Chocalho de xamã

• Museu: Museu Nacional de Etnologia
• Nº de Inventário: BB.519
• Super Categoria: Etnologia
• Categoria: Ritual
• Autor: Kaomo (-)
• Datação: Século 20
• Dimensões (cm): Alt. 31 x Diâm. 9,1
• Descrição: Chocalho de xamã de tipo globular, constituído por uma cabaça ovóide atravessada longitudinalmente por um cabo de secção circular em madeira. A cabaça é segura ao cabo com fios de algodão de cor castanha e vermelha, as pontas dos fios encontram-se pendentes. A extremidade superior da peça é provida de uma alça de fios de algodão. O interior da cabaça contém sementes de pequi, que constituem os elementos sonoros, na medida em que ao entrechocarem e ao baterem nas paredes internas do seu invólucro, produzem um som.
• Origem/Historial: Durante o exercício da cura e adivinhação o xamã recorre ao uso do tabaco, ao qual estão associados os poderes terapêuticos e de comunicação com o sobrenatural, o que lhe permite identificar o motivo da doença, contudo a musica está intimamente relacionada a alguns processos mais específicos de cura, assim em situações de doenças graves recorre-se ao uso dos chocalhos. Também "nas festas de apapaatai, a música tem o preponderante papel de concluir um ciclo de comunicação que se inicia de um modo restrito, que é a experiência visionária do yakapá e do doente. Esse processo de comunicação alarga-se com a festa, ao envolver o resto da comunidade (...) (A arte dos sonhos; 2002;234)". Deste modo, o chocalho é dotado de forte simbolismo devido à sua intervenção nos rituais e considerado um objecto de difícil aquisição. A raridade deste tipo de peça prende-se com o seu reduzido número, que de certa maneira surge associado ao reduzido número de xamãs e com as reservas que lhe são impostas devido à sua associação ao xamanismo. A classificação do instrumento, em relação ao tipo, referida na descrição da peça foi retirada do Dicionário do Artesanato Indígena de Berta Ribeiro (pp. 198/199). Nota informativa sobre a constituição da Colecção Wauja 2000: O projecto de constituição de uma colecção etnográfica entre os índios Wauja, um povo de língua Arawak, estabelecido unicamente nas proximidades da margem direita do rio Batovi, na região ocidental da bacia dos formadores do rio Xingu, no Estado de Mato Grosso, na Amazónia Meridional, foi desencadeado pelo MNE, conduzido no terreno pelo antropólogo Aristóteles Barcelos Neto e apoiado financeiramente pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, durante o ano de 2000. A formação desta colecção resultou da conjuntura particular da preparação da exposição Os Índios, Nós. Refira-se que nesta conjuntura aquela Comissão foi parceira financeira no projecto da exposição. A investigação no terreno ficou a cargo do antropólogo Aristóteles Barcelos Neto, uma vez que já tinha realizado trabalho de campo na aldeia Wauja do Alto Xingu, em 1998, a partir do qual elaborou a tese de mestrado Arte, estética e cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional (1999), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. Constituiu ainda, no mesmo território e entre o mesmo grupo, uma colecção etnográfica para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Bahia. Baseando-se na sua própria experiência e conhecimento da tribo elaborou um projecto para o MNE, intitulado Cultura material amazónica: sociologias e cosmologias nativas. O objectivo fulcral da investigação assentou na formação e documentação de uma colecção sistemática de artefactos, representativa da cultura material dos índios Wauja do Alto Xingu. A colecção, constituída por 578 peças, abrange todas as classes de artefactos excepto a plumária, devido às actuais leis brasileiras que proíbem a sua exportação.
• Incorporação: Anterior proprietário: Tuhu