Algibeira

  • Museu: Museu Nacional de Etnologia
  • Nº de Inventário: AR.774
  • Super Categoria: Etnologia
  • Categoria: Traje
  • Autor: Autor desconhecido
  • Datação: Século 19/20
  • Dimensões (cm): Alt. 25 x Larg. 18
  • Descrição: Algibeira cordiforme, com corpo em tecido de estopa de cor branca, forrado, à frente, por quatro retalhos de tecido de lã. A orla superior é guarnecida com duas fitas de lã: uma de cor rosa e outra de cor verde. A cada extremidade da orla, está cosida uma fita de lã de cor rosa, cujas extremidades caem livremente. O restante perímetro da algibeira está debruado, na orla, com uma fita do mesmo estilo e cor. À frente, os retalhos de tecido de lã dispõem-se em bandas transversais: a primeira é de fundo de cor azul-escura, cortado por pequenas listas de cores: vermelho e laranja; a banda seguinte é de fundo de cor vermelha, cortado por finas listas de cor preta; a terceira banda é de cor preta e, por último, a quarta banda é semelhante à segunda. Na zona de junção entre a segunda e a terceira bandas, surge a base transversal de uma abertura triangular, cujo vértice superior se encontra na primeira banda. Cosido a esta base, e ao corpo da algibeira, está um forro triangular, simétrico à abertura, de fundo de cor vermelha cortado por finas listas de cor preta. Tanto a abertura como este forro estão guarnecidos, nas orlas, por uma fita de lã: na abertura, a fita é de cor rosa e apresenta, de espaço a espaço, pequenos botões redondos, em plástico de cor branca; no forro triangular, a fita é de cor amarela. No seu interior, a abertura apresenta uma divisória parcialmente visível, do mesmo tecido da algibeira, formando um duplo bolso. Tal divisória é forrada, em cima, por veludo de cor preta e é guarnecida, na orla, por uma fita de lã de cor rosa e, ao centro, por um botão redondo, em plástico de cor branca. O fundo da abertura é forrado a tecido de lã de cor vermelha.
  • Origem/Historial: Em 1947 Jorge Dias é convidado para coordenar o sector de Etnografia do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular (CEEP), chamando de imediato um conjunto de investigadores da sua confiança para com ele trabalhar nesse Centro - Margot Dias, Fernando Galhano, Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira. Estes investigadores estariam também na origem e desenvolvimento, alguns anos mais tarde, do projecto do Museu de Etnologia. Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) foi integrado formalmente em 1953 nos quadros do CEEP. Em 1965, Ernesto Veiga de Oliveira é nomeado subdirector do Museu de Etnologia do Ultramar, assim como do Centro de Estudos de Antropologia Cultural. Com a morte de Jorge Dias (1973), assume a direcção desses dois organismos até à sua aposentação em 1980. __ A esta data (Dezembro de 2009), o Museu Nacional de Etnologia possui no seu acervo 599 objectos da categoria "Vestuário e Adereços" da província do Minho, sendo que três deles se encontram ainda por localizar. Se, dentro da província do Minho, dividirmos o conjunto por distritos, encontramos uma grande incidência de recolha no distrito de Viana do Castelo em detrimento do de Braga. Assim, temos para Viana do Castelo 463 objectos recolhidos, e para Braga 125. O concelho mais representado destes dois distritos é o de Viana do Castelo, com 393 objectos. Neste, as freguesias mais representativas de recolha são: Outeiro, com 149 objectos, Perre, com 90 objectos e Meadela, com 80 objectos. A razão desta preferência assenta nas aquisições efectuadas aos dois principais intermediários da região: José de Passos Cavalheiro, de Meadela, e Rosa Rocha, de Perre. No distrito de Braga, a ênfase das recolhas foi dada às aldeias serranas. O concelho mais representativo é o de Caminha, com 23 objectos. Em termos temporais, o maior foco de recolha coincide com o subsídio atribuído à equipa do museu pela Fundação Calouste Gulbenkian, em meados dos anos 1960. Nesse mesmo período são também extremamente relevantes as recolhas feitas em nome individual por Ernesto Veiga de Oliveira. Nos finais dos anos 1970 são de mencionar as recolhas efectuadas com base no subsídio atribuído pela UNESCO. __ Rosa Rocha residia (?) em Perre. Os objectos a ela adquiridos eram provenientes dessa mesma freguesia e do Outeiro. Não há qualquer outra informação relativa a esta senhora, excepto uma pequena pista de Benjamim Pereira, que referiu lembrar-se de uma padeira de Perre, da qual não se lembrava do nome, a quem tinham adquirido muitos objectos.

Bibliografia

  • ATHAÍDE, Alfredo de - Trajo in A Arte Popular em Portugal, Vol.III. Lisboa: Ed. Verbo, [s.d]
  • BASTO, Cláudio - Traje à Vianesa. Gaia: Apolino, 1930
  • LAMAS, Maria - As mulheres do meu país. Lisboa: Actuális, 1948
  • MAGALHÃES, Manuel Maria Calvet de - Bordados e rendas de Portugal. Lisboa: Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1956
  • PEREIRA, Benjamin Enes - Traje popular. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia, 1977
  • PEREIRA, Benjamin Enes; Medeiros, António, Botelho, João Alpuim - Uma Imagem da Nação. O Traje à Vianesa. Viana do Castelo: Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2008
  • TEIXEIRA, Madalena Braz (*) - Trajes Míticos da Cultura Regional Portuguesa, Mythical Costumes of Portuguese Regional Culture. Lisboa: Electa, 1994

Obras relacionadas

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