Salva de pé alto

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 168
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Ourivesaria
• Autor: Autor desconhecido (Ourives)
• Datação: Século 17
• Técnica: Dourada, relevada e terminada a cinzel
• Dimensões (cm): Alt. 16,5 x Diâm. 30,8; (base) 12,9
• Descrição: Salva circular com base de perfil mistilíneo com molduração lisa e alteamento em dois registos: o primeiro, decorado por renque de acantos, e o segundo, ornamentado por faixas verticais de sucessão de semicírculos embricados, delimitadas por molduração igulamente vertical. Esta decoração é rematada por sucessão de anéis que fazem a ligação com o nó em forma de urna que exibe renque de folhas de acanto sobrepujado por friso de óvalos pouco relevados. O prato, de perfil plano, apresenta orla perlada delimitada pelo interior, por sucessão de anéis escalonados e superfície lisa côncava. A decoração do prato apresenta-se dividida em três registos, em jeito de cartela, delimitados, junto à aba, por friso composto por sucessão de crescentes ligados entre si por travessão: no primeiro, "Perseu montando Pégaso, vai libertar Andrómeda do monstro marinho que Neptuno suscitou para vingar as Neiredes"; no segundo, "Tisbé, tendo arrancado o dardo do coração de Píramo fere-se mortalmente", vendo-se ao fundo, a leoa que apareceu a Tisbé rasgando o véu que esta abandonou na fuga; e "Dionísio e Ariadne", no último. Os registos iconográficos surgem alternados por flor de liz sobrepujando motivo em escama. O medalhão central é demarcado por girassol.
• Origem/Historial: No estudo dedicado às coleções do paço episcopal de Lamego (RODRIGUES, 1908) é referido um par de salvas com pé, de que faz parte o presente exemplar, inserindo-o no tipo de pratas marteladas: "as duas magnificas salvas com pe typico "vermeil", salvas divididas em sectores onde avultam motivos mythologicos, referentes à historia de Diana, parecendo uma d'ellas referir-se à lenda de Andromeda. Esta, encostada ao rochedo, olha supplicante Persêo que assoma no horizonte sobre Pegaso impaciente. O relevo é primoroso e os contornos femininos são de uma esbelteza magnifica; a paysagem tratada em relevo baixo é de uma bella perspectiva. Não reputo inferiores estas taças que ainda recentemente Sua Magestade a Rainha segundo me consta, com o seu finissimo espírito de artista manifestou desejos de copiar, à maioria de trabalhos italianos d'aquelle genero da bella epocha de Cellini." (RODRIGUES, 1908, 24-25). O mesmo autor, inclui as duas salvas nas "Relações das pratas mais notaveis pertencentes à Mitra Episcopal de Lamego", extraída do inventário Geral do Paço: "Salva de prata dourada. Tem no centro uma flôr, e na restante superficie tres quadros com baixos-relevos de assumptos mythologicos. Seculo XVII".(RODRIGUES, 190, 28). Em 1940, são novamente referidas no "Cadastro dos bens do domínio público do Museu Regional de Lamego": "n.º 156: Duas salvas de pé, de prata dourada. O prato das duas salvas mantêm diversas cenas da mitologia, executadas admiravelmente. Sec. XVII. Pesam as duas 2 K. e 350 gr. 6.000$00".
• Incorporação: antigo Paço Epsicopal de Lamego