Descrição: Pintura a óleo sobre madeira de carvalho representando a Circuncisão, painel do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506).
Numa cena de interior, sob um altar marmoreado, parcialmente coberto por um rico pano de brocado que se prolonga da parede do fundo, representa-se o Menino Jesus, a toalha e a faca ensanguentadas. O Sacerdote e a Virgem Maria seguram o circuncidado, cujo rosto se orienta no sentido do espectador. São José e duas figuras femininas acompanham o acto.
O realismo minucioso, a que não é alheio à função pedagógica da imagem, assume especial expressão em diversos pormenores, como seja o osso que remata o bordão de São José, o friso de pedras preciosas do toucado de uma das figuras ou nas duas esculturas do fundo, cujo recorte lumínico traduz a natureza metálica da matéria.
A figura de São José, demasiado volumosa, parece resultar de uma tentativa de equilibrar a composição e da necessidade de preenchimento do espaço em virtude da dificuldade em sugerir o seu aprofundamento. É natural que uma gravura de o Mestre E. S. tenha inspirado a sua representação, cujo capuz em perfil assume uma forma caprichosa.
Origem/Historial: * Forma de Protecção: classificação;
Nível de classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
Incorporação: Transferência da Sala do Capítulo da Sé de Viseu, ao abrigo do Decreto 2: 284-C de 16 de Março de 1916, que cria o Museu de Grão Vasco.
Bibliografia
C. N. C. D. P. - Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento, Lisboa, 1992
Carta do Bispo D. Fernando Gonçalves de Miranda, Museu Grão Vasco, Viseu
MARKL, Dagoberto - História da Arte em Portugal, Lisboa, 1986
Roteiro do Museu Grão Vasco. Lisboa: IPM/ASA, 2004
SANTOS, Luis Reis - Vasco Fernandes e os Pintores de Viseu do século XVI. Lisboa: 1946