Técnica: Talha e ensamblagem de elementos e pintura da madeira segundo a técnica do estofo e/ou da estampilha
Dimensões (cm): Alt. 99 x Larg. 59 x Prof. 24
Descrição: Caixa paralelepipédica de secção quadrangular, envidraçada na face principal e nas duas laterais e face posterior apainelada com pintura a imitar um tecido de flores aplicadas sobre fundo cien. A vidraça frontal esconde na moldura entalhada o orifício da chave, e as duas dobradiças funcionam na lateral direita, não sendo estes elementos visíveis, dada a profusão ornamental do entalhamento. Assenta sobre quatro pés entalhados e dourados colocados em chanfro.
Na face principal a porta de vidro tem moldura amovível com dobradiças à esquerda e uma fechadura axial no lado oposto; porta recortada superiormente desenhando um arco pleno ao centro seguido de dois segmentos contracurvados nos extremos; tem moldura em de filête duplo entalhada e dourada com folhagem aplicada nos quatro cantos e em torno da fechadura e no lado oposto a esta.
Quartelões entalhados e vasados fazem a união, nas esquinas da caixa, das faces envidraçadas; remate superior da caixa tripartido segundo três frontões triangulares, decorados com folhagem de acanto, auriculares e concheados; remata a face dianteira um medalhão oval encimado por laçaria com ramagens a ladear o fecho.
No interior, decoração polícroma e floral pintada de cor azul escura, vermelha e amarela sobre um fundo azul claro imitando um tecido.O interior do oratório tem como fundo a pintura de estofo em padrão florido, policromado e dourado, imitando um tecido caraterístico do século XVIII.
Alberga escultura de madeira representando Cristo Crucificado / nº de inv.º 308/B.
Origem/Historial: O oratório e o crucifixo que está no interior e que se regista em Domingos Maurício (1963:31) ter sido um Cristo Crucificado que anda ligado à tradição de ter pertencidoa Santa Joana, que o empunharia no momento da sua morte e que no mosteiro se levava às agonizantes na hora do passamento.
Origem e Historia da peça
A maquineta em talha dourada que apresentamos é uma peça frequente no século XVIII e evoluiu do modelo original de oratório concebido para encaixe a meio da parede, para a tipologia de peça completa e autónoma. Assenta sobre quatro pés entalhados e dourados colocados em chanfro, que dão autonomia e equilíbrio à peça, podendo funcionar sobre uma mesa ou móvel maior, e à altura precisa à pose de oração.
No interior tem uma imagem votiva, um Cristo em crucifixo atribuído ao uso privado de Santa Joana ( inv. 308/B), e por essa razão, situado na Cela da Princesa. Esta maquineta é posterior à data do Crucifixo, mas terá sido adequada proporcionalmente para a sua exibição.
De acordo com o Catálogo da Exposição de Arte Religiosa no Colégio de Santa Joana Princesa (referida como a peça nº 186), regista-se que a Cruz é muito posterior à imagem de Cristo, o qual apresenta anatomia filiforme e rígida.
Domingos Maurício refere-se a este Crucifixo no vol. II/1 da obra "O Mosteiro de Jesus de Aveiro", 1967 (pág. 31) do seguinte modo:
"Ao centro (da Cela de Santa Joana), num pequeno oratório, esteve um Cristo Crucificado, a que anda ligada a tradição de ter pertencido a Santa Joana, que o empunharia, no momento da morte, e que, no mosteiro, se levava às agonizantes, na hora do passamento."