A Família de Dario aos pés de Alexandre

  • Museu: Museu Nacional de Arte Antiga
  • Nº de Inventário: 63 Tap
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Têxteis
  • Autor: Autor não identificado (-)
  • Datação: Século 18
  • Técnica: Tapeçaria.
  • Dimensões (cm): Alt. 470 x Larg. 600
  • Descrição: Tapeçaria com a representação da família de Dario perante Alexandre o Grande, que surge secundado por Heféstio à entrada da tenda onde a suplicante família do imperador persa derrotado se aglomera. A cercadura é preenchida por grinaldas de flores, medalhões com panóplias e putti, mimetizando uma moldura de talha dourada. Na cercadura superior ao centro, possui um medalhão com o busto de Alexandre.
  • Origem/Historial: Transferência do Tribunal da Relação de Lisboa em 1915. Integra um conjunto de 6 panos alusivos à História de Alexandre (3 de grandes dimensões e 3 sobre-portas): A Batalha de Granico (62 Tap), A Família de Dario aos pés de Alexandre (63 Tap), Alexandre oferecendo a coroa a Roxana (64 tap) e 3 sobre-portas com paisagens (59, 60 e 61 tap). Originalmente este conjunto era formado por 43 panos: 12 que ilustravam cenas da História de Alexandre, e 18 sobre-portas com paisagens. O conjunto esteve disposto no edifício do Erário Régio, que posteriormente foi convertido em Tribunal da Relação de Lisboa (1751). “Em 1870, procedendo-se a obras no Tribunal da Relação, sob a direção do arquiteto Parente, foram removidas para um depósito as obras públicas – 9 dos panos grandes, foram então vendidos ao “bric-a-brac” Passos, com armazém no Passeio Publico por 200$00. As sobre-portas não se sabe o destino que tiveram. (…) O estofador Oliveira, que nessa data tinha o estabelecimento junto ao teatro do Gymnasio, foi o encarregado pelo arquiteto Parente de colocar os panos, nas salas do tribunal, e para os ajeitar no seu lugar, não exitou em os cortar e dobrar.” [ver Bibliografia, Mendonça, 1940]. No Tribunal apenas permaneceram nas paredes os panos que foram incorporados no MNAA. Entre 2 de janeiro e 22 de fevereiro de 1906, o conjunto foi alvo de intervenção coordenada pelo Dr. João Taborda de Magalhães, sob patrocínio do príncipe regente D. Luís Filipe [ver Bibliografia]. A série original de tapeçarias da História de Alexandre, em que se baseia a série do MNAA, era composta por 5 panos e foram tecidas a partir das pinturas que Charles Le Brun (1619-1690) executou para Luís XIV. As pinturas foram transpostas para cartões e foram tecidas pela Manufacture Royale des Gobelins entre os anos de 1680 e 1687. A série era composta pela Tenda de Dario (a primeira das pinturas a ser encomendada por Luís XIV em 1661), seguida da Batalha de Granico (ou passagem do Granico), A Batalha de Arbela, A Entrada triunfal na Babilónia e a Derrota de Porus, pintadas por Le Brun entre 1661 e 1668. A série de tremendas dimensões, visava glorificar Alexandre e o rei francês, associando-os pelas virtudes que ambos partilhavam. Na Manufacture foram realizados duas séries de cartões um para baixo liço e outro para alto liço; durante este processo a série foi ampliada de 5 panos para doze, com o acrescento de pequenas cenas que ladeavam os panos maiores. Entre 1664 e 1668 foram produzidas 4 séries de alto liço, e outras 4 de baixo liço, todas para a casa real francesa que as foi oferecendo como prendas diplomáticas. Posteriormente, numerosas séries foram tecidas em Aubusson, Oudenaarde e Bruxelas. Esta série do MNAA é muito semelhante à série da História de Alexandre que se encontra no Ightham Mote, Kent/National Trust. Apesar das tapeçarias do MNAA não possuírem atualmente marca de tapeceiro, existe o registo escrito de que continham a marca de Aubusson na cercadura inferior; estas cercaduras foram retiradas durante o restauro no início do século XX por se encontrarem muito degradadas. O MNAA possui dois conjuntos de tapeçarias baseadas nas pinturas de Le Brun: uma produzida em Bruxelas (35 a 37 Tap) e outra produzida em França (59 a 64 Tap). Os cartões enviados para Aubusson da História de Alexandre foram uma versão simplificada dos desenho de Le Brun sendo notória a variação entre a qualidade das tapeçarias inicialmente produzidas em Gobelins e as posteriores tecidas em Aubusson: o número de figuras diminuiu substancialmente e o detalhe das personagens e plano de fundo são associados às séries produzidas neste centro tapeceiro.
  • Incorporação: Transferência do Tribunal da Relação de Lisboa, 1915.
  • Centro de Fabrico: França, Manufacture Royale d'Aubusson.

Bibliografia

  • MENDONÇA, M. José de - «Conservação das Tapeçarias do Estado» in Boletim dos Museus Nacionais de Arte Antiga. Lisboa: MNAA, 1942
  • Taborda, João (1906). Os Pannos de Ráz do Tribunal da Relação, in Diário Ilustrado de 7 de março.
  • Taborda, João (1905). Os pannos da Arraz da Relação, in Diário Ilustrado de 22 de novembro.
  • MENDONÇA, Maria José de - Inventário de Tapeçarias Existentes em Museus e Palácios Nacionais. Lisboa: I.P.P.C., 1983
  • Powell, Catherine (2016). Charles Le Brun and the Replicas of The Triumphs of Alexander: extending a reputation through weaving and print. Cooper-Hewitt, National Design Museum and Parsons The New School for Design.

Exposições

  • Obras em Reserva. O museu que não se vê

    • Lisboa, MNAA
    • 18/5/2016 a 25/9/2016
    • Exposição Física

Multimédia

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