Mesa de jogo (par)

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 351a
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1750/1775
• Dimensões (cm): Alt. 72,5 x Larg. 81,5 x Prof. 74
• Descrição: Tampo rectangular, duplo e articulado que se transforma numa superfície de forma quadrangular com cantos ressaltados e quatro concavidades ovais escavadas em concha na superfície de jogo. Aro liso, formado por frente e traseira rectas, ângulos igualmente ressaltados e ilhargas articuladas. Abrindo e fechando em X - em concertina-, estas suportam o tampo aberto, pois as peças que as formam são articuladas entre si e na ligação aos cantos do aro, possuíndo um dispositivo interno de travamento. Na frente do aro, apresenta pequena gaveta central com frente lisa. Quatro pernas galbadas, com joelhos recortados de saída brusca, decorados por cartela "rocaille" simétrica e perfil moldurado. Pés de cachimbo. Na gaveta, observa-se um pequeno puxador torneado. (Bastos, 1999)
• Origem/Historial: Na obra de Ince & Mayhew (inicialmente publicada em fascículos, tendo recebido a sua forma definitiva em 1762), figuram várias mesas de jogo, nas quais se propõem aros direitos ou aros em serpentina (os mais vulgares em Inglarterra e colónias), pernas galbadas ou pernas direitas e pés em voluta. Na estampa LII, a par dos desenhos para duas mesas de jogo, apresenta-se o esquema de uma gaveta no aro que se destinava a guardar as cartas e do mecanismo de articulação do aro: em concertina, como neste exemplar. Desenhadas especialmente para o jogo, estas mesas podiam ser facilmente arrumadas, perfilando-se ao longo das paredes como vulgares mesas de encostar. Essa característica era-lhes conferida pelo tampo, duplo e articulável, e pelo mecanismo em concertina do aro o qual, arrastando consigo as pernas traseiras, permitia suportar o tampo aberto, agora ampliado para o dobro da superfície. As quatro concavidades ovais, destinavam-se à colocação de fichas de jogo, servindo os cantos ressaltados dos tampos, por seu turno, para a colocação de castiçais ou outras formas de iluminação. Apesar de copiar protótipos ingleses de meados do século XVIII, também eles fabricados aos pares, esta mesa possuí um cunho português que lhe é conferido sobretudo pela forma dos pés (em cachimbo, quando as inglesas recorriam habitualmente à forma em garra e bola). No século XIX, e possivelmnete na centúria anterior, este exemplar decorava a sala de visitas do antigo Paço Episcopal. No inventário de 1821 são referidas "Quatro Mezas de pau preto com panos verdes, em meio uzo, avaliadas todas em dezanove mil e duzentos reis". Nelas se guardava, segundo esses documento um valioso conjunto de dados descrito como "Hum Jogo de dados=completo avaliado em seis mil e quatro centos reis", possivelmente um jogo de gamão, a julgar pelo elevado valor que lhe foi atribuído. Embora descritas como mesas de chá no inventário de 1826 -"Qautro Mezas de pau preto, quadradas para chá"-, a sua função é corretamente identificada em 1860, sendo descritas como "Quatro mezas de jogo de pau preto com pano verde e gavetas em bom uzo". (Bastos, 1999)
• Incorporação: Especificações Transferância Antigo do Antigo Paço Episcopal. Faria parte do espólio do bispo D. Manuel Vasconcelos Pereira de acordo com o documento "Inventário dos Bens do Ingresso do Exmº Rmº D. Manuel de Vasconcelos Pereira no Bispado de Miranda - Ano de 1771", Bispo de Lamego de 1773 - 1786.