Outubro de 1475, por D. Afonso V, tendo sido registadas na Chancelaria deste monarca, no livro 30, a fl. 20 v. (cf. Armaria Portuguesa, por Anselmo Braamcamp Freire), e de cujo registo consta a descrição das armas, a qual se segue conforme as regras da Heráldica: De azul, com uma águia de duas cabeças de oiro, sustendo nas garras uma cabeça de Mouro de carnação, e um cordão de S. Francisco de sua cor, posto em orla (estando este cordão ausente na peça armoriada); e sem timbre, por este não constar das cartas de brasão de armas do século XV. Teresa Alarcão, Expo Henri burnay. De Banqueiro a Coleccionador. CMAG, 2003, p. 247 Indicações do inventário manuscrito (Tecidos 14) : "Entrada Geral 1 - pág. 177. Com etiqueta de proveniência. A sanefa está solta e tem o nº 223 do Catálogo".
  • Origem/Historial: Comprado no Leilão Burnay (301), em 1936. Reserva 2000-10-10
  • Incorporação: Leilão Burnay (301).
  • Centro de Fabrico: Espanha (?) Itália (?)

Bibliografia

  • ALARCÃO, TERESA, CARVALHO, José Alberto Seabra - Imagens em Paramentos Bordados. Lisboa: IPM, 1993
  • ALARCÃO, Teresa - Casula, in Henri Burnay De Banqueiro a Coleccionador. Lisboa: IPM/CMAG, 2003

Exposições

  • Henri Burnay: de Banqueiro a Coleccionador

    • Lisboa - Casa-Museu Anastácio Gonçalves
    • 27/11/2003 a 30/6/2004
    • Exposição Física

Obras relacionadas

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